O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (27). Covas detalhou que o governo federal poderia ter recebido 60 milhões de doses da Coronavac ainda em 2020 e recusou uma oferta de 100 milhões de doses feita em outubro.
O diretor do Butantan comentou a ausência de recursos federais no desenvolvimento da vacina e o impacto das declarações de Jair Bolsonaro na relação com a China.
Saiba tudo o que disse Dimas Covas na CPI:
Ofertas ao Ministério da Saúde
- Dimas Covas disse que o Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação contra o coronavírus. Segundo ele, o Butantan tinha, no fim de 2020, 5,5 milhões de doses da Coronavac prontas e 4 milhões em processamento.
- O diretor do Butantan afirmou que o instituto enviou a primeira oferta de vacinas ao Ministério da Saúde no dia 30 de julho do ano passado, oferecendo 60 milhões de doses. Parte viria da China e outra parte seria produção do Butantan. Elas seriam entregues em outubro, novembro e dezembro. Como o contrato não foi fechado, a China enviou a remessa a outros países.
- De acordo com Covas, a oferta foi reiterada no dia 18 de agosto, com previsão de entregar 45 milhões em dezembro e 15 milhões no primeiro trimestre de 2021.
- O diretor do Butantan disse que, no dia 7 de outubro, a oferta foi aumentada para 100 milhões de doses até maio.
- Covas afirmou que não houve resposta efetiva do governo de Jair Bolsonaro.
Negociações
- Dimas Covas disse que as negociações foram paralisadas entre os dias 19 de outubro e 7 janeiro. A afirmação de Covas contradiz Eduardo Pazuello. O general disse à CPI que não houve suspensão das tratativas com o Butantan em momento algum. A interrupção nas negociações coincide com a declaração dada por Jair Bolsonaro no dia 21 de outubro de que não compraria a vacina chinesa.
- O diretor do Butantan disse que, antes disso, chegou a tratar com o Ministério da Saúde sobre a edição de uma medida provisória que permitiria a aquisição da vacina.
- Dimas Covas afirmou que o Butantan pediu ao governo um tratamento igual ao dado à Fiocruz, o que foi ignorado. O Ministério da Saúde fechou contrato com a Fiocruz em agosto do ano passado.
Produção da Coronavac
- Dimas Covas disse que não houve apoio financeiro do governo federal para a produção de Coronavac. Segundo ele, nenhum real foi investido.
Declarações de Jair Bolsonaro
- Dimas Covas afirmou que a campanha de Jair Bolsonaro contra a Coronavac trouxe prejuízos ao Butantan. O instituto enfrentou dificuldades para encontrar voluntários para os testes com o imunizante, em outubro, após declarações do presidente.
- Segundo o diretor do Butantan, os ataques de Bolsonaro à China atrasaram a liberação de insumos. Ele disse que “o que era resolvido em 15 dias passou a ser resolvido em um mês“.
- Covas disse que a saída de Ernesto Araújo do Itamaraty não melhorou a relação.
- O diretor do Butantan disse que, devido ao atraso na chegada dos insumos, o cronograma de entrega de vacinas ao Ministério da Saúde vai atrasar. As vacinas não devem ser entregues em sua totalidade até o dia 30 de setembro, como estava previsto.
Terceira dose
- Depois de dizer ontem que não havia necessidade de uma terceira dose da Coronavac, Dimas Covas afirmou uma terceira aplicação seria necessária.
- Mais tarde, ele esclareceu que se referia a uma dose anual de reforço.
Produção de ButanVac
- O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse ainda que o desenvolvimento da ButanVac ocorreu de forma paralela à formalização dos acordos detransferência de tecnologia da Coronavac, ainda em 2020.
- Segundo ele, a ButanVac deve estar disponível no segundo semestre de 2022, com 40 milhões de doses.
*Informações de O Antagonista.