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BÍBLIA, CÉU E INFERNO ENTRAM NO DEBATE DE DEPUTADOS SOBRE O ICMS

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Entre as discussões da sessão plenária da Assembleia Legislativa desta terça-feira (17), que teve como principal pauta a votação da alíquota de recomposição do ICMS em 20%, os deputados José Dias (PL) e Dr. Bernardo (PSDB) protagonizaram um momento de embate curioso. O deputado da oposição à Fátima Bezerra, recém filiado ao PL, apresentou uma linha de raciocínio sobre a relação entre o imposto, os preços dos produtos nos supermercados e as promessas feitas pela governadora, Jesus e o demônio. Recebeu do deputado da base do Governo resposta com outro raciocínio, mas remetendo igualmente à Bíblia.

José Dias disse: “O governo do Estado prova que é competente, que é não sei o que lá, que a gente diz que o Governo é incompetente, mas o Estado cresceu 6%. Isso vem provar nossa tese, que aumento de imposto ou diminuição de imposto tem muito pouca relação com cair imediatamente os preços dos produtos. Tem com o incentivo à produção, ao emprego e à renda”.

Segundo o parlamentar, uma prova disso é que, mesmo o Rio Grande do Norte apresentando os menores índices de ICMS do Nordeste, ainda cresceu mais que os outros Estados. “Por que? Porque isso permitiu que uma parte dos recursos ficasse com quem trabalha, com quem produz.

O Estado não é o fim em si, o Estado representa a população”, explica o decano da Assembleia.

Dias segue, comparando as promessas da governadora com as do demônio, segundo a Bíblia, embora não tenha detalhado sobre quais promessas, exatamente, ele estava se referindo. “Nós estamos aqui porque estamos representando o povo. Nós fomos para uma eleição, prometemos e a governadora prometeu 118 mil vezes mais do que eu, porque eu prometi apenas ser coerente; a governadora prometeu o céu, a terra, a mesma coisa que o demônio prometeu a Jesus Cristo e ele não quis. Eu também não quero não, não sou Jesus Cristo, não estou dizendo que ela é o demônio, mas também não quero não. Não quero as coisas que ela está oferecendo, porque são ruins para a nossa população”, comenta o parlamentar em alusão ao ICMS.

Depois, em seu momento de fala, Dr Bernardo defendeu o Projeto nº 473/2024, do Executivo Estadual, e o voto pelo ICMS. Ele relembrou a votação para aumento do mesmo imposto, assim como do IPVA, em 2015. “Imposto não é bom, mas às vezes é necessário em determinadas situações. E é isso que eu quero contextualizar aqui. Imposto não era bom em 2015, mas os deputados Tomba, Galeno, Zé Dias, Gustavo votaram a favor e estavam certos, porque o Estado, naquele momento precisava que o ICMS aumentasse de 15% para 17%, de 17% para 18%. O Estado precisava, naquele momento, que era dramático em 2015, que o IPVA aumentasse de 2,5% para 3%”, explicou.

De acordo com Dr. Bernardo, os colegas não votaram contra o povo. “Como não estou eu aqui hoje votando contra o povo. Votaram a favor do Rio Grande do Norte. Tanto é que eles estão aqui até hoje. E aqueles que não votaram, pasmem, perderam a eleição dois anos depois”, disse o deputado do PSDB.

Segundo Dr. Bernardo, Rogério Marinho é o líder que a oposição segue em voto contra ICMS

Bernardo: “Zé Dias e outros deputados não estão seguindo Jesus. O líder é outro, que quer que o Estado piore para ser governador daqui a dois anos” – Foto: Reprodução

Na mesma fala, o deputado Bernardo Amorim responde, ainda, o colega José Dias, em tom cômico: “Eu confesso, presidente Ezequiel, que eu quase mudo meu voto na manhã de hoje, quando eu ouvi as palavras do meu eterno líder Zé Dias, em que votei para deputado estadual quatro vezes, no mínimo, talvez tenha sido cinco, quando ele disse que não vai votar a favor do imposto para não ir para o inferno. E eu fiquei com medo, ‘meu Deus, será que se eu votar de 18% para 20% eu vou para o inferno?’”, questionou o parlamentar que compõe a base de Fátima Bezerra (PT).

O raciocínio continua: “Mateus, um dos apóstolos de Jesus, era cobrador de impostos. E Jesus disse: ‘ei moço você a partir de hoje não vai mais ser cobrador de impostos. Siga-me’. Cobrar imposto naquele tempo era pecado, era cobrar para o império romano, e Mateus seguiu Jesus”.

Nesse momento, ele altera o curso da narrativa e aponta o voto contra o ICMS ao líder de José Dias, visando as eleições de 2026, citando, indiretamente, Rogério Marinho.

“Eu me lembrei de Mateus e disse: ‘Eu não vou mudar o meu voto’, porque Zé Dias e outros deputados que estão aqui estão votando contra o ICMS, mas eles não estão seguindo Jesus. O líder é outro, que quer que esse Estado piore para ser governador do Estado daqui a dois anos”, afirmou.

Fortalecer o PL e a pré-candidatura de Rogério Marinho é o motivo apontado pelos próprios deputados que se filiaram ao partido no último dia 29 de outubro. José Dias, Tomba Farias, Dr. Kerginaldo e Gustavo Carvalho colocaram o nome do senador como a alternativa viável para o Rio Grande do Norte em 2026.

José Dias ainda pediu um aparte na fala do colega e respondeu também com humor: “Quando Jesus diz os crimes que nós não podemos fazer, respondendo aos fariseus, ele diz ‘não cobrar imposto excessivo’. Tá lá no evangelho. É isso que eu estou querendo evitar. Se eu tiver algum mérito, eu vou pedir para vossa excelência, porque o pecado que você está comentando agora vai compensar pelas suas virtudes, acho que nós vamos levar você para o céu”, finalizou.


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