ESCOLA DE BALLET MUNICIPAL CELEBRA 50 ANOS INSPIRANDO SONHOS NA DANÇA
O ballet é uma das formas de dança mais elegantes e técnicas, com uma história rica que remonta ao Renascimento europeu. Há meio século, em março de 1974, a Escola Municipal de Ballet Professor Roosevelt Pimenta inaugurou suas portas em Natal, trazendo consigo um sonho de arte, disciplina e beleza. Desde então, a escola se consolidou como um verdadeiro farol cultural e de formação artística, moldando gerações de bailarinos e bailarinas com dedicação e paixão.
Desde a sua fundação, ao longo de 50 anos, se estima que aproximadamente passaram entre 70 mil e 100 mil pessoas pelo Ballet municipal, chegando a 600 alunos por ano, no período que Roosevelt Pimenta foi diretor da escola. Nos últimos 10 anos, estima-se que passaram em média 15 mil alunos.
ALÉM DO ENTRETENIMENTO
Diretor da Escola de Ballet Municipal, Dimas Carlos afirma que o ballet – assim como as outras formas de expressões artísticas – sofre da desvalorização por parte da sociedade, : “Porque nos colocam sempre, todo o tempo como entretenimento e não é, a gente estuda, ensaia muito. Hoje nós temos muitas ferramentas que nos fazem entender melhor ainda o nosso corpo, exercícios de acordo com o perfil que foram construídos e que hoje são necessários. Então não é de graça e não é divertimento, é estudo”.
A escola oferece aulas gratuitas para pessoas de 5 a 35 anos, promovendo a participação de seus alunos em festivais de dança e outras apresentações culturais na cidade. As aulas são realizadas nos turnos matutino e vespertino, nas dependências da Fundação Capitania das Artes, na Ribeira.
50 ANOS DO BALLET MUNICIPAL
Ao longo desses 50 anos, a escola foi conduzida por diretores visionários que deixaram suas marcas. Desde os primeiros passos sob a liderança do professor Roosevelt Pimenta, cujo legado ainda inspira, até a atual direção do professor Dimas Carlos, cada líder trouxe uma nova perspectiva e energia, enriquecendo a história da instituição.
O coordenador pedagógico, Fábio Matheus, expressa seu orgulho em trabalhar com uma equipe comprometida com o ensino do ballet clássico, à medida que destaca as inovações que trouxe no ensino da escola: “A implementação do método russo/Vaganova, que introduzi aqui no Rio Grande do Norte, foi um marco significativo. Este método, conhecido por sua precisão técnica e expressividade artística, tem sido fundamental para elevar o nível de nossos alunos, preparando-os para os desafios do mundo da dança”.
Para celebrar os 50 anos da Escola Municipal de Ballet, toda a equipe está organizando um grandioso espetáculo que acontecerá em novembro. Este evento especial promete honrar a rica história e o talento desenvolvido ao longo de meio século de dedicação à arte da dança em Natal.
“Celebrar esses 50 anos é celebrar cada aluno, cada professor e cada momento que contribuiu para essa jornada extraordinária. Que venham muitos mais anos de dança, arte e inspiração”, declara Fábio.
DESPEDIDA
No ano em que o Ballet Municipal completa 50 anos, a comemoração desse marco também representará o fim de um ciclo na carreira do diretor Dimas Carlos, que deixará a direção da escola. “Estou criando um espetáculo para a comemoração, mas não quero mais voltar. Nesses 11 anos que estou aqui, eu dei o que eu tinha que dar de presente para quem me fez o profissional que sou, porque comecei aqui, então vim colaborar, vim me doar e eu vim guerrear” afirma o diretor acrescentando: “É um chamamento, acho que a minha saída eu estou chamando as pessoas a rever o processo de educação artística como algo que transforma, não como algo que você bota na sua parede como se fosse um quadro de Renoir”.
ROOSEVELT PIMENTA
“Multicultural” é, sem dúvida, a expressão que mais se adequa a Roosevelt Pimenta, fundador do Ballet Municipal de Natal, que atualmente leva seu nome como uma forma de homenagem.
Roosevelt foi bailarino da TV Tupi, trabalhou no Circo Tihany, fez dança, teatro, tocava piano e posteriormente se tornou o ícone emblemático da dança em Natal.
Em 1961, Roosevelt Pimenta começou a estudar ballet com Edith Vasconcelos, na Escola Oficial de Ballet de Natal, mas enfrentou resistência de mães de alunas, interrompendo suas aulas. Em 1964, a professora portuguesa Noemia Ferraz ofereceu-lhe aulas privadas, o que o incentivou a seguir na dança. Após ensinar ballet em São Luís do Maranhão, em 1974, Roosevelt foi convidado para se juntar ao Stagium (em São Paulo), um grupo conhecido por inovar o ballet clássico e abordar temas sociais e políticos. Mas ao passar por Natal para visitar a mãe, acabou mudando de planos diante de um outro desafio: fundou o Ballet Municipal de Natal, após convite de Jesiel Figueiredo, Jobel Costa e Olindina Gomes, então Secretária de Educação e Cultura. Pimenta, com vasta experiência em dança, foi crucial para o início do movimento de dança na cidade. A escola foi formalmente instituída pelo decreto Municipal N° 1796, em 1976, e inicialmente atendia principalmente a elite local.
“Ele [Roosevelt] foi o primeiro diretor, o primeiro maître, é a pessoa que dá sustentabilidade por mais de 10 anos a essa escola, e também que lança muita gente para fora. Eu sou um deles, sou dos anos 70”, declara Dimas Carlos.