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“ME SINTO ALIVIADA”, DIZ MÃE DE MENINA QUE ABORTOU AOS 11 ANOS

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FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

“Depois de tudo que a gente passou, eu vendo a minha filha bem hoje, eu me sinto aliviada”. O relato é da mãe da menina de 11 anos que passou por um aborto na última semana após ter sido impedida de passar pelo procedimento legal.

Segundo a mãe, o procedimento correu bem, apesar de a família ainda passar por um processo complicado. “Correu tudo bem, sim. Eu estou grata pela saúde da minha filha, que está bem por um pouco de justiça, porque ela é uma criança. Eu não vou falar para a senhora que eu estou feliz. Não estou feliz. A gente está passando por um processo bem complicado ainda”, disse ela para a repórter Renata Capucci em entrevista para o “Fantástico” na noite desse domingo, 26.

No início de maio, assim que a gravidez da criança foi confirmada, a mãe levou a filha ao Conselho Tutelar de Tijucas. Depois, mãe e filha foram ao Hospital da Universidade Federal de Santa Catarina, referência para procedimentos de interrupção da gestação em casos de estupro. A menina, na ocasião ainda com 10 anos, fez todos os exames.

O hospital pediu autorização à Justiça porque segue o protocolo de normas técnicas do Ministério da Saúde, que define como aborto a interrupção da gestação até 21 semanas e seis dias quando se trata de vítima de estupro.

Depois de receber a mãe e a menina, o conselho tutelar comunicou ao Ministério Público da Vara da Infância e Juventude sobre a ocorrência de gravidez envolvendo uma criança vítima de estupro. Como a vítima tem menos de 14 anos, a lei diz que é “estupro de vulnerável”. O conselho tutelar também encaminhou o caso ao juiz criminal.

“Se o juiz criminal é o competente para a matéria, seja de crianças e de adolescentes, seja mulher, é um crime de estupro. Então, quem decide pelo interrupção da gravidez, dependendo da situação, é o juiz criminal”, diz a advogada em defesa da família.

O aborto legal já havia sido autorizado pelo juiz criminal. A audiência era somente para decidir se a menina poderia deixar o abrigo. No entanto, a juíza Joana Ribeiro questiona se a criança, então com 10 anos, vítima de estupro, quer manter a gravidez. A promotora Mirela Dutra Alberton também insiste para que a menina mantenha a gravidez.

“A juíza tinha como prioridade o feto. Ela desumanizou a criança e não viu aquela menina como uma criança. Não conseguir enxergar, não ter empatia suficiente para olhar para uma criança de 10 anos e entender que ela é”, diz Daniela Félix, advogada.

A mãe também questiona: “Se eles queriam preservar tanto a minha filha, era algo que não deveria ser perguntado para ela. Eu acho que eu deveria responder por ela, não ela. Ela é uma criança”.

Na entrevista, a mãe contou ainda como foi ficar mais de 40 dias longe da filha: “Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Todos os dias eu chorava. todos os dias eu olhava para minha casa e não via a minha filha, então, para mim, isso era muito difícil. Quando eu ia, e eu ia visitar ela sempre, ela chorava e pedia para ir para casa”.

A delegacia de Tijucas investiga o caso e, de acordo com o delegado, um menor de 13 anos é suspeito de ter estuprado a criança – então com 10 anos. Pela lei, relação sexual com menor de 14 anos é estupro de vulnerável. Mesmo que o ato seja consensual, sem emprego de violência, é considerado crime. No caso de Santa Catarina, a menina que engravidou é a única vítima.

Com informações do g1


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