LANÇAMENTO DE REVISTA MARCA O DIA DO QUADRINHO NACIONAL EM NATAL

Há 46 anos Luiz Elson Dantas se dedica à criação de histórias em quadrinhos. O desenhista e professor de artes natural de Angicos, na região Central do Rio Grande do Norte, entrou no universo dessa arte aos 15 anos. O despertar para a atividade surgiu com a leitura de revistas infantis e juvenis, mas foi ampliado diante da proximidade com as obras de quadrinistas potiguares. Hoje, tendo editado mais de cinquenta revistas e publicado outras cino, ele se mostra grato à tecnologia pela ampliação das possibilidades para o ramo das histórias em quadrinho e se prepara para mais um lançamento, no Dia do Quadrinho Nacional.
“O interesse vem dos quadrinhos da Disney, das revistas de faroeste, e esse interesse ampliou quando conheci os artistas potiguares Emanuel Amaral e Alcides Sales, que me ajudaram a desenvolver o meu trabalho”, conta o Luis Elson, que afirma também ter sido inspirado por profissionais de outros estados e até mesmo de outros países. “Vários artistas influenciaram meu trabalho, desde desenhistas potiguares, como eu citei Alcides e Emanoel; desenhistas brasileiros como J. Carlos e Benícios, e estrangeiros, como Ivo Milazzo e Hal Foster”, afirma. Os primeiros trabalhos foram publicados na tradicional revista Maturi, com desenhos de um personagem cangaceiro, baseados em fatos reais. Tratava-se de Ângelo Roque, o Labareda. “Iniciei publicando o desenho de um personagem chamado Labareda, que era um cangaceiro que tem os seus relatos todos publicados em um livro, e eu peguei esse livro, fiz uma pesquisa e transformei esse registro do tempo em que ele viveu no cangaço e transformei em uma história em quadrinhos”, relembra Luiz Elson. “Iniciei publicando na revista Maturi, que este ano faz cinquenta anos – um marco na produção brasileira; poucas publicações duram tanto tempo”, destaca.
Para o artista, a história em quadrinhos possibilita um tipo de leitura diferente, participativa, que chega a criar uma linguagem única. “É uma obra aberta, precisa da participação do leitor na interpretação, tanto do texto, como da imagem. Ela tem essa união de duas linguagens diferentes e cria uma terceira linguagem, digamos assim, uma linguagem própria, porque a história em quadrinhos dá vários sentidos a uma imagem quando a imagem vem carregada de um texto, e, às vezes, ela não tem texto, mas cada pessoa que lê faz uma interpretação diferente”.
QUADRINHOS NO RN


O quadrinista destaca o Rio Grande do Norte como um estado com tradição no setor de quadrinhos e ressalta a força da produção potiguar. “No Rio Grande do Norte, que já tem uma tradição, (…) atualmente, se publica quase todo mês uma nova revista. São 12 a 15 revistas por ano. (…) Há artistas que publicam para o mercado interno, para vender em feiras em escolas, em feiras de livros e artistas que trabalham para um público de eventos fora do estado, rodando pelo Brasil, que têm um público fiel na internet”, afirma.
Ele relata, ainda que, o universo das revistas em quadrinhos tem tido uma ampliação, acompanhando uma realidade nacional. “O cenário dos quadrinhos no RN hoje é muito interessante porque, nos últimos vinte anos, ele se ampliou também no Brasil, com o advento da computação gráfica e a ampliação da tecnologia das impressoras, avalia.
“Houve um barateamento, digamos assim, das publicações, de modo que as pessoas puderam fazer tiragens menores e com acabamento melhor. Às vezes, tem gente que publica a própria revista em casa. Então, você consegue começar pequeno, ampliar o público, criar um público novo, Depois, com as redes, ampliar de uma forma extraordinária esse público”, completa Luiz Elson.
Segundo o artista, esses avanços tecnológicos causaram um crescimento no acesso e interesse por esse tipo de publicação e pelos desenhos em geral e possibilitou a muitos colegas conquistarem seus espaços. “Tudo isso ampliou muito a valorização do desenho, dos quadrinhos, da caricatura, da charge. Abriu um novo mercado. Até então, era muito difícil por causa dos custos da impressão gráfica. Para você ter uma revista que fizesse sucesso, você tinha que ter uma tiragem muito grande. Hoje em dia, você consegue fazer pequenas tiragens, criar seu próprio público e depois ir ampliando esse público”, explica.
LANÇAMENTO

Em seu novo lançamento, a revista “A Grande Aventura de Moacy Cirne em Quadrinhos”, Luiz Elson faz uma readaptação dos textos do poeta potiguar. “Procurei adaptar a obra acadêmica dele, os textos dele, para a linguagem dos quadrinhos, de forma lúdica, fantasiosa, de modo que as pessoas procurem depois conhecer a obra original dele”, conta. “A gente procurou ampliar o público sobre a obra de Moacy Cirne, esse poeta, professor, intelectual , homem apaixonado por seu povo e sua terra (…), um dos pioneiros sobre o estudo da história em quadrinhos no Brasil”, completa o autor.
Ela afirma, ainda, a satisfação com a nova obra pelo fato de ter conseguido traduzir as obras para os quadrinhos, arte muito apreciada pelo homenageado. “Fiquei muito feliz com o resultado, exatamente por transpor para o quadrinho, que era uma grande paixão dele. Ele nunca escreveu uma revista em quadrinho (…), ele se interessou mais pela parte teórica, pelos significados, pela questão da semiótica dos quadrinhos”.
O evento de lançamento acontecerá nesta quinta-feira (30), Dia do Quadrinho Nacional, às 10h, na Capitania das Artes, localizado na Av. Câmara Cascudo, 434 – Cidade Alta.