PREVENÇÃO PODE EVITAR ATÉ 80%DAS MORTES POR DOENÇAS DO CORAÇÃO
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo, nos últimos 20 anos, segundo estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020. Essas condições, que afetam o coração e os vasos sanguíneos, são responsáveis por uma parcela significativa de mortes prematuras relacionadas a falta de conscientização e do diagnóstico precoce. Assim, uma maior compreensão sobre esses problemas pode ser a chave para a prevenção e tratamento eficazes.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 1.100 mortes por dia no Brasil, o que corresponde a uma morte a cada 90 segundos, totalizando 400 mil mortes no país a cada ano. Isso torna este tipo de enfermidade a maior causadora de óbitos no Brasil, causando o dobro de mortes que todos os tipos de câncer juntos, e ainda 6.5 vezes mais mortes que todas as infecções, incluindo a AIDS.
Doenças cardiovasculares englobam uma variedade de condições, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e hipertensão arterial. Em entrevista ao Diário do RN, a presidente da SBC/RN, Dra. Carla Karini, destacou que os principais fatores de risco incluem hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de álcool, mas que além desses fatores classificados como modificáveis existem outros não modificáveis que são a idade, histórico familiar e o sexo. “Quanto mais velho, maior o risco cardiovascular. As mulheres ficam mais vulneráveis às doenças cardiovasculares na menopausa, após os 55 anos de idade; nos homens, elas surgem mais cedo, abaixo dos 55 anos de idade”, explica a presidente da SBC-RN.
Muitas vezes, as doenças cardiovasculares se desenvolvem silenciosamente e podem não apresentar sintomas até que um evento grave ocorra, como um infarto ou um AVC, e até levar a óbito. A boa notícia é que, em muitos casos, elas podem ser prevenidas ou controladas com mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico adequado, como explica a Dra Carla: “Muitos óbitos acontecem diariamente, mas 80% dessas mortes podem ser evitadas através de medidas preventivas, como uma orientação médica e principalmente do estímulo à mudança do estilo de vida”.
A prevenção desses fatores é possível através da realização de exames periódicos regularmente, prática de exercícios físicos, além de ser essencial a adoção de uma dieta saudável para a melhoria da qualidade de vida e prevenção de possíveis problemas cardiovasculares. “A mudança de estilo de vida também é contemplada com alimentação saudável, livre de gordura animal e mais rica em peixes, grãos, vegetais e frutas, isso também ajuda a prevenir que essas doenças acometam mais pessoas e essa estatística aumente cada vez mais”, complementa a médica.
Superação e Saúde
Doenças cardiovasculares podem acometer pessoas de diferentes idades, inclusive os mais jovens, como é o caso de Sara Jane, de 23 anos que foi diagnosticada aos 15 anos com extrassístoles, uma condição que causa batimentos cardíacos irregulares: “Eu, uma pessoa de 23 anos, considerada jovem, já fiz dois procedimentos cardíacos, mas isso vem muito para mostrar que as doenças cardíacas não estão no meio da vida adulta ou perto da velhice, como muita gente pensa, ela é possível de estar com qualquer pessoa, em qualquer idade”.
Sara também explica que mesmo uma rotina saudável e consciente de alimentação e exercícios auxiliando que os efeitos da doença não perdurem a longo prazo, eles sozinhos não garantem a diminuição ou a cura da condição, e ressalta a importância do acompanhamento médico nesses casos: “O que se pode fazer é acompanhar ela [a doença], ter um acompanhamento seguro com o médico, sempre estar vendo se o coração está bem, se teve alguma alteração, se ele cresceu, se morfologicamente está perfeito, ou ir para intervenção na cirurgia, que é, realmente, quando você toma a decisão, mas, fora isso, se não for para o lado de remédios, que realmente é o que controla, você vai ficar observando e vendo se está tudo bem”.
Hoje, aos 23 anos, Sara está bem longe dos dias de incerteza e preocupação. Depois de realizar procedimentos, combinados com uma rotina saudável e acompanhamento médico regular, ela relata que conseguiu retomar uma vida normal e ativa: “Faz um ano e alguns meses que eu fiz o segundo procedimento e assim eu tenho a vida completamente normal, não o tem nenhum vestígio de que isso aconteceu nos meus exames, todos os exames estão 100%, e não sinto nenhum desconforto ao fazer atividades físicas ou coisas do tipo”.
Setembro Vermelho: Um Mês de Conscientização
Em resposta ao impacto das doenças cardiovasculares, surgiu o Setembro Vermelho, uma campanha nacional de conscientização dedicada à saúde do coração. Criado em 2014 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e apoiado por diversas instituições de saúde, o mês de setembro é dedicado a promover a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças cardíacas.
No dia 29 de setembro é comemorado o Dia Mundial do Coração, devido a esse fato, foi escolhido o mês de setembro para ser realizada a campanha, que leva a cor vermelha devido a representação da cor geralmente atrelada ao coração, a campanha desse ano tem como slogan cada coração importa.
Durante este mês, várias ações são realizadas para educar a população e incentivá-la a adotar práticas saudáveis. Nas nossas redes sociais, os médicos cardiologistas, especialistas da sociedade de cardiologia vão estar levando informações úteis a toda a população e, no mês de outubro, ocorrerá o check-up cardiológico, em data a ser anunciada: “Nesse check-up, a gente vai estar dando palestra, orientando a população, vamos fazer alguns atendimentos, sempre com o intuito de informar e conscientizar a população sobre a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares”, complementou a médica Carla Karini.