“ESTAMOS TRATANDO DE INTERESSE PÚBLICO E DO FUTURO”, AFIRMA SERQUIZ
“Estamos tratando de interesse público e do futuro”. As palavras são do presidente da Federação Das Indústrias do Rio Grande do Norte, Roberto Serquiz, após a assinatura de contrato para a instalação de uma planta piloto de hidrogênio verde no Rio Grande do Norte. Com isso, o RN será o primeiro estado do país a adotar o hidrogênio verde como combustível para a indústria de cimento em substituição a derivados de petróleo.
O contrato para produção e consumo de hidrogênio verde foi oficializado semana passada, no auditório da Governadoria, em Natal. Assinaram a governadora Fátima Bezerra, o CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrela, e o CEO da Mizu (empresa do grupo Polimix), Roberto de Oliveira.
Também formalizaram o documento o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico do RN, Sílvio Torquato, e o secretário adjunto, Hugo Fonseca.
“Tanto a CPFL quanto a Mizu Cimento destacaram o compromisso com o meio ambiente e a responsabilidade social. O desenvolvimento sustentável reflete o atual modelo de negócio, gerando como consequência natural oportunidades e dignidade para as pessoas”, enfatizou Roberto Serquiz.
Importante enfatizar que a CPFL Energia é uma empresa do grupo chinês State Grid. Já a Mizu Cimentos, tem a fábrica mais moderna do país no setor, instalada no município de Baraúna, na região Oeste potiguar, a 317 quilômetros de Natal.
Segundo o Governo do Estado, a previsão de instalação da fábrica está para o início de 2027.
Porém, existe um esforço de cooperação para que a instalação ocorra no final de 2026.
“A instalação de uma planta de hidrogênio verde significa a inserção de um novo combustível para geração de energia elétrica. Essa inserção de um novo componente na matriz elétrica do estado vai necessitar de uma nova cadeia de valor, ou seja, novas indústrias para operação e manutenção dessa planta de hidrogênio. Indústrias para produção de eletrolisadores, construção de linhas de transmissão, construção de infraestrutura para essa planta de hidrogênio verde, dente outros. Isso significa mais empregos e desenvolvimento para a região em torno dessa fábrica”, disse Emília Casanova, coordenadora de Desenvolvimento Energético do Governo do Estado ao Diário do RN.
Pioneirismo
O Rio Grande do Norte é o primeiro estado do país a adotar o hidrogênio verde como combustível para a indústria de cimento em substituição a derivados de petróleo. “Estamos escrevendo um novo capítulo em nossa história. Estamos dando um exemplo claro de que a industrialização do Nordeste e reindustrialização do Brasil é possível. Este contrato é um passo firme em direção ao futuro e fortalece setores estratégicos da economia. Além disso, reforça o RN como referência em energias renováveis e nos processos para descarbonização do planeta”, declarou a governadora Fátima Bezerra.
A chefe do Executivo do RN ainda destacou a sinergia entre o setor público e o setor privado.
“Consolidamos hoje uma parceria que é fruto de um memorando de intenções, assinado no ano passado, que fomenta o desenvolvimento com sustentabilidade, com diálogo junto às comunidades. Em Baraúna, a Mizu emprega 370 pessoas e gera 1.500 empregos indiretos. A CPFL Energia é o terceiro maior produtor de energia em nosso Estado e instalou um sistema de abastecimento de água com dessalinizador que atende 3 mil pessoas na comunidade do Amarelão, em João Câmara”.
O presidente da Fiern ainda destacou o incentivo do Governo do Estado. Para Serquiz, o apoio da governadora para a indústria e para o segmento das energias renováveis é algo que deve ser celebrado. “Nosso desafio é fazer com que esse sentimento de apoio contagie todas as instâncias, órgãos e secretarias. Afinal, estamos tratando de meio ambiente bem cuidado, desenvolvimento econômico, pesquisa e inovação”, ressaltou.
250 toneladas do combustível por ano
A unidade de produção de hidrogênio verde para atender a fábrica da Mizu terá capacidade de 1 megawatt e vai ofertar 250 toneladas do combustível por ano. “Identificamos a indústria do cimento como importante, e, com apoio do Governo do Estado, decidimos investir R$ 43 milhões em uma planta de hidrogênio”, disse Gustavo Estrella, CEO da CPFL.
Diretor de Estratégia e Inovação da CPFL, Bruno Monte considerou o contrato um “grande avanço na transição energética”. A CPFL também foi representada pelo presidente do conselho de administração, Daobiao Chen. A planta-piloto deve entrar em operação até 2027.
Desenvolvimento e crescimento
Para Hugo Fonseca, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do RN, o contrato “fortalece laços comerciais e a mútua cooperação. E é exemplo de como setores público e privado podem promover o desenvolvimento e o crescimento da economia. Pelo seu potencial, o RN tem condições de liderar a produção de hidrogênio verde, sendo referência para o Brasil. Temos certeza de que trilhamos o caminho certo para o desenvolvimento econômico e social sustentável”.
50 anos de relações diplomáticas
A Cônsul geral da China, sediada em Recife, Lan Heping, lembrou que este ano são comemorados os 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a China e parabenizou o Governo do RN pela formalização do contrato. “A China quer ampliar as relações comerciais e o Brasil e o Rio Grande do Norte têm grande potencial para negociações bilaterais. A China valoriza a cooperação com os estados do Nordeste, especialmente o RN, hoje o maior parceiro comercial”.
Roberto de Oliveira, CEO da Mizu, informou que a estrutura da empresa no RN é composta por cinco unidades de produção de concreto, uma usina eólica de 100 megawatts e a fábrica de cimento em Baraúna.
Setor espera superávit de R$ 75 bilhões até 2030
Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) revela que o setor de hidrogênio verde espera ter um superávit de R$ 75 bilhões até 2030. O Brasil é um dos países mais promissores na produção de hidrogênio verde. Além disso, os investimentos anunciados para mais de 20 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis no Brasil já somam R$ 188,7 bilhões, conforme o estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado ontem, dia 26.
Ainda de acordo com o estudo, em 2030, o Brasil deverá produzir hidrogênio com um dos menores custos do mundo, devido ao baixo custo e a alta elasticidade de oferta da geração elétrica renovável que colocam o país em vantagem competitiva.