A HISTÓRIA DE CARLOS FIALHO E SUA PAIXÃO PELA LEITURA QUE TRANSFORMA VIDAS
Os livros têm o poder de conectar os leitores com universos, mundos e personagens, além de ser uma ferramenta para o aprendizado. Para alguns a paixão por livros ultrapassa barreiras de apenas lê-lo, como é o caso de Carlos Fialho, que sempre foi um leitor assíduo e hoje é escritor com várias obras publicadas, redator, editor e roteirista, dono de editora e também responsável por um projeto de incentivo à leitura. A jornada de Carlos começou como a de muitos apaixonados por livros: sendo um leitor voraz. Para Fialho, a leitura sempre foi mais do que um passatempo; foi a porta de entrada para um mundo repleto de possibilidades, onde a escrita se tornaria sua maior expressão.
“Eu comecei como leitor. A trajetória de todo mundo que decide trabalhar com livros começa pela paixão pela leitura”, reflete Fialho sobre seus primeiros passos no universo literário. Essa conexão profunda com os livros moldou sua vida adulta, levando-o a decidir que dedicaria sua carreira à leitura e à escrita.
Formado em Comunicação, Carlos rapidamente percebeu que a escrita não era apenas uma forma de se expressar, mas também uma ferramenta poderosa para impactar outras pessoas. Sua experiência na área publicitária foi fundamental para o desenvolvimento como escritor e editor. “Foi muito importante para mim ter me profissionalizado como publicitário, pois aprendi a gerir projetos que envolvem a participação de diversos profissionais e um livro a ser publicado é um projeto coletivo, assim como a atividade editorial como um todo”, explica ele.
Quando decidiu publicar seu primeiro livro, Fialho também resolveu juntar outros escritores para formar um coletivo de autores. “Nascia ali a Jovens Escribas”, conta ele. Com o tempo, esse coletivo evoluiu para a Escribas Editora. A partir daí, passaram a realizar eventos como a feira Livros no Parque, que incentiva a economia criativa do livro, e o projeto Ação Leitura, voltada ao estímulo da leitura em escolas.
A Escribas Editora participou de diversas feiras, congressos e palestras, promovendo lançamentos e mais tarde culminou na abertura da Palavraria Livros, uma livraria física em Natal. Ao longo de 20 anos, a editora publicou mais de 230 títulos.
Quando questionado sobre qual de suas obras era a mais marcante ou especial, o escritor respondeu: “Gosto muito da mais recente, ‘Não peça nudes, papai!’, já esgotou várias impressões. Ano que vem sai mais uma que estou escrevendo e gostando muito”.
Como todo bom leitor, Carlos também teve escritores que admirou e que acabaram o inspirando ao longo de sua trajetória. “Sempre gostei dos cronistas quando era mais novo. Hoje, leio muito mais romances. Luís Fernando Veríssimo e Antonio Prata foram grandes inspirações. Uma autora contemporânea que eu poderia citar seria Carla Madeira”, afirmou Fialho.
Livros na era da tecnologia
A tecnologia tem um papel ambivalente no mundo da leitura. Por um lado, oferece benefícios significativos, mas, por outro, apresenta desafios que podem prejudicar o hábito da leitura.
A internet revolucionou o acesso à literatura no Brasil. Até 2026, o mercado global de e-books deve crescer 28% em receitas e saltar dos US$ 18,1 bilhões de 2020 para os US$ 23,1 previstos, segundo estudo da BusinessWire.
Aplicativos de leitura como Kindle e Google Play Books tornaram a leitura digital prática e acessível. Redes sociais também desempenham um papel importante na promoção da leitura, com comunidades online que geram discussões e recomendações literárias.
Por outro lado, a mesma tecnologia que facilita o acesso à informação também traz desafios. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores nos últimos 4 anos. Esse número representa uma queda de 56% para 52% de leitores. A maior queda foi notada no grupo que possui ensino superior, passando de 82% em 2015 para 68% em 2019.
A prática de “skimming”, onde se lê rapidamente sem aprofundar na compreensão dos textos, muito comum nas redes sociais, pode prejudicar a capacidade crítica e analítica dos leitores.
Para o escritor Carlos Fialho, cada tecnologia impactará de uma maneira a leitura, o que pode ser positivo ou não: “Se for um suporte de leitura como o Kindle, ajuda sim a se ter um acesso mais facilitado a temas de interesse, mas o problema é que os estímulos de vídeos curtos como Tik-Tok, Shorts e Reels são irresistíveis e promovem uma degradação muito forte em crianças, jovens e adultos. O que tem de homens e mulheres crescidos que perderam a capacidade de refletir, raciocinar e opinar por conta própria por causa do vício em celulares é impressionante”.
Dia Nacional do Livro
Na última terça-feira, 29 de outubro, foi comemorado o Dia Nacional do Livro, uma data significativa para a literatura brasileira, celebrada em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional em 1810. Esta instituição recebeu um extenso acervo da Real Biblioteca Portuguesa, marcando o início de uma rica tradição literária no Brasil.
Atualmente, a Biblioteca Nacional do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, se destaca como a maior da América Latina e está entre as dez maiores do mundo, segundo a UNESCO. Com um acervo que ultrapassa 9 milhões de itens, ela não apenas abriga livros raros e manuscritos históricos, mas também desempenha um papel vital na pesquisa e na promoção cultural.
A celebração deste dia visa não apenas honrar a literatura nacional, mas também incentivar o hábito da leitura entre os brasileiros. Em um mundo cada vez mais digital, o Dia Nacional do Livro serve como um lembrete da importância dos livros físicos e digitais na formação de cidadãos críticos e conscientes.