O nome é complicado: Kappaphycus alvarezii. Trata-se de um musgo marinho chifre-de-alce, uma espécie de alga vermelha. Varia em tamanho, peso e idade. Possui um tom marrom-esverdeado escuro e às vezes pode ser roxo profundo, com formato cilíndrico. Porém, o mais complicado não é falar o nome, difícil mesmo é conseguir a licença ambiental para sua exploração. No Rio Grande do Norte, que possui potencial milionário, a espera dessa liberação já dura mais de 3 anos.
A Kappaphycus alvarezii é uma macroalga exótica, originária das Filipinas, que é usada comercialmente por ter grande importância para diversos setores da economia. Na agricultura, pode ser usada como bioinsumo, dando mais qualidade ao solo e resistência vegetal a doenças.
Na pecuária, serve como alimentação animal, melhorando o desempenho e a saúde dos bichos.
Na indústria, a alga é fonte rica em compostos com propriedades espessantes, gelificantes e emulsificantes. E pode ser utilizada em diversos produtos, inclusive farmacêuticos e cosméticos.
Por fim, é altamente sustentável, pois contribui para a fixação de carbono, auxiliando na mitigação das mudanças climáticas e também na reconstrução de ambientes marinhos.
E onde este tipo de alga se reproduz? Em águas rasas, claras e limpas, com altos níveis de iluminação, temperaturas que variam entre 20 e 32 graus e salinidade superior a 30 partes por mil, ou seja, condições encontradas na costa potiguar. O problema, até então, é a liberação para o cultivo. No Brasil, isso só é possível por meio de instrução normativa do IBAMA. Atualmente, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo possuem produções já liberadas pelo órgão.
“Isso pode se tornar um negócio gigante”, diz Secretário de Agricultura
“Hoje, mundialmente cultivada, a alga Kappaphycus alvarezii tem vários benefícios ambientais, porque tem uma capacidade de crescimento gigante. E com essa capacidade de crescimento, ela consegue captar o CO2 (dióxido de carbono) que está na água, nas águas oceânicas, e transformar em uma alga que tem um altíssimo teor de potássio. A ideia é essa, é aproveitar esse crescimento e iniciar essa exploração aqui no estado do Rio Grande do Norte. Assim, atrairíamos empresas que atuam nesse segmento de adubos biológicos, empresas que aproveitassem essas algas para produzir adubo à base de potássio, para ser utilizado na agricultura”, acrescentou o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Saldanha.
Ainda de acordo com Guilherme, o que falta para o RN se aproveitar dessa potencialidade é a autorização ambiental. “Nesse caso específico, é o IBAMA. A gente já está tratando disso há mais de três anos”, confirmou.
“Temos um grupo de trabalho, junto com o Governo do Estado, Secretaria da Agricultura, Emparn, EMATER, IDEMA, IGARN, UFRN, Escola Agrícola de Jundiaí, e com o próprio IBAMA, onde discutimos para ver se a gente consegue acelerar e concluir esse processo da autorização. E aí poderemos entrar com a pesquisa de campo, ver os potenciais que essa alga tem de crescimento, provar que ela respeita todas as diretrizes ambientais, e aí começar uma exploração comercial”, destacou Guilherme.
“Olha, isso pode se tornar um negócio gigante, gigante mesmo, algo que possa movimentar a casa dos milhões de reais, de dezenas de milhões de reais na produção de adubos orgânicos à base de potássio”, reforçou o secretário da Agricultura.
IBAMA faz reunião e promete retomar discussão Ao Diário do RN, o superintendente do IBAMA no RN, professor Rivaldo Fernandes, prometeu retomar as discussões. “Hoje fizemos uma reunião para tratar disso. Vamos retomar”, prometeu.
Natal tem jornada para discutir estratégias de implementação do cultivo da Kappaphyccus
Natal está sediando, até o dia 4 de outubro, a “2ª Jornada Norte-Rio-Grandense pró Kappaphyccus”. O evento é uma iniciativa conjunta da Secretaria da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN (SAPE), da Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura do Estado do Rio Grande do Norte (SFPARN) e da Sociedade Brasileira de Ficologia (SBFic). O objetivo é definir os parâmetros logísticos a serem adotados como estratégia na implementação dos processos operacionais envolvidos numa possível cadeia produtiva das macroalgas no estado.
A 2ª JRNpK integrará também as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão desenvolvidas pelo setor de Aquicultura da Escola Agrícola de Jundiaí-EAJ-UFRN, respectivamente, vinculadas ao PRONATEC, ao PRODEMA e ao Projeto “Maricultura de Macroalgas: Tecnologia Social e Organização de Grupos Produtivos no Rio Grande do Norte”.
A programação conta com apresentações orais, debates, oficinas de trabalho e visitas técnicas às localidades litorâneas que possuem as melhores condições socioambientais para executar o cultivo comercial da K.alvarezii, de forma sustentável.
As visitas técnicas ocorrerão de 01 a 03 de outubro, abrangendo localidades praianas nos municípios de Caiçara do Norte, Extremoz, Macau, Maxaranguape e Rio do Fogo.
O empate entre Carlos Eduardo (PSD) e Paulinho Freire (UB), apontado pela pesquisa Datavero/98 FM, é refletido também nas zonas da cidade. Antes liderando em três das quatro áreas de Natal, Carlos Eduardo agora perde a zona Oeste, que passa a ter Paulinho Freire na liderança.
Em toda a Natal, a pesquisa DataVero/98 FM, divulgada pelo Diário do RN nesta terça-feira, 24, traz Carlos Eduardo com 31,90% de intenções de votos; Paulinho Freire com 30,60%; Natália Bonavides (PT) foi citada por 16,70%; Rafael Motta, 3,80%; Heró Bezerra (PRTB), 0,20%; e Nando Poeta (PSTU), 0,20%. Não sabem ou não responderam 3,40% e responderam ‘nenhum’, 13,20%.
Separando por zonas, na parte Leste, reduto eleitoral de Carlos Eduardo, ele tem 45,51% das intenções de votos, enquanto o adversário Paulinho Freire tem 25,75%, diferença de quase 20 pontos. Lá, Natália Bonavides (PT) tem 13,77%.
Na zona Norte, área mais populosa de Natal, a diferença entre os dois candidatos é menor: Carlos Eduardo tem 34,65% e Paulinho Freire 26,14%. Já Natália Bonavides chega a 17,02% e Rafael Motta aparece com 5,17%.
Por outro lado, na Zona Sul, Paulinho segue na liderança e a candidata do PT em segundo na preferência dos eleitores. Na área, Paulinho tem 34,66%, Natália 20,32% e Carlos Eduardo 19,92%.
Na zona Oeste, Paulinho ultrapassou Carlos Eduardo em relação às sondagens anteriores e apresenta agora 35,57%; Carlos Eduardo 31,23% e Natália Bonavides 14,62%.
Bairros de Natal Entre os bairros com citações mais representativas, na Praia do Meio, Carlos Eduardo foi o único citado, com 100% da preferência do eleitorado entrevistado.
Na Ribeira, o ex-prefeito foi também único lembrado, por 66,67%, ante 33,33% de indecisos. Em Areia Preta, o ex-prefeito apresenta uma das maiores vantagens. Carlos Eduardo tem 75%, enquanto Natália Bonavides aparece com 25%. Os demais não foram citados no bairro.
Já no Barro Vermelho, quem lidera é Paulinho, com 66,67%; e Carlos Eduardo tem 25%.
Em Mãe Luiza, a liderança é de Carlos Eduardo, com 63,16%, enquanto Paulinho apresenta 10,53% e Natália Bonavides 5,26%. O bairro mostra um dos maiores índices de indecisos, com 15,79%.
Já no Tirol, Paulinho Freire tem 32,14%, Natália Bonavides 28,57% e Carlos Eduardo fica em 3º, com 25%.
Dos sete bairros da zona Norte, Carlos Eduardo lidera em quatro, Igapó, Lagoa Azul, Nossa Senhora da Apresentação e Pajuçara. Paulinho Freire lidera em três, Potengi, Redinha e Salinas. No Salinas, Paulinho Freire é o único citado, por 50% dos entrevistados. Na Redinha, o candidato do União Brasil tem 30%, Natália Bonavides e Carlos Eduardo, 15%, cada um.
A maior distância entre os candidatos na zona Norte está no Nossa Senhora da Apresentação. Lá, Carlos Eduardo tem 47,44%, Natália Bonavides 21,79% e Paulinho Freire 17,95%.
Na zona Oeste, o Bom Pastor escolhe Paulinho freire por 68%; Natália Bonavides tem 16% e Carlos Eduardo 12%.
Em Cidade Nova, Paulinho tem 50% e Carlos Eduardo 18,75%. Já Natália aparece com 6,25%.
Em Cidade da Esperança, a liderança é de Carlos Eduardo, com 40%, enquanto Paulinho tem, 23,33% e Natália 13%. No bairro, Rafael Motta aparece com 10%.
No bairro Nordeste, Paulinho Freire tem 54,55%. Carlos Eduardo e Rafael Motta 18,18%.
Já Neópolis, na zona Sul, é o único bairro em que Natália Bonavides está na liderança, com 26,19%. Lá, Paulinho Freire tem 23,81%; Carlos Eduardo 16,67% e Rafael Motta 7,14%.
Em Ponta Negra, Carlos Eduardo e Paulinho Freire estão empatados, com 27,03%, cada. Natália Bonavides tem 24,32%.
Em Nova Descoberta, Paulinho fica à frente com 43,33%. Carlos Eduardo tem 13,33% e Natália Bonavides 10%.
Em Candelária, Paulinho tem 53,85%; Carlos Eduardo 23,08% e Natália 3,85%.
A pesquisa DataVero/98 FM ouviu 1.000 pessoas nos dias 21 e 22 de setembro de 2024. A margem de erro é de 3% e o nível de confiança, 95%. Está registrada no TSE sob o número RN-09969/2024.
Poeta, cientista social, trabalhador da construção civil, fundador do PT em Natal e do PSTU, o candidato a prefeito da capital coloca seu nome à disputa pelo “vínculo com a luta da classe trabalhadora”. Militante da esquerda, Nando Poeta é um dos críticos dos governos do PT e das escolhas do partido em sua trajetória, que, segundo ele, sustenta a política do capital.
Além disso, condena a direita e o espaço à iniciativa privada e grandes empresários, reprovando as propostas das demais candidaturas apresentadas ao Executivo natalenses. O candidato que apresenta chapa puro-sangue com o estudante Tiago Silva (PSTU) como candidato a vice-prefeito, esclarece a visão do partido e apresenta as propostas para os principais gargalos na administração pública natalenses. Leia a sabatina realizada pelo Diário do RN.
Diário do RN – Quem é Nando Poeta? Nando Poeta – Eu sou filho de paraibano, meus pais vieram para cá em busca de trabalho na década de 50, nasci em 1962, tenho 61, pertinho do 62. Desde cedo, fiz edificação, metalurgia, depois mudei. Fui trabalhar na construção civil, trabalhei na construção dos conjuntos habitacionais que era justamente uma intenção de garantir que a população tivesse abrigo em Natal. Entrei na militância na construção do PT entre 1981 e 1982. Fui um dos fundadores aqui, desde o início do PT, junto com minha irmã que foi embora pra São Paulo, e depois disso eu entrei na universidade, comecei a fazer ciências sociais, participei da ocupação da Reitoria de 1984. Em seguida, entrei no Estado, nesse mesmo ano fui trabalhar numa escola lá em Nova Natal, inclusive no mesmo local onde eu ajudei a construir o conjunto. Fui ensinar na época as disciplinas que a ditadura impôs no currículo, que foi OSPB, Educação Moral e Cívica. E aí fui para o movimento sindical, entrei no Sindicato dos Trabalhadores da educação fui diretor durante três gestões, fui da CUT, depois em 1992 fomos expulsos do PT, porque a gente queria o Fora Collor e o PT na época não queria. Desautorizou os militantes a fazer a campanha do fora Collor, inclusive no Congresso em 1991, eles desautorizaram os militantes a fazerem a campanha e em seguida fomos expulsos, em maio de noventa e dois. O PT só foi decidir pelo fora Collor em julho de 1992.
É tanto que a campanha ficou conhecida como Os Caras Pintadas, porque a juventude que era na época dirigida pelo PCdoB na UNE, fez a campanha, mas o PT da CUT não fez, mas mesmo assim a gente rompeu com esse silêncio e continuamos a campanha. Logo em seguida e com todos aqueles que foram expulsos discutimos a necessidade de construir um novo partido. Em 1994, fundamos o PSTU. E estamos até hoje.
Diário do RN – Quais as principais propostas e a motivação da sua candidatura? Nando Poeta – A motivação da nossa candidatura do Partido Socialista era justamente buscar num processo eleitoral apresentar uma proposta distinta do que está aí, porque o que a gente percebe que nas eleições tem se repetido determinadas alianças, propostas que são levantadas durante a campanha e que não são realizadas, são abandonadas, são esquecidas e a gente achou que o PSTU, por ter essa esse vínculo com a luta da classe trabalhadora e socialista e não ter abandonado essa caminhada, achávamos que era importante que nessas eleições, inclusive aqui, tivesse a nossa candidatura, do PSTU.
Diário do RN – Como é que você avalia a imagem que se tem da esquerda? Muita coisa projetada é que a esquerda é defensora do aborto, da legalização de drogas, da invasão de terras, invasão de propriedade. Isso é verdade ou há uma distorção na imagem que as pessoas têm da esquerda? Nando Poeta – Primeiro, a imagem que distorce a esquerda foi o fato de muitos setores da esquerda terem chegado ao poder e ao chegar ao poder se distanciaram do programa que defendia, das ideias que defendíamos. O PT, ao chegar ao poder, virou uma situação. Nós estamos acompanhando agora o debate do arcabouço fiscal, que foi aprovado a mando do governo Lula no Congresso Nacional. Uma proposta que limitou inclusive os recursos pra serem investidos nas políticas sociais. Então, essa política aí levou a esquerda a ficar mal visto e se distanciando da sua base original que deu sustentação. Termina manchando o papel que a esquerda histórica tem de defender intransigentemente o interesse da classe trabalhadora.
Diário do RN – Natália é esquerda? Nando Poeta – Hoje a gente diz que o PT é um partido que se distanciou da esquerda. É um gestor do capitalismo, aplica a política do capital. Vocês viram aí na câmara as mesmas propostas defendidas por partidos de direita, são defendidas pelo PT. O debate das creches. Todos eles defendem a compra de vaga. E já é uma proposta que veio de Lula comprar vaga nas universidades privadas. Então, se confunde muito hoje.
Diário do RN – Nós estamos aí com candidaturas claramente definidas. Paulinho e o União Brasil você coloca como centro, mais centro direita; Carlos Eduardo pra centro, centro esquerda; Natália, esquerda; Rafael também se coloca às vezes como centro-esquerda, mas já esteve no governo da direita. Qual é a diferença de Nando Poeta? Nando Poeta – A gente vê que todas essas candidaturas estão dentro do mesmo ciclo. O União Brasil está dentro do Governo Federal, tem três ministérios. Você vê o partido de Carlos Eduardo, também dentro desse mesmo arco e viu que foi o candidato a senado do PT na eleição passada e na anterior tinha sido de Bolsonaro. O PT tem o vice do PV, o PV governou Natal. Então, a gente vê que é um círculo entre eles. E a maioria deles são parlamentares. No caso, Carlos Eduardo é ex-prefeito. Então nós somos a única candidatura que está fora desse arco. Porque a gente quer estar. Porque fomos procurados. A própria Natália no ato da candidatura procurou para ver a possibilidade de conversar. Nós não temos o que conversar.
Nando Poeta defende redução do salário do prefeito, secretários e vereadores
Candidato do PSTU afirma que limite prudencial em Natal é “uma farsa”, que impede direitos e reajuste de servidores
Diário do RN – A propaganda eleitoral de Paulinho Freire está dizendo que Carlos Eduardo é o plano B do PT e aí cita a contextualização disso. Você concorda? Nando Poeta – Eu estou vendo muitos ataques no guia eleitoral, inclusive afirmações desse tipo. O questionamento a Carlos Eduardo eu fico lembrando, mas Paulinho Freire foi seis vezes presidente da Câmara. Provavelmente passou por governo de Carlos Eduardo e deu suporte a Carlos Eduardo, porque geralmente os presidentes das câmaras estão bem abraçados, são aliados ao prefeito. Aqui não foi diferente. Então eu acho que é um plano do PT também, porque se fizer Carlos Eduardo e Paulinho Freire provavelmente o PT vai abraçar o seu ex-senador da campanha passada.
Diário do RN – Qual a solução do seu partido com relação a esse setor de transporte? Diário do RN – O transporte, nós discutimos a necessidade de construir uma empresa pública de transporte, estatizar. E interligar toda a mobilidade com trem, exigir do governo federal aumento da malha ferroviária, exigir do governo federal descruze os braços. Então, construir esse polo, incentivar e investir na construção de novos transportes, aí estavam escutando a rádio logo cedo e uma das reclamações grandes é justamente que a qualidade do transporte é péssima em Natal. No Brasil inteiro, mas em Natal a situação é pior.
Diário do RN – Por que você acha que nesses 30 anos nenhum prefeito conseguiu fazer a licitação? Nando Poeta – Porque deixou tudo na mão dos empresários, apesar de ser a concessão pública, você deixou na mão dos empresários. É igual colocar uma raposa dentro de um galinheiro, a gente sabe o que vai acontecer.
Diário do RN – Mas a licitação iria legalizar a presença dos empresários do setor de transporte, por que ela nunca acontece? Nando Poeta – Os empresários tiveram uma licitação, deu deserta, não aceitou. Eu acho que às vezes a gente tem que estar atento pelo fato desse setor não ter o controle do município, deixou muito na mão do Seturn, que a gente disse que é uma máfia, uma máfia do transporte aqui dentro de Natal, como na maioria do Brasil. Nós temos hoje várias empresas que são devedoras do município. São devedoras inclusive do Estado. São mais de 160 milhões, só no município, são 49 milhões. Como é que essas empresas vão participar de uma licitação? Pode? É possível que essas empresas que são devedoras participem? Com certeza vão ter o direito de participar. Então, tinha que mudar tudo isso.
Diário do RN – Um assunto que foi tema de muita discussão e alguns já deram até a solução. Qual é a solução de Nando Poeta para a falta de vagas nas creches? Nando Poeta – Como eu falei, dinheiro público na rede pública. A primeira coisa seria justamente ampliar os que já existem, dando mais condições, construir novos, vendo e percebendo quais regiões tem a carência maior. Não pode ficar nessa situação que está e não vai resolver a compra de vagas, como não resolveu no Brasil inteiro. Está aí a maior parte da população fora das universidades e com compra de vagas.
Diário do RN – O senhor concorda com a parceria público privada para resolver a falta de vagas nas creches? Nando Poeta – Não resolve, que é uma forma de privatização que foi criada por Lula em 2004, faz 20 anos agora e não resolve o problema da prestação, está aí o mercado da Redinha, está aqui o Sandoval, que são prédios que se investiu dinheiro público, preparou todo o terreno depois você entrega de mão beijada, como as rodovias, como os aeroportos, todos têm essa política pública e privada e não resolve o problema.
Diário do RN – O PSTU tem de certa forma certos conflitos com a iniciativa privada. O turismo ele é a mola mestra da economia de Natal, considerado a indústria sem chaminé. Como estimular, incentivar o turismo, sendo que os parceiros todos desse universo turístico são parceiros privados? Nando Poeta – Sobre a iniciativa privada, para a gente ter, por exemplo, a gente vê que 83% de CNPJs são de empresas de que tem de zero a 09 trabalhadores pequenos proprietários. Um governo como o nosso não acaba esses pequenos proprietários, esses pequenos comércios e iniciativas, elas existem. O que precisa, inclusive, é ter políticas para incentivo que não têm hoje.
Você praticamente não tem isenção. Não tem subsídio. Tem, por exemplo, uma empresa têxtil que domina, que tem três que estão nas listas mais ricos do Brasil, mas tem subsídio para empresas como essa, ou empresa de construção civil, umas dez mais ricas em Natal, tem subsídios. Ou empresa de combustível onde tem um potiguar que é um dos donos que é um dos mais ricos do Brasil, existe facilidade para esses tipos de empresa. O pequeno não tem. Então, nós vamos olhar para a questão do turismo como a mesma coisa, você vê quem potencializa o turismo hoje. São pequenos negócios. A grande maioria são pequenos negócios.
Nando Poeta – Como é que está hoje a relação de folha salarial com receita em relação a prefeitura de Natal? Diário do RN – Olha em 2023 eles dizem muito que chegou o limite prudencial, mas não chegou. É uma farsa. Um estudo que a gente fez mostra que eles atingiram 43% e limite de alerta é 48%. O limite prudencial é 51%. Limite o limite máximo é 54%. Então, está muito longe do que eles disseram que estava ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Então, tinha uma margem muito grande para dar um aumento do funcionário, para garantir o piso da enfermagem, para garantir o piso dos profissionais da educação, que não foi respeitado, então, não teria uma mágica.
Diário do RN – Com Nando Poeta prefeito, os servidores teriam um aumento salarial logo de cara? Nando Poeta – Em relação ao salário, ia mudar muito. Nós estamos defendendo inclusive a redução de salário dos políticos. Aqueles que ganham muito. Do prefeito, os secretários, os vereadores, que têm salário muito acima da média de que um trabalhador deveria ganhar. Então, é uma primeira iniciativa que a gente faria e evidentemente é movimentando os planos de carreira dessa categoria. Se você movimenta os planos de carreira da categoria, por exemplo, um professor que tem uma média de 4 mil reais no município, se tivesse o plano de carreira sendo aplicado e reajuste vamos dizer que chega aos dez, pela progressão. Só que não são aplicados, isso é aqui é no Estado e em nível federal, os funcionários sofrem com seus planos de carreira não sendo respeitados. Mas quando você chega numa situação como essa a grande justificativa dos gestores é isso. Quando você eleva a folha se a receita não for na mesma intensidade você vai chocar e conflitar com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diário do RN – Como resolver essa situação? Nando Poeta – Essa Lei de Responsabilidade Fiscal só existe quando a situação é favorável ao trabalhador. Aí ele diz, não tem dinheiro.
Diário do RN – O senhor falou de montar uma empresa pública de transporte. E está se falando em tarifa zero. Seria uma empresa pública a tarifa zero? Nando Poeta – Claro. Teria mais condições de garantir a tarifa zero. Sendo inclusive o serviço fornecido. Como o SUS é. Você não paga para tomar uma vacina. Você não paga para entrar dentro de uma escola pública, transporte também poderia ter essa tarifa zero. A partir dos recursos públicos sendo investidos numa empresa pública. Teria muito mais condições. Em algumas cidades já existe tarifa zero. Não é uma inovação nossa e não é uma bandeira socialista. Você vê até o Paulinho está falando, só que é de boca para fora. Ele foi de seis vezes presidente na Câmara e quando a gente tinha um mandato apresentou o passe livre e foram contra.
Diário do RN – E por que votar em Nando? Nando Poeta – Porque levanta uma bandeira socialista, levanta uma bandeira de transformação e levanta uma bandeira histórica de não se vender. Nós não estamos à venda. Nós estamos intransigentemente na luta por defender os interesses da classe trabalhadora. Então a turma pode confiar, porque se a gente quisesse se vender já tinha vendido.
Um evento que aconteceu no último final de semana, no Clube Albatroz, em Natal reuniu o candidato a vereador de Natal e presidente do MDB, Julio Protásio (MDB), e o candidato a prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PSD). O denominado “Encontro dos amigos”, conforme as redes sociais, unia bandeiras do candidato a prefeito e do candidato a vereador, e deixou clara a decisão do dirigente municipal do MDB pelo apoio ao ex-prefeito na busca pelo quinto mandato na Prefeitura de Natal. A esposa de Protásio, vereadora Ana Paula Araújo (MDB), e o também postulante à Câmara de Natal pelo MDB, Araken Farias, decidiram igualmente apoiar o candidato do PSD na majoritária.
Apesar da decisão, o MDB é parte do arco de alianças em torno da candidatura de Natália Bonavides (PT) ao mesmo cargo. Só que o diretório municipal do partido em Natal decidiu, por conta própria, liberar seus filiados para seguirem outros rumos.
Mesmo assim, e apesar do caminho oposto ao da candidatura que vem sendo trabalhada pela aliança, o diretório estadual decidiu por não atuar contra a decisão do MDB Natal. Através da assessoria de imprensa, o MDB estadual esclareceu ao Diário do RN que a decisão do diretório municipal aconteceu “à revelia do diretório estadual, que reafirma a composição de aliança com Natália Bonavides”.
“O Diretório Estadual não vai intervir nessa questão. Mesmo o diretório estadual não tendo participação nessa decisão, foi uma decisão realmente só do diretório municipal, mas a direção estadual continua apoiando a candidata Natália”, informou o partido do vice-governador Walter Alves, presidente do MDB no RN, através da assessoria de imprensa.
Protásio, que tem um passado de alianças com Carlos Eduardo, já mostrava aval para que o MDB comandado por ele seguisse outro rumo ainda na pré-campanha. No dia 22 de junho, ele foi visto publicamente em evento de lançamento de pré-candidatura de um candidato do partido com a presença de Carlos Eduardo. Na ocasião, no entanto, não admitia apoio ao candidato opositor e garantia seguir a aliança do presidente Walter Alves. Segundo ele, a sua presença se deu por apoio aos candidatos do MDB que decidiram seguir Carlos Eduardo.
“O MDB possui uma nominata plural em toda Natal. Em uma reunião recente, a deputada federal Natália conversou com 40 pré-candidatos do MDB. Alguns pré-candidatos do MDB, por pauta ideológica ou conservadora, optaram pelo pré-candidato Carlos Eduardo. Por isso, o presidente do PSD e eu, como presidente do MDB, estivemos presentes no evento de Luiz Ribeiro, por convite feito pelo pré-candidato”, explicou ao Diário do RN na ocasião.
Agora, o candidato não retornou o contato feito pela reportagem para falar sobre o assunto.
Eribaldo Medeiros Além da vereadora Ana Paula Araújo (MDB), Carlos Eduardo tem a adesão também do vereador Eribaldo Medeiros (Rede). No início da corrida eleitoral, o ex-prefeito tinha o apoio oficial somente do vereador Luciano Nascimento (PSD), entre os 29 parlamentares que compõem a Câmara Municipal de Natal.
Eribaldo Medeiros, filiado à Rede Sustentatibilidade, que compõe apoio à candidatura do PT, também decidiu seguir decisão própria e não fazer campanha para Natália Bonavides.
“Desde o início eu estou com Carlos Eduardo, tendo em vista que nosso partido não tem candidato próprio. É o que eu vejo que é o melhor pra Natal. Eu tenho eu tenho uma amizade muito boa, tanto com Natália, como com como Paulinho Freire, mas eu vejo que Carlos Eduardo fez uma boa gestão, é bom de diálogo”, afirma o candidato à reeleição ao Diário do RN.
No caso da decisão de Eribaldo, a aliança da Federação PSOL-Rede não foi homologada junto ao TRE. Então, diferentemente do caso do MDB, não há chance de se incidir em infidelidade partidária. “Há um acordo de forma verbal em apoio a Natália, mas juridicamente não. Então, não tem problema de infidelidade partidária. Zero chance”, diz o vereador, que acredita na vitória de Carlos Eduardo.
“Tenho visto que uma campanha muito difícil não só pra Carlos, como pra Natália, como também pra Paulinho Freire. Eu não acredito em segundo turno. Acredito que seja primeiro turno, mas há possibilidade do segundo turno. Nós enxergamos isso. Nas pesquisas, nós estamos vendo que há o segundo turno, mas nas ruas não. É o meu