No aniversário de dois anos do ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília, os nomes da bancada potiguar aliados ao Governo Lula se manifestam sobre a memória da data e os eventos que serão realizados logo mais, em Brasília. A governadora Fátima Bezerra (PT) e o deputado Fernando Mineiro (PT) confirmam presença. O Governo Lula prepara uma série de eventos em Brasília para marcar o compromisso com a democracia e celebrar a restauração do patrimônio cultural danificado.
De acordo com a senadora Zenaide Maia, vice-líder do Governo no Senado, lembrar a data é um ato político que reafirma o compromisso das instituições com o estado de Direito. Ela ressalta a derrota da tentativa de golpe militar no país.
“O preço da democracia é a eterna vigilância. Lembrar o 8 de janeiro de 2023 é um ato político simbólico que, além de reafirmar o compromisso das instituições públicas do país com o Estado de Direito, prova que derrotamos uma tentativa de golpe de Estado por parte quem perdeu a eleição nas urnas e tramava o uso da força militar para não deixar o poder”, afirma, ao Diário do RN, a senadora. Ela não deverá participar dos atos porque já tem agenda prévia no Rio Grande do Norte.
O que chamou de “tentativa frustrada de golpe” é o que não pode ser esquecido pelo país, de acordo com a deputada federal Natália Bonavides. Por isso, para ela, é necessário rememorar a data. “Não podemos deixar esquecer o que aquele grupo de terroristas guiado pelo ódio fez no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto. A invasão e tentativa de golpe frustrada é uma triste mancha na história do nosso país”, afirmou Bonavides.
A deputada do PT/RN observa, em conversa com a reportagem, que novos atentados são provas de que a impunidade dá brechas a mais ataques contra a democracia. Ela se refere aos pedidos de anistia para os realizadores dos atos de vandalismo.
“Os atentados à bomba em Brasília no final do ano passado são uma prova de que a impunidade aos golpistas dá brecha a mais ataques contra a democracia. Não tem outra: defender a democracia é respeitar a soberania do povo brasileiro”, finaliza Natália.
Já o deputado Fernando Mineiro, além de confirmar presença no evento “Abraço à Democracia”, protocolou dois projetos de Lei na Câmara dos Deputados sobre o tema. “A data deve ser sempre lembrada para que não se repita”, frisou o parlamentar.
Um dos projetos é a Resolução 21/2023, que propõe a criação do Memorial 8 de Janeiro no Salão Verde da Câmara dos Deputados. O memorial será destinado a celebrar a resistência e a defesa da democracia, preservando materiais históricos, culturais e políticos danificados durante os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
O PL 163/2023 propõe a criação do Dia Nacional de Defesa da Democracia e do Enfrentamento e Combate ao Fascismo e Terrorismo, a ser celebrado anualmente no dia 8 de janeiro. De acordo com a proposta, o poder público e organizações da sociedade civil promoverão palestras, seminários, mostras artísticas e outros eventos para sensibilizar a população sobre a importância da democracia.
Nesse sentido, os eventos programados pelo Governo para esta quarta-feira (08), na capital federal, incluem a reintegração de 21 obras de arte restauradas após os atos golpistas de 2023.
Entre as peças, destaca-se um raro relógio do século XVIII, trazido ao Brasil por D. João VI em 1808. Além disso, está previsto um ato simbólico na Praça dos Três Poderes, com a participação de representantes dos Três Poderes e das Forças Armadas, reforçando a união em defesa da democracia.
Oposição
A reportagem do Diário do RN entrou em contato com os deputados federais do PL, General Girão e Sargento Gonçalves, de quem não obteve retorno. Nenhum emitiu qualquer manifestação nas redes sociais sobre o assunto.
Rogério Marinho, secretário nacional do PL e líder da oposição no Senado, não retornou a tentativa de contato da reportagem, mas nas redes sociais divulgou recortes de entrevistas concedidas à imprensa nacional.
Para ele, o presidente faz, com a realização dos eventos, “uma ode à democracia relativa”: “Todos nós repudiamos qualquer ação que signifique censura, cerceamento da liberdade de expressão, prisões estendidas sem nenhum motivo, relativização do habeas corpus, utilização da lei para os amigos e de outra forma para os adversários políticos. Estamos vivendo o que vivemos na história, só que de outra forma e com outros atores. Estamos vivendo de novo um período sombrio, em que a democracia está em perigo”, argumenta Marinho.
O senador Styvenson Valentim (Podemos) também foi contatado, mas não respondeu à reportagem.