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PRÉVIAS DO PSDB ACONTECEM EM CLIMA DE GUERRA APÓS TROCAS DE FARPAS ENTRE OS CANDIDATOS

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Foto: Luís Blanco

Após o fracasso das prévias do PSDB no último domingo, 21, os candidatos do partido ganharam novos motivos de divergência desde que os erros na votação foram identificados.

O primeiro deles se deu em relação ao momento em que as prévias deveriam ser retomadas. De um lado, João Doria e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio – que formaram dobradinha contra o gaúcho nos últimos dias – defendiam que o pleito fosse adiado por uma semana e, com isso, realizado no dia 28.

Já Eduardo Leite queria que o processo fosse retomado o mais rapidamente possível, ainda durante a semana. Enquanto a sigla tentava escolher uma plataforma capaz de suportar a votação, Leite subiu o tom contra Doria ao chamar o governador paulista de autoritário e “dono do partido”.

Na última quinta, 25, a campanha de Leite divulgou um vídeo no qual ele afirma que era favorito para vencer as prévias no dia 21. Citando relatório da consultoria Eurásia, disse que, “se não fosse a interrupção da votação, por ataque ou por outro motivo,” ele já estaria falando como pré-candidato à Presidência da República. “Qualquer adiamento só interessa aos nossos adversários”, disparou.

Desconfiança

Outra razão para trocas de acusações foi a suspeita de um ataque hacker no sistema de votação desenvolvido pela Faurgs. Há semanas, a campanha de Doria levantava dúvidas sobre a segurança do aplicativo desenvolvido para as prévias.

Depois, um relatório da empresa de consultoria Kryptus, contratada pelo PSDB, mostrou que havia brechas no software que permitiriam invasões. Outro motivo de críticas de aliados do paulista é que a fundação teria relação com Leite, também gaúcho.

Leite negou e esclareceu que a Faurgs não fica em Pelotas. “É uma mentira, mais uma mentira que vem sendo apresentada nestas prévias, entre tantas de que temos sido vítimas”, frisou.

No dia da votação, dos 44,7 mil filiados cadastrados para votar, apenas cerca de 3 mil conseguiram. Aqueles que estavam fora de Brasília deveriam votar pelo aplicativo da Faurgs, que apresentou instabilidade e não foi capaz de computar os votos.

Ataque hacker

Até agora, a fundação não detalhou o motivo da falha, mas, na última quarta-feira (24/11), apontou possível ataque hacker ao sistema, pois verificou um congestionamento de acessos incompatível com o número de eleitores cadastrados. As despesas com a ferramenta foram de R$ 1,3 milhão, custeadas com recursos públicos do Fundo Partidário.

Leite, inicialmente, mostrou-se contrário à troca de app por tecnologia desenvolvida por uma empresa, por entender que isso demandaria muito tempo e não seria possível realizar todos os testes em poucos dias, além de fazer as prévias perderem a “credibilidade”.

Ainda no domingo, dia em que as prévias deveriam ter sido concluídas, Doria e Virgílio acusaram Leite de ter posições dúbias, de sugerir que as prévias fossem realizadas só em 2022 e de que a votação se estendesse ao longo da semana.

“É preciso ter uma única palavra e uma única atitude, não é razoável ter uma atitude, 10 minutos depois, outra, meia hora depois, outra”, criticou Doria. Já Virgílio acusou: “Ele fala em perto do Carnaval fazer as prévias, o que significa não fazer as prévias, significa levar para uma convenção ordinária”.

O gaúcho afirmou que não era verdade essa acusação, até porque ele exigia a conclusão do processo eleitoral interno mais rapidamente que os adversários. “Não é verdade que queiramos adiar esse processo para 2022, como estão querendo fazer crer nossos adversários”, assinalou. “É uma sucessão de mentiras que estão sendo colocadas como se nós quiséssemos tumultuar esse processo.”

“Eles que querem adiamento até domingo. Nós queremos que rapidamente se resolva do ponto de vista técnico e imediatamente se reabra o processo de votação”, afirmou Leite.

Na última sexta-feira, 26, a campanha de Doria divulgou uma pesquisa de sondagem eleitoral na qual apostava em uma vitória folgada, com 61,39% dos votos, contra 36,77% do mandatário do Rio Grande do Sul.

Crise

A não conclusão das prévias no momento previsto também gerou crise de imagem para o PSDB, que se gabava há meses de ser o primeiro partido a realizar um pleito interno para definir seu presidenciável, em vez de deixar a decisão apenas para a cúpula, como fazem as outras legendas no país.

No âmbito interno, expôs a rivalidade entre seus membros – a promessa de que seria uma campanha cordial não vingou, e os ataques ficaram cada vez mais explícitos, envolvendo acusações de fraude, ameaças de processo judicial e até caso de polícia.

Para o público externo, o PSDB também não se saiu bem, pois ficou a imagem de que a legenda fracassou em seu próprio processo de escolha, que sairá rachado para as eleições de 2022, além de ter gerado desgaste para a gestão de Bruno Araújo na direção nacional.

Por Metrópoles


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