
A função pública atualmente, exige mais do que ações e atitudes. A imagem representa em silêncio mais do que as palavras proferidas. As redes sociais se transformaram num permanente e gigante BBB que tudo vê, grava e viraliza. Mas parece que boa parte da classe política não observou essa mudança na vigilância popular.
Não se trata de invasão de privacidade. Aliás, quem exerce função política, mandato eletivo, esqueça o que significa privacidade. Há alguns dias, vimos duas imagens que chamaram bastante a atenção: O presidente Bolsonaro vem à vontade, na beira de uma piscina, participando de um churrasco com a picanha de quase 2 mil reais o quilo. Vimos também o governador de São Paulo, João Dória, tomar sol numa área de lazer de um hotel de luxo no Rio.
Alguns podem dizer que eles têm direito de se divertir. É verdade. A função pública é altamente estressante e o camarada precisa relaxar um pouco para aguentar a pressão permanente que o cargo exige.
Porém, não estamos vivendo uma situação de normalidade no País. Estamos contabilizando mortos aos milhares. A contabilidade macabra da Covid-19 caminha para 500 mil mortes. Quase meio milhão de conterrâneos assassinados por um vírus invisível, que contou com a ‘ajuda’ da negligência e da incompetência de autoridades em todos os níveis.

Portanto, estamos diante de um funeral ininterrupto, contínuo. Não se faz festa em velório.
Daí você vê a imagem de um presidente da República, que deveria pelo menos aparentar solidariedade pública às famílias das vítimas, parece que nada está acontecendo no País que governa. É farra, churrasco, passeio. O governador do maior Estado do Brasil, que também contabiliza seus milhares de mortos, se bronzeando como se nada mais importasse do que ganhar uma cor na pele.
No caso da classe política, a questão da imagem é semelhante ao que aconteceu à mulher de César, que não precisava somente ser honesta. Precisava também parecer honesta. A imagem às vezes fala mais que palavras.
Nossos políticos precisam não somente sentir a dor de quem perde um familiar ou amigo para a Covid. Precisam parecer que sentem. E não é o que acontece atualmente. E nem se preocupam com isso.