URBANA. SERVIDOR É PERSEGUIDO POR NÃO ACEITAR FALCATRUAS
Ele é servidor da Urbana há 38 anos, sob a matrícula 23.185-1. Recentemente, João Maria de Assis estava na função de atestar se o serviço de rua havia sido realizado ou não. Justamente pelo fato de querer fazer o certo, de não se dobrar ao erro deliberado para favorecer empresas, terminou sendo punido. Isso mesmo. A empresa terceirizada, que queria receber pelo que não fez, foi preservada. O funcionário, que não aceitou a falcatrua, foi perseguido pela direção da Urbana.
De acordo com João Maria, “algumas pessoas querem trabalhar na Urbana, mas são impedidas quando não fazem, eu não diria o jogo, mas em outras palavras quando não rezam na mesma cartilha das coisas erradas, desonestas, né? E aí eles são marginalizados.”
O funcionário diz que há muito tempo questiona as coisas erradas ocorridas na Urbana, mas sempre encontram uma maneira de afastá-lo, pois ele sempre se nega a concordar com o que é feito de errado na Companhia.
MUDANÇA NO FORMATO
De acordo com João Maria de Assis, ele foi convidado para fazer uma estruturação melhor na fiscalização: “Eu acreditava nisso, acreditei nisso que a gente estava disposto para melhorar.” Mas, houve a dispensa de licitação e uma mudança na forma de contabilizar o serviço: “Essa nova que tira o carro hora/homem pra colocar por pesagem… que esse é um dos fatores que enriquecem as empresas.”
METRALHA NO LIXO
Segundo João, o formato tem provocado situações embaraçosas para os garis: “Por exemplo dia 22, às 22h35 aproximadamente, em Brasília Teimosa, eu vi um carro-compactador, com 3 garis parados (quando a guarnição deve ser quatro garis e não três)) eles paleando em um terreno baldio e eu me aproximei educadamente e aí escutava aquele barulho que era de metralha dentro do carro, mas eles depois que me viram começaram a tirar os sacos…isso não é comum na coleta de lixo. Por que? Porque o compactador faz as vias logradouras, das vias que deve ser coletado o lixo doméstico, que é um lixo caro, só que o lixo doméstico caro não pesa e aí eles estão doidos indo a terrenos baldios, colocando metralha, gesso, etc.”
SERVIÇO NÃO EXECUTADO
João Maria de Assis afirma que foi designado para realizar a fiscalização: “Eu fui convidado para fazer isso e então me botaram num setor, juntamente com dois colegas, pela parte da tarde para fazer o monitoramento e o rastreamento dos veículos e nesse período que nós passamos fazendo esse rastreamento fomos orientados a fazer um relatório diário e no nosso relatório começamos a ver a os erros: vias que eram colocadas e que não eram executadas, que a gente mandava de volta aqueles erros todos que a gente não homologava.”
PERSEGUIÇÃO
“Eu posso me julgar um campeão em não homologar serviços,” disse o servidor antigo da Urbana, acrescentando: “É tanto que eu me surpreendi quando notei que tinham fechado o mês e eu não tinha homologado dezenas de notas pra homologar e eles fecharam o mês. Foi quando eu perguntei como eles tinham fechado o mês se haviam notas que não tinham sido homologadas.”
PREOCUPAÇÃO EM PAGAR ÀS EMPRESAS
Segundo João Maria de Assis, houve uma reunião no setor para saber o motivo dele não homologar as notas referentes ao serviço prestado: “Tinha pessoas que estavam incomodadas por eu não estar homologando as notas…Eu não homologava, camarada! Estava errado, então mandava devolver e eles estavam preocupados em pagar…Um grupo que faz parte do setor preocupado não em dar continuidade a execução dos serviços, mas sim ao pagamento para as empresas. E isso incomodou ao ponto de ser feitas 3 ou 4 reuniões com a gerência, que estava se sentindo incomodada por que eu estava no setor fazendo esse tipo de fiscalização.”
FORA DA FISCALIZAÇÃO
Quando não conseguiram fazer com que o servidor atestasse serviço não realizado, veio a decisão da cúpula da Urbana: “Eu fui surpreendido quando o meu novo diretor, senhor Joacir me chamou e disse que a partir daquela data eu não precisava mais fazer aquele serviço de homologação, que ficasse ali pela sala como estou até hoje. Deveria ficar ali na sala fazendo alguma coisa. Contudo, eu estava proibido terminantemente de fazer homologação. Aí eu tentei verificar como estava sendo feito o serviço e foi que verifiquei que eu tinha sido bloqueado. Então, camarada, eu me senti. Quem não sente? Na verdade, me senti perseguido.”