Início » GOVERNO DE FÁTIMA BEZERRA PODIA TER SIDO MAIS AUDACIOSO EM SUA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

GOVERNO DE FÁTIMA BEZERRA PODIA TER SIDO MAIS AUDACIOSO EM SUA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

  • por
Compartilhe esse post

Reprodução

Por: Bosco Afonso

Quase todas as gestões estaduais, ainda no século passado, e também neste século XXI, deixaram as suas marcas como contribuição ao desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Norte. Cada um no seu tempo e dentro de suas realidades. Podemos dizer que os governos do século passado foram até mais ousados, conviveram melhor com as necessidades da época e prestaram suas contribuições, embora não disponibilizassem dos avanços tecnológicos que temos nos dias de hoje.

Podemos relembrar o governo udenista de Dinarte Mariz que possibilitou a implantação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), considerada força motriz para o desenvolvimento cultural, educacional e de preparação de mão de obra categorizada em vários segmentos, expoente do saber e da ciência. Na gestão de Aluizio Alves, o estado ganhou a chamada energia de Paulo Afonso que veio tirar o estado da escuridão para impulsionar o nosso desenvolvimento econômico.

O governador Cortez Pereira, em curto tempo, marcou sua gestão com a criação das Agrovilas e estimulou a cultura do camarão, que ocupou destaque na pauta de nossas exportações, enquanto Tarcísio de Vasconcelos Maia trabalhou a infraestrutura do turismo no Estado.

Lavoisier Maia planejou e executou a Via Costeira (se fosse hoje, certamente os eco-chatos impediriam essa construção), interiorizou o turismo, e José Agripino completou o ciclo Maia com a construção de estradas, consolidando o crescimento do turismo como fonte de riqueza para o RN e implantou programas sociais que despertaram o interesse do homem do campo numa participação familiar mais ativa e eficiente junto à economia do estado.

Vivemos os ciclos do algodão, da cana-de-açúcar e dos minérios sheelita e sal marinho. Todos esses ciclos foram importantes para o Rio Grande do Norte, sem perdurar na sua importância.

Já o governo Garibaldi Filho foi místico. Os planetas estavam em transição. Saíamos do século XX para o limiar do século XXI. E quando ainda não havia uma compreensão coletiva da necessidade do encolhimento do Estado, eis que o governador foi de encontro aos interesses de muitos, se desfez da estatal Companhia de Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte (COSERN) – que por muito tempo também serviu de cabide de empregos para apadrinhados políticos e gerava prejuízos financeiros aos cofres públicos – fez caixa para investir em adutoras e se tornou o “Governador das Águas”.

A gestão Wilma de Faria, iniciada em 2003, planejou impulsionar o desenvolvimento do RN através de energias renováveis, que já despertara o interesse de todo o mundo. Tínhamos a matéria prima natural: vento e sol, mas nos faltava planejamento e investidores. E foi a partir dessa gestão, através de um técnico importado, que mais tarde se tornaria Senador do RN, que Vilma consolidou o seu governo e depois ganhou repercussão popular junto ao maior eleitorado do estado com a construção da Ponte Newton Navarro.

Enquanto o Rio Grande do Norte continuava a desfrutar dos resultados com o funcionamento da UFRN, da energia de Paulo Afonso, as Agrovilas se transformaram no município de Serra do Mel, que produz alimentos e energia eólica, mas a cultura do camarão, se não prosperou para alimentar nossa pauta de exportação como o previsto, pelo menos alimenta a população internamente.

Por outro lado, a infraestrutura criada para impulsionar o turismo foi representativa para a interiorização da atividade, a produção agrícola familiar cresceu graças ao avanço hídrico através das adutoras, que também sanaram a sede da população de vários municípios. Sem falar que as instalações de parques eólicos geraram empregos e impostos para o Estado e aos municípios, além de terem contribuído com o crescimento energético do país sem causar danos ao meio ambiente. Mesmo assim, ao que parece, não saímos da extrema pobreza.

Na ultima década, o único projeto novo que surgiu no Rio Grande do Norte foi o empréstimo requerido junto ao Banco Mundial, da ordem de 1 bilhão de reais, conquistado pela governadora Rosalba Ciarlini Rosado, que, por sinal, quase não usufruiu desses recursos. Nada de novo surgiu. A gestão Robinson Faria, que involuntariamente atrasou os salários dos servidores públicos, apenas investiu os recursos do Banco Mundial nas várias áreas do governo, mas nada se destacou por conta da cortina de fumaça inexoravelmente criada pelo atraso dos salários.

A gestão Fátima Bezerra bem que poderia ter sido diferente. Mentes arejadas e vontade de fazer mudanças, mas não tem nada de novo. Apenas se ampara nos recursos advindos do empréstimo do Banco Mundial, administrado pelo seu invisível adversário Fernando Mineiro para reformar escolas, construir sedes de Centrais do Cidadão e Hospitais, mesmo sem saber como mantê-los. Mas graças à eficiência de uma equipe capitaneada às quatro mãos por Carlos Eduardo Xavier, o Cadu, da Tributação, e por José Aldemir Freire, do Planejamento, conseguiu o ineditismo de colocar em dia o pagamento dos servidores estaduais. Parabéns e vivas para Fátima.

Mas faltou o importante. Faltou saber utilizar melhor a capacidade técnica de seu suplente e hoje senador Jean Paul Prates. Esse sabe os caminhos para melhor fomentar o desenvolvimento de um estado pobre, mas de riquezas naturais imensuráveis. Foi ele que deu norte desenvolvimentista à gestão de Wilma de Faria. Mas Fátima fez “birra” com o governo de Bolsonaro. Não soube distinguir o joio do trigo, misturou alhos com bugalhos e ignorou a presença de dois ministros conterrâneos na gestão Bolsonaro simplesmente por serem seus adversários políticos.

Por sua vez, Jean Paul sabe que o governo estadual poderia ter captado recursos federais para a infraestrutura das nossas malhas viária e ferroviária, como também sabe que existe um projeto da construção de um novo porto para o Rio Grande do Norte. É um novo porto que poderá escoar todo o minério produzido na região do Seridó, a partir de Jucurutu. Entretanto, para isso se consolidar, precisaria haver uma convergência de interesses entre os governos estadual e federal. Ele, Jean, também poderia ter sido mais audacioso, menos envolvido com as picuinhas do seu Partido dos Trabalhadores (PT) e mostrado que acima de tudo estavam os interesses de um pobre estado, quase agonizante. Mas a birra do PT com Bolsonaro foi mais forte que os interesses do Rio Grande do Norte.

Por isso que se diz que a governadora Fátima Bezerra poderia ter sido muito mais ousada para deixar a marca desenvolvimentista de sua gestão. Por enquanto, fica a minúscula marca de ter colocado em dia o pagamento dos servidores estaduais. O que é pouco para quem serviu de palmatória às gestões, sejam municipais, estaduais ou federais, por quatro décadas.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *