O que está havendo com a governadora Maria de Fátima Bezerra? Esse texto de análise começa com uma interrogação justamente por não conseguir compreender como uma gestão tem a oportunidade de sair maior e melhor do que entrou em uma situação aparentemente negativa e foge dela.
A CPI ainda nem começou. Mas Fátima já contabiliza duas derrotas. A primeira, foi quando a deputada Isolda Dantas saiu de gabinete em gabinete, mendigando assinaturas de parlamentares governistas para barrar a criação da CPI que nascera com ‘vícios’.
Conseguiu as assinaturas necessárias. Mas viu que sua missão nobre havia sido em vão por puro amadorismo e inexperiência. A oposição corrigiu os ‘vícios’ e apresentou novamente o requerimento, acolhido pelo presidente da Casa, Ezequiel Ferreira, que passou o verniz da legalidade no documento da oposição e aplicou a primeira derrota ao Governo.
A segunda derrota foi quando o Governo Fátima comemorou que algum sabido da gestão havia observado que, pelo requerimento apresentado, a Comissão não poderia investigar os 12 contratos feitos pelo Governo, mas somente 2 poderiam ser olhados de forma minuciosa. Outra derrota. O requerimento da oposição está amparado para investigar os 12 contratos. A comemoração foi feia e carimbou a segunda derrota.
A terceira derrota do Governo ocorre sob a comemoração de uma vitória aparente e feia. Deputados governistas conseguiram adiar a instalação e abertura da CPI por duas semanas. O pretexto da hora é que houve uma manobra da oposição e o Governo ficou em minoria na CPI.
Ora, e alguns deputados do Governo ainda dizem que não foi por medo. E foi o que?
O relator da CPI vai ser simplesmente o líder do Governo na Assembleia. Isso mesmo. Alguém acha que esse relatório virá com algo que comprometa a gestão Fátima Bezerra? O que pode significar maioria ou minoria na Comissão? Somente a decisão a respeito da convocação deste ou daquele depoente. E, ao final, a votação do relatório.
Mais uma derrota na imagem do Governo. Derrota provocada pelo próprio Governo.
O Governo Fátima Bezerra tem a oportunidade de sair dessa CPI com atestado de honestidade carimbado pela própria oposição e ainda com presente do novo vestido da posse para o novo mandato.
Porém, antes mesmo de começar a CPI o Governo bate cabeça, comete erros primários, expõe amadorismo e externa temor das investigações, só faz com que as desconfianças aumentem e turbinem o poder de fogo da CPI.
Fátima precisa ser Fátima. Corajosa, aguerrida, honesta. A Fátima que se esconde por trás de deputado para fugir de CPI não é a Fátima que teve coragem de brigar com a oposição em Brasília, de integrar CPI na Assembleia do RN, de comandar passeatas de professores e de enfrentar os poderosos do Estado.
Ela está perdendo o jogo por 3 a 0 antes mesmo de a bola rolar. Mas Fátima ainda tem a oportunidade de virar o jogo e começar em vantagem quando o juiz apitar o real início da partida.
Para isso, ela precisa dizer claramente que não teme a CPI e desautorizar toda e qualquer manobra que vise obstacular o trabalho da Comissão. É um ato de coragem.
Assim, Fátima volta a ser a Fátima que o povo elegeu e pode reeleger com orgulho de dizer que tem as mãos limpas. Se alguém sujou as mãos com dinheiro de lamaçal, que procure se lavar e pague pelo que fez. Fátima não tem medo de CPI. Fizeram medo a ela. Mas a filha de Dona Luzia não precisa temer. Se continuar aparentando medo, vai ser engolida sem sentir.
Ela precisa reagir como a guerreira que sempre foi. É isso que o povo que a elegeu espera dela. Fátima, é uma questão de escolha. Ou você parte pra cima e engole a desconfiança com sua honestidade, ou é engolida pelo medo inexplicável.
ALVO DE AÇÃO JUDICIAL E DE BRIGA COM PROPRIETÁRIOS, CONDOMÍNIO ILE DE PIPA É ACUSADO DE TRANSFORMAR VIDA DOS CONDÔMINOS EM UM INFERNO – REPRODUÇÃO
O polêmico condomínio Ilê de Pipa, onde a rede de hotéis Accor (@Accor) irá inaugurar uma unidade hoteleira na próxima semana, continua sendo palco de baixaria entre gestores do empreendimento e proprietários de imóveis, que reclamam judicialmente que têm o seu direito à propriedade prejudicado constantemente.
A mais nova baixaria ocorrida no Ile de Pipa, que já responde processo na comarca de Goianinha, envolve um empresário-proprietário, cujo filho foi impedido de entrar no condomínio para passar o fim de semana no imóvel da família. Os “recepcionistas” alegaram que o nome é o carro não estava na lista das pessoas e veículos autorizados a entrar. Houve bate-boca na portaria em ambos os casos.
Reprodução
Fato semelhante aconteceu com um proprietário residente na Paraíba, cujo enteado foi impedido também de ter acesso ao imóvel da família.
Como pivô da crise, segundo o relato de proprietários, encontra-se o síndico Fernando Ribeiro Filho, que é filho do dono da construtora do condomínio e mantém uma relação arbitrária com os condôminos.
O fato é quem comprou imóvel no Ilê de Pipa hoje chora de arrependimento, diante da relação de crise estabelecida entre gestores do condomínio e condôminos.
Prova disso é que um grupo de cerca de 23 proprietários estão acionando o condomínio na Justiça, através do advogado Mário Pegado, que busca garantir judicialmente os direitos dos donos de imóveis.
Para o advogado Mário Pegado, “o paraíso se transformou em purgatório. O Ilê de Pipa Resort, incorporado pela “Mar de Pipa” é um pesadelo para seus condôminos e todos aqueles que venham a tentar desfrutar da Praia da Pipa no empreendimento”.
As ações estão sendo movidas contra a incorporadora e construtora “Mar de Pipa Empreendimentos de Participações LTDA”, que, junto com a Vertical Engenharia, ergueu o condomínio.
No espectro político, da direita para a centro-esquerda, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) declara estar satisfeito ao se reposicionar. “Ao longo da vida, a gente amadurece, reconhece alguns erros cometidos e procura se acertar”, revelou o parlamentar à jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo.
“Eu acho que a parte social é fundamental, coisa que eu não enxergo na direita. Não tem esse olhar para o próximo, estender a mão para aquele que precisa. Eu estou muito feliz assim.”
De acordo com a jornalista, a revelação foi feita durante reunião sobre o superpedido de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido), protocolado na quarta-feira (30). Frota corrigiu sua colega Joice Hasselmann (PSL-SP) ao ser identificado por ela como alguém de direita e surpreendeu a todos.
Frota vota em Lula contra Bolsonaro, mas, segundo sua assessoria, espera que surja uma terceira via para ter outra opção.
O Blog Tulio Lemos recebeu do jornalista, escritor e advogado Cid Augusto o texto da também jornalista Ana Cadengue, intitulado “Jararaca, o santo de Mossoró“, publicado originalmente no Blog Papangu na Rede.
Confira:
Jararaca, o santo de Mossoró
Foi “ali pelas onze e meia da noite, de uma noite de luar muito clara, e sempre fria do mês de junho”. É assim, sem muita certeza da data, sem investigação policial, sem autópsia, ou autores dos fatos, que a história conta a morte de um cabra “negro, alto, de aspecto repelente” nos idos de 1927 no sertão nordestino.
Noventa e quatro anos depois, a morte do cangaceiro dito demoníaco e assassino de crianças é objeto de estudo em “Poder, mídia e discurso na ‘canonização’” do cangaceiro Jararaca”, tese apresentada — e aprovada com louvor — no último dia 25 pelo jornalista e advogado Cid Augusto da Escóssia Rosado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para obtenção do título de Doutor.
Matérias publicadas em jornais de Mossoró nos anos de 1927, 1977 e 2017 foram utilizadas por Cid Augusto para investigar condições históricas, sociais, econômicas e políticas do aparecimento, da formação e das transformações dos discursos sobre Jararaca, na cultura de Mossoró, além de problematizar e discutir as relações discursivas de poder e resistência que redundaram na elaboração de subjetividades e transformaram Jararaca em milagreiro.
Outro aspecto abordado são as ocorrências discursivas que se sucedem ao longo de 94 anos, os pontos e os contextos de ruptura que transformaram Jararaca de bandido em santo e os heróis em uma espécie de entidade abstrata, sem nome e sem rosto, quando muito simbolizadas pelo prefeito Rodolpho Fernandes, que comandou as trincheiras rumo à vitória de Mossoró sobre os saqueadores.
Cantada em verso e prosa, a saga do cangaço – movimento social que alcançou maior repercussão entre 1890 e 1940 — conta a história de homens e mulheres, heróis para uns, bandidos para outros, que reuniam-se em grupos armados que aterrorizavam comunidades interioranas, saqueando, roubando, sequestrando, matando, extorquindo, estuprando, mutilando.
O mais famoso deles, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, em 1927, decidiu invadir Mossoró, município à época com cerca de 20 mil habitantes, encravado no sertão do Rio Grande do Norte, depois que o prefeito do lugar, Coronel Rodolpho Fernandes, negou-se a pagar um resgate no valor de 400 contos de réis.
De acordo com as pesquisas de Cid Augusto, para o ataque realizado aos 13 de junho, por volta das 16h00min, Lampião pediu reforço a outros grupos, incluindo o de José Leite de Santana, Jararaca, que teria sido soldado do Exército, participado da Revolta Paulista de 1924 , e a quem atribuíam hábitos de extrema crueldade, como o de lançar crianças para o alto e apará-las na ponta do punhal.
“Virgulino perdeu e fugiu após intensa fuzilaria na qual morreram pelo menos três de seus cangaceiros. Colchete foi atingido à bala na cabeça. Dois de Ouro saiu ferido e, durante a fuga, recebeu de um comparsa o tiro de misericórdia. Jararaca, baleado no peito e na perna, escapou, mas acabou preso na manhã de 14 e executado entre 18 e 21 de junho”, conta.
O feito dos bravos responsáveis pela derrota do Rei do Cangaço está na boca de todo mossoroense que se orgulha de ser da “cidade que expulsou Lampião”. A terra da Resistência é celebrada a cada 13 de junho e a história de como o então prefeito Rodolpho Fernandes comandou a defesa é passada de geração em geração. Cid Augusto lembra que as instituições de Mossoró sempre evocam a bravura dos que venceram Lampião, a começar pelos nomes dados aos prédios dos poderes Executivo e Legislativo: Palácio da Resistência e Palácio Rodolpho Fernandes, respectivamente.
“Há o Chuva de Bala no País de Mossoró, financiado pela prefeitura desde 2002, que narra o feito heroico. Encenado em junho, com cerca de 150 atores, atrizes e técnicos, o espetáculo assistido por milhares de pessoas do Brasil e do exterior teve a direção, naquele ano, do ator e diretor Antônio Abujamra. Em 2021, para evitar aglomerações em decorrência da pandemia de covid-19, o espetáculo foi anunciado em formato de filme”.
O trabalho do jornalista mostra que o tema Resistência ganha forma igualmente em denominações de logradouros e de empresas, no discurso político, na propaganda, na literatura, nas escolas, nas universidades, na memória, na cultura, na religiosidade e nas manchetes dos jornais que, vez em quando, reavivam o assunto. Mas, apresenta um paradoxo, “pois, embora todos os segmentos sacralizem os heróis do lugar e satanizem os cangaceiros, há 94 anos, o mossoroense relegou seus defensores ao anonimato ao mesmo tempo em que transformou o cangaço em símbolo e Jararaca em santo”.
“Os heróis parecem haver sido esquecidos enquanto indivíduos. Geralmente, as pessoas lembram apenas de Rodolpho Fernandes. Até o município, em suas obras, dá sinais de inversão da lógica do discurso da ‘Cidade da Resistência’”, rendendo-se ao cangaço como elemento cultural representativo do Nordeste brasileiro”, destaca Cid, apontando que o pórtico do centro de artesanato Arte da Terra é ladeado por duas estátuas gigantes de Lampião e Maria Bonita e o Memorial da Resistência apresenta fotografias enormes de expoentes do cangaço, enquanto os resistentes figuram em pequenos retratos em uma parede.
Para o pesquisador, certamente influenciaram na formação do mito o imaginário popular sobre o cangaço, os relatos acerca da valentia de Jararaca, o silêncio das autoridades e da imprensa quanto às circunstâncias reais de sua morte e, mais ainda, a lenda de que fora enterrado vivo após ser obrigado a cavar a própria cova e de se arrepender dos pecados. “Em qualquer período do ano, é possível encontrar velas acesas e adornos no túmulo do bandido, que, no Dia de Finados, atrai centenas de pessoas, incluindo jornalistas e pesquisadores. Já o túmulo de Rodolpho Fernandes, o prefeito herói, poucos sabem onde se localiza, embora construído em área de destaque, no mesmo cemitério”.
Cid Augusto diz que, com seu trabalho, não pretende provar a devoção a Jararaca, que é fato público e notório, com largo registro acadêmico; nem a efetividade inalcançável dos seus pretensos milagres. “Ocupei-me em revelar como a mídia produz efeitos de sentidos em enunciados sobre o cangaceiro que virou santo em três contextos históricos, as inferências políticas e econômicas, as relações de poder e resistência, o confronto entre discurso oficial, centrado nos aparelhos de Estado, e discurso do cotidiano, que se desenvolve nas práticas sociais da linguagem”.
“Jararaca não virou santo apenas pelos enunciados sobre sua vida, sua carreira criminosa e sua morte cruel, e sim na complexa interação entre discursividades de fontes (combatentes, cangaceiros, políticos, pesquisadores) ressignificadas nos discursos jornalístico, religioso, cultural, do cangaço e sobre o cangaço, da lei e sobre a lei, da ciência e sobre a ciência, da seca e sobre a seca, da fome e sobre a fome”, afirma o agora Doutor em Linguística.
A tese “Poder, Mídia e Discurso na ‘Canonização’ do cangaceiro Jararaca” foi orientada pela professora Dra. Marluce Pereira Da Silva, da UFRN, e teve a recomendação da banca examinadora formada pelos professores doutores Marcílio Lima Falcão, da UERN, Laurênia Souto Sales, da UFPB, Maria Bernadete Fernandes de Oliveira e Maria da Penha Casado Alves, ambas aa UFRN, para ser transformada em livro.
Nesta sexta-feira (02), o deputado estadual Tomba Farias informa que foi vítima de um crime digital. De acordo com o parlamentar, criminosos estão usando um outro número não pertencente ao deputado, mas com a sua foto, é com nome de usuário “Tombo Farias”, pedindo dinheiro em seu nome. O deputado Tomba Farias reafirma que não solicita nenhum tipo de recurso e alerta aos amigos e população em geral para não caírem no golpe virtual.
Nesta sexta-feira (02), o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, publicou entrevista concedida à Revista Veja, com a seguinte legenda:
“Em um cenário em que Doria tem 5%, Mandetta, 3%, e Eduardo Leite, 2%, não se vê favorito. Precisamos reconstruir um partido ou um bloco que represente o centro liberal, espaço que estava vazio e foi ocupado por Bolsonaro em 2018. Seu DNA estatizante e reacionário, porém, não condiz com esse posicionamento. O que precisamos é juntar lideranças, inclusive jovens parlamentares, em torno de um projeto único. Caso lance três ou quatro candidatos, nosso campo corre sério risco de ficar fora do páreo. Foi o que aconteceu recentemente nas eleições do Peru, com o centro dividindo o eleitorado e morrendo na praia.”
Derrotado na tentativa de eleger seu sucessor para a presidência da Câmara dos Deputados e, de quebra, expulso do partido ao qual foi filiado por vinte anos, o DEM (que preferiu votar no candidato do governo, Arthur Lira), o deputado Rodrigo Maia, 51 anos, explica que deu um passo atrás nas suas pretensões políticas, com a intenção de avançar várias casas no futuro. Atrelado a dois objetivos — escolher uma sigla para se abrigar e perder os quilos que acumulou no comando da Câmara (chegou a 117, desfez-se de 5 e tem mais 20 a derreter) —, Maia se reposiciona no jogo político, ciente de que o desgaste da saída do DEM inviabilizou sua aspiração de ser o candidato do “centro liberal” à Presidência no ano que vem. Nesta entrevista a VEJA, que concedeu no apartamento do pai, Cesar Maia, no Rio de Janeiro, o deputado defende a ideia de que os partidos de centro rompam definitivamente com o governo Bolsonaro e flerta com o apoio a Lula em 2022.
O senhor esteve recentemente com o ex-presidente Lula. Alguma chance de apoiá-lo em 2022? Posso ajudar, sim. Foi um bom encontro, com a presença do prefeito do Rio, o Eduardo Paes. Disse ao Lula que tenho grande interesse em conversar com ele sobre o Brasil. Acumulei experiência e conto com pessoas no meu entorno que também podem cooperar. Eu me aproximei da esquerda já durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, para dar força à pauta econômica. Depois da queda do Eduardo Cunha, o PT me apoiou para conquistar a presidência da Câmara.
Então há chances de o senhor ir de Lula nas próximas eleições?
Algumas pessoas que foram ao almoço disseram que Lula gostou do papo, mas não acho que isso vá se desdobrar em uma aliança. Agora, esse tipo de aproximação é um aceno necessário nos tempos atuais: todos no campo democrático devem conversar. O Lula está praticamente no segundo turno, é favorito em 2022 e nós, do centro liberal, não podemos ficar de fora, precisamos tratar do futuro do país. As instituições provaram resiliência contra o autoritarismo do governo Bolsonaro, mas podem vir a se enfraquecer na hipótese de um segundo mandato.
Se o PT chamá-lo para aprofundar a conversa, o senhor vai?
Claro que eu vou. Acho que consigo coordenar um grupo de pessoas qualificadas. Pode ser no PSD, no PSDB ou até contribuindo com o pessoal do PT.
Nos bastidores, comenta-se que Eduardo Paes tende a fechar com Lula, mesmo havendo um candidato de centro. Procede?
O Eduardo tem uma relação muito próxima com o ex-presidente. O elo dos dois é tão forte que a probabilidade de apoio dele ao Lula ainda no primeiro turno não é pequena, caso o PSD, seu partido, não lance candidatura própria.
“Não haverá candidatura de centro em 2022 se os deputados continuarem a priorizar sua reeleição e a embarcar no bolsonarismo em troca de cargos e verbas”
Como o centro vai conseguir ganhar espaço em um cenário tão polarizado entre Lula e Bolsonaro?
Primeiro, combatendo a tese de que é preciso oferecer uma candidatura alternativa às de Lula e Bolsonaro. Pesquisas recentes mostram que Lula tem lugar garantido. Já Bolsonaro, gira em torno de 23% das intenções de voto porque não surgiu ninguém com mais de 10%. O candidato para derrotar o petismo deve ser um nome capaz de tirar votos do presidente. E eles se concentram na extrema direita, em uma parte do segmento evangélico e no eleitor de classe média ressentido com a falta de perspectiva. A verdade é que Bolsonaro encolheu.
Qual seria esse nome ao centro capaz de subtrair votos do presidente?
Em um cenário em que Doria tem 5%, Mandetta, 3%, e Eduardo Leite, 2%, não se vê favorito. Precisamos reconstruir um partido ou um bloco que represente o centro liberal, espaço que estava vazio e foi ocupado por Bolsonaro em 2018. Seu DNA estatizante e reacionário, porém, não condiz com esse posicionamento. O que precisamos é juntar lideranças, inclusive jovens parlamentares, em torno de um projeto único. Caso lance três ou quatro candidatos, nosso campo corre sério risco de ficar fora do páreo. Foi o que aconteceu recentemente nas eleições do Peru, com o centro dividindo o eleitorado e morrendo na praia.
O senhor prega união, mas não há nesse espectro muito cacique para pouco voto?
Todo mundo acha que a construção de uma candidatura deve favorecer a si próprio. Vaidade sempre será um problema. Antes de tudo, precisamos reconhecer que é impossível chegar ao segundo turno sem São Paulo — não dá para excluir o governador João Doria do processo. Se daqui a seis meses Doria tiver recuperado a popularidade, é ele o candidato. Mas, dentro desse campo, outros devem participar, como Tasso Jereissati, Eduardo Leite, Rodrigo Pacheco e Luiz Henrique Mandetta.
O senhor incluiria Ciro Gomes nesse balaio?
A grande aliança para derrotar Lula e Bolsonaro passa, a meu ver, por um acordo entre PSDB e PDT. Só que, para isso, o Ciro precisa abrir mão de muita coisa que andou dizendo por aí, e também nós teremos de ceder para chegar a um ponto de equilíbrio. O discurso do centro está bonito, a carta conjunta assinada pelos pré-candidatos foi um passo importante, mas nada disso gerou certeza de união. Um fator que certamente atrapalha é a turma que se diz independente e insiste em apoiar o governo.
Em que medida isso é um freio de mão ao projeto de uma nova via?
Esse é o grande gargalo. Não haverá candidatura de centro em 2022 se os deputados continuarem a priorizar sua reeleição e a embarcar no bolsonarismo em troca de cargos e liberação de verbas — ou mesmo em nome de uma agenda liberal, que não existe.
A saída de Luciano Huck da corrida foi um baque?
Estive na casa dele há um mês, com o Paulo Hartung (ex-governador do Espírito Santo) e o Mandetta. Ali já estava claro que não seria candidato. Luciano tinha potencial para crescer no Nordeste e no voto popular, mas Lula ocupou esse lugar. E ainda havia à mesa a saída do Faustão da Globo, que abriu a janela profissional que ele sempre buscou. Seria um bom nome, mas é a segunda vez que deixa a gente na mão. Sabe o que está nos faltando? Alguém que faça o papel de aglutinador.
E quem seria?
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o nome ideal, do tipo “pode confiar”, mas infelizmente não dá sinais de que vá participar do processo na medida em que gostaríamos.
Se o palanque ficar polarizado, uma banda do centro vai de Bolsonaro. E o senhor?
Conheço a experiência dos governos do PT e do Bolsonaro, com seus defeitos e acertos. Não tenho dúvidas de que estamos vivendo um chavismo de direita. Piora o quadro ter no tabuleiro um filho como o Flávio (Bolsonaro), que nomeia gente para todas as instâncias de poder, até para o Supremo. Isso eu não posso aceitar.
Como avalia a CPI da Pandemia?
É um tiro no coração do Bolsonaro. O escândalo das vacinas desmonta o discurso de que não há corrupção no governo. Mas é bom lembrar que um impeachment é movido por muitas variáveis, sendo a política a principal delas. E a relação do governo com sua base é boa. Pode ter certeza de que o Centrão não vai debandar só porque a avaliação do Bolsonaro anda baixa.
Foi por não enxergar um ambiente político favorável que o senhor não pautou nenhum dos pedidos de impeachment contra Bolsonaro quando presidia a Câmara?
Exato. Não tinha voto para ganhar e cairia no primeiro recurso. Se do ponto de vista político não há espaço para o encaminhamento de um pedido desses, não tem por que avaliar seu mérito. Na verdade, o poder do presidente da Câmara em relação a um impeachment é tão ilimitado que isso acaba dificultando as coisas. Qualquer conversa nessa direção soa como vingança pessoal. Cunha abriu o processo contra Dilma apenas porque três deputados do PT votaram contra ele no Conselho de Ética.
A expulsão do DEM deixou mágoas?
Foi uma violência, uma decisão que mostra claramente quão autoritária é a origem do ACM Neto, o presidente do partido. Ele está muito mais próximo do Bolsonaro do que eu considero razoável. Não dá para entender: como mantém na sigla um senador que foi pego com dinheiro na cueca (Chico Rodrigues-RR) e pune alguém como eu, só por criticá-lo, “o pequeno Torquemada”? Já tinha pedido a minha desfiliação e ele poderia ter me suspendido das atribuições partidárias, mas fez questão de me expulsar.
“Estamos vivendo um chavismo de direita. Piora o quadro ter no tabuleiro um filho como o Flávio (Bolsonaro), que nomeia gente para todas as instâncias de poder, até para o Supremo”
ACM Neto afirma que não o traiu na eleição para presidência da Câmara, mas que o senhor insistia na candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) quando a bancada queria apoiar o Arthur Lira (PP-AL). É mentira. Ele mandava os deputados assinar a lista do Lira para dizer que não tínhamos maioria e assim liberar a votação da bancada. Mas não é tão esperto quanto imagina. Os deputados depois vêm contar tudo. Essa suposta esperteza é do tamanho da altura dele: 1,30 metro. Por inveja, implodiu um movimento que poderia impulsionar um projeto nacional nas próximas eleições. Fiquei vinte anos construindo algo que foi destruído em duas semanas.
O senhor vai mesmo para o PSD, como foi ventilado? Ainda não bati o martelo, vou dar um tempinho para avaliar, mas é o mais provável. Meu grupo político, que inclui o Eduardo Paes, foi para lá.
Na eleição para o governo do Rio, é realista pensar em um nome que lidere uma frente anti-Bolsonaro?
Não será nada fácil. A disputa para esse posto está entre o preferido de Eduardo Paes, o presidente da OAB Felipe Santa Cruz, e o Marcelo Freixo (PSB), que faz hoje suas costuras. O Lula acena para ambos. Quando isso acontece, ele quer dizer: “Unam-se”.
Depois de ser um dos homens mais importantes da República, como se sente longe do poder?
Venho de uma família de políticos e já vi a roda-gigante em cima e embaixo. É da vida. Tenho de me reorganizar, mas estou tranquilo. O que tive a chance de aprender na presidência da Câmara me dá muitos ativos para seguir firme no jogo do poder.
Será publicada em VEJA de 7 de julho de 2021, edição nº 2745
Governadora Fátima Bezerra (PT) durante agenda em Mossoró – Foto: Twitter / Reprodução
Nesta sexta-feira (2), a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), anunciou que profissionais da imprensa terão prioridade na vacinação contra a Covid-19 a partir da próxima semana. O anúncio foi feito pela governadora durante conversa com jornalistas em Mossoró – onde a petista cumpre agenda oficial.
A antecipação da vacina para os comunicadores, segundo Fátima Bezerra, foi definida em comum acordo entre Governo do Estado e prefeituras na última reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que define a estratégia de imunização do Estado.
“Os profissionais da imprensa do Estado foram incluídos como grupo prioritário na campanha de imunização contra a Covid-19 no RN e a vacinação dos profissionais já deve ser iniciada na próxima semana”, declarou a governadora pelo Twitter.
Aos jornalistas, a governadora afirmou que a vacinação deste grupo é importante porque comunicadores desempenham “papel estratégico” durante a pandemia da Covid-19.
“Conseguimos aprovar na CIB a inclusão de vocês, profissionais da imprensa, no plano estadual de imunização. E já começa a partir da próxima semana. Uma decisão mais do que importante, justa, pelo papel tão importante, estratégico que vocês têm desempenhado nesse contexto da pandemia. O trabalho de comunicação que vocês têm feito diuturnamente na rua tem contribuído e muito para salvar vidas no Rio Grande do Norte”, esclareceu a governadora.
Reprodução redes sociais da governadora Fátima Bezerra
Governadora Fátima Bezerra realizou, na manhã desta sexta-feira (02), visita técnica às obras do Hospital da Mulher de Mossoró, que está com cerca de 25% de conclusão e tem previsão para ser finalizado em junho de 2022. Ao ser entregue à população potiguar, o hospital será o maior equipamento da rede de saúde pública do RN.
O complexo contará com 163 leitos, sendo 40 de UTI, e terá ainda com assistência ambulatorial, pronto-socorro, centro obstétrico com salas de parto humanizado, banco de leite humano e serviços de suporte às mulheres vítimas de violência.
O foco do Hospital será o atendimento à gestação de alto risco, urgência obstétrica e ginecológica, cuidados neonatais, assistências cirúrgicas neonatal, onde boa parte desses serviços hoje são concentrados em Natal e na Região Metropolitana.
A unidade receberá pacientes de mais de 60 municípios e terá capacidade para cerca de 20 mil atendimentos ao ano, sendo referência para rede de Saúde Pública estadual. Estão sendo investidos cerca de R$ 104 milhões em obras e equipamentos por meio do Projeto Governo Cidadão, em parceria com a Sesap, via empréstimo junto ao Banco Mundial.
Contrariado por não ter conseguido emplacar apadrinhado em órgão federal em Sergipe, o deputado Bosco Costa, do PL, ameaça deixar a base do governo
Nesta semana, o deputado federal Bosco Costa, do PL de Sergipe, enviou um áudio para um assessor de Flávia Arruda, ministra-chefe da Secretaria de Governo e sua colega de partido.
Na mensagem gravada, à qual O Antagonista teve acesso, o parlamentar, com a fala mansa, cobra a concretização de uma indicação dele para a superintendência da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em seu estado e ameaça abandonar a base do governo Bolsonaro caso não tenha uma posição do Palácio do Planalto.
Ele diz que as indicações feitas por “todos os deputados” de Sergipe “estão saindo”, menos a dele.
Escute aqui:
Reprodução
“Procure saber com a ministra a quem eu devo recorrer: se ao presidente do meu partido [Valdemar Costa Neto], se ao Bolsonaro, se a algum outro ministro ou… eu me posicionar contra o governo, já que sou o parlamentar que mais tenho votado com o governo no meu estado”, afirma Costa no áudio.
“Eu quero uma posição de ‘sim’ ou ‘não’. Eu não vou esperar muito tempo por essa situação, que está me constrangendo lá no estado. E eu eu preciso resolver de uma forma ou de outra: ou sou governo ou não sou governo”, acrescenta, em claro tom de ameaça.
Por telefone, o deputado confirmou a veracidade do áudio, a cobrança feita ao assessor da ministra (que se chama Flávio) e disse que “o problema não está resolvido ainda”.
Segundo Bosco Costa, tal indicação foi “um entendimento” feito entre ele, o líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto, e o então ministro da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, hoje na Casa Civil.
“Não me lembro a data, mas foi no fim da gestão do Ramos. A ministra Flávia assumiu sabendo e ciente dessa situação”, afirmou o parlamentar, defendendo que a indicação que tem a fazer é de uma pessoa “técnica”.
Perguntamos ao deputado, claro, se ele não entende que essa postura é o “toma lá, dá cá” escancarado. Com a mesma tranquilidade com que gravou o áudio para o assessor do Planalto, ele respondeu:
“Não, não é bem isso. É uma questão de entendimento. Eu sempre fui político, sou político, me orgulho muito de ser político, mas eu nunca ‘fui governo’ pelo toma lá, dá cá. É pela questão do acerto. Eu defendo a tese de que ‘se eu não acertei, eu não tenho nenhum compromisso’.”
O deputado acrescentou que, se confirmada, a indicação ao órgão federal em Sergipe será a sua primeira no estado. Além do que ele chama de “entendimento” para o loteamento desse cargo, ele admitiu ter conseguido verbas extras: “Consegui, com muita transparência”.
Em 2019, Bosco Costa teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Sergipe por uma série de irregularidades na prestação de contas da campanha do candidato. Ele recorreu e conseguiu se segurar no cargo.
O PL é um dos principais partidos do Centrão que, por meio de seu dono, Valdemar Costa Neto, se aproximou de Jair Bolsonaro em meio à pandemia e garante, em contrapartida a cargos e emendas, a sustentação do governo no Congresso. É também um dos partidos que, nos bastidores, mais seguram a abertura de processo de impeachment do presidente.
O Antagonista ainda não conseguiu contato com a Secretaria de Governo.
Com a sua declaração corajosa e tranquila, o governador do Rio Grande do Sul passa a ser conhecido nacionalmente, tira uma bandeira da esquerda e pode ser a terceira via
É admirável que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenha assumido ser gay no programa de televisão Conversa com Bial. A homossexualidade tem de deixar de ser um tabu também na política, em especial nos Poderes Executivo e Judiciário. No Legislativo, continua a ser objeto de certa hipocrisia, mas há parlamentares que já declaram a sua orientação sexual sem receio de ser discriminados.
De certa forma, o segredo era de Polichinelo. Ainda assim, a autodeclaração de Eduardo Leite foi ato de coragem que merece ser aplaudido. Quando um expoente de qualquer área assume ser gay, o estigma se enfraquece de modo a beneficiar os cidadãos anônimos que ainda padecem com o preconceito e violência dele decorrentes. O exemplo de Eduardo Leite deveria estimular a que outras pessoas de renome, nos diferentes campos, saíssem do armário. Não há nada mais triste do que observar homens e mulheres proeminentes que ainda tentam esconder a sua condição — não só ao público em geral, mas como à própria família. É causa de dor não só para elas próprias, mas para os seus próximos.
O que gostaria de ressaltar aqui é que, ao assumir ser gay, Eduardo Leite criou um fato político. Possível candidato a presidente da República pelo PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, com a sua revelação, atrai em primeiro lugar a atenção de milhões de eleitores. Se ele era nome que permanecia relativamente desconhecido, já não o é mais. Basta ver a repercussão que a sua fala no programa de televisão teve no Brasil inteiro. Ele domina os comentários nas redes sociais e os veículos de comunicação repercutem positivamente a sua coragem e tranquilidade ao abordar a sua própria sexualidade. Tornar-se conhecido, obviamente, é uma grande passo para se tornar competitivo.
O segundo ponto importante é que o fato de se declarar gay cria simpatia que se espalha em círculos concêntricos a partir da comunidade de cidadãos que têm orientação sexual diversa. Boa parte dos jovens heterossexuais passará a admirá-lo e a identificar-se com ele. Afinal de contas, com apenas 36 anos, Eduardo Leite é também um jovem que espelha uma geração livre das amarras de valores retrógrados. Essa juventude, acredito, poderá angariar votos entre os mais velhos que começam a verificar o quanto os seus preconceitos são desprovidos de qualquer sentido.
Há ainda um fato relevante: o fato de ser gay assumido torna Eduardo Leite capaz de superar bloqueios no eleitorado autodenominado progressista. A esquerda já não terá mais a exclusividade da bandeira com as cores do arco-íris. Eduardo Leite poderá contar, acredito, com muitos cabos eleitorais no meio artístico e intelectual. Além disso, será mais difícil fazer ataques pessoais, especialidade do PT e adjacências, a um governador que teve a coragem de assumir-se homossexual. O desnorteio nas hostes petistas e auxiliares com a perda do “monopólio” já está evidente nas redes sociais, que tentam contrapor Jean Wyllys a Eduardo Leite, afirmando que o primado da coragem é o do ex-deputado. O próprio Wyllys não se conteve, ao afirmar no Twitter: “Quando se é branco, rico e soldado da plutocracia e do neoliberalismo que ‘não tolera’ a homofobia porque LGBTQ viraram nicho de mercado rentável, fica fácil ‘assumir-se’ gay (ainda que se negando) e catalizar a solidariedade acrítica dos cúmplices e ingênuos”. Sujeito atormentado, esse Willys.
Mesmo entre o eleitorado mais conservador, Eduardo Leite poderá conquistar eleitores, como já o fez quando se elegeu governador do Rio Grande do Sul, um estado de grande peso na federação. Ele tem se mostrado um administrador responsável, amigo da livre-iniciativa e com um discurso racional em relação à pandemia. O fato de ser gay assumido não ofusca a competência mostrada até o momento. Pelo contrário, mostra a quem ainda imaginava que assim não fosse que sexualidade e capacidade administrativa e honradez não têm vasos comunicantes.
Dentro do PSDB, uma eventual candidatura de Eduardo Leite representaria uma lufada de ar num partido carcomido por caciques envelhecidos na idade e nos métodos e que tem em João Doria uma figura muito antipática entre os eleitores. Ele, que já contava com o apoio dos adversários do governador paulista, como Aécio Neves, verá aumentada a sua base nas prévias que escolherão o candidato tucano ao Planalto. Se o país procura um antípoda ao sociopata Jair Bolsonaro, fora da polarização com Lula, cacique da esquerda com ficha criminal extensa, Eduardo Leite tem a chance de se apresentar como boa opção.
O governador gaúcho demonstrou ser corajoso e bom de cálculo político ao sair do armário, embora não estivesse propriamente dentro dele — e o cálculo, aqui, é elogiável, não deve ser visto como demonstração de oportunismo. Se é para se lançar candidato ao Planalto, que a sua sexualidade seja explora positivamente por ele, não negativamente por gente indecente. A sua frase a Pedro Bial é emblemática nesse sentido:
“Eu nunca falei sobre um assunto que eu quero trazer pra ti no programa, que tem a ver com a minha vida privada e que não era um assunto até aqui porque se deveria debater mais o que a gente pode fazer na política, e não exatamente o que a gente é ou deixa de ser. Eu sou um governador gay e não um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso.”
A comparação com Barack Obama lhe foi muito adequada e feliz. Como o ex-presidente americano, ele pertence a uma minoria vítima de preconceito, mas não precisa ser visto como tal. E assim como Obama, ele deve ser enxergado como uma figura de centro-esquerda, que constitui o âmago ideológico do eleitorado tucano, mas igualmente capaz de cativar eleitores de ambos os lados do espectro político que estão fora dos extremos.
Eu diria que, ao assumir-se gay, Eduardo Leite posiciona-se de maneira bastante efetiva para ser a terceira via.
Após pressão da ministra Rosa Weber, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para apurar o suposto crime do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por prevaricação no caso da compra das vacinas Covaxin.
A suspeita sobre a compra de vacinas veio à tona em torno da compra da vacina indiana Covaxin, quando a Folha revelou no último dia 18 o teor do depoimento sigiloso do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda ao Ministério Público Federal, que relatou pressão “atípica” para liberar a importação da Covaxin.
Desde então, o caso virou prioridade da CPI no Senado. A comissão suspeita do contrato para a aquisição da imunização, por ter sido fechado em tempo recorde, em um momento em que o imunizante ainda não tinha tido todos os dados divulgados, e prever o maior valor por dose, em torno de R$ 80 (ou US$ 15 a dose).
Meses antes, o ministério já tinha negado propostas de vacinas mais baratas do que a Covaxin e já aprovadas em outros países, como a Pfizer (que custava US$ 10).
Eduardo Leite, Jean Wyllys e Fátima Bezerra (Montagem) – Reprodução Revista Fórum
“Não se questiona esse sujeito em nenhum momento por que ele apoiou explícita e alegremente um racista homofóbico”, disse Jean Wyllys sobre Eduardo Leite, que se assumiu gay no programa de Pedro Bial, na Globo
Em uma sequência de tuites na madrugada desta sexta-feira (2), Jean Wyllys criticou duramente a “peça de propaganda política” feita “imprensa comercial de direita” sobre o anúncio do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que assumiu ser gay durante entrevista no programa de Pedro Bial, na Globo.
“Que destaque foi dado por essa mesma imprensa ao fato de Fátima Bezerra (PT-RN), governadora do RN e aliada desde sempre da comunidade LGBTQ, ser lésbica? Nenhum. Mas decidem fazer uma festa com o outing tardio do governador, feito sob medida num programa da TV Globo”, criticou.
Jean Wyllys ressalta ainda o fato de que Bial, em nenhum momento, indagou Leite sobre o apoio a Jair Bolsonaro – “um racista homofóbico” – nas eleições de 2018.
“Não se questiona esse sujeito em nenhum momento por que ele apoiou explícita e alegremente um racista homofóbico que atua contra a comunidade. Apenas se elogia o sujeito”.
O ex-deputado, que deixou o mandato e o Brasil por sofrer ataques constantes do clã Bolsonaro, ainda criticou a divulgação de um card feito pela Folha de S.Paulo nas redes sociais, que destaca ainda uma comparação com o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, feita pelo próprio governador gaúcho.
“Vejam como a imprensa comercial de direita gosta de destacar frases de efeito que, embora aparentemente afirmativas, no fundo são negativas e reforçam o estigma e a negação da identidade. Como não ver com crítica essa saída do armário? E essa comparação com Obama?”.
Veja a sequência de tuíte de Jean Wyllys
O design da ilustração da matéria mais perece uma peça de propaganda política do que uma reportagem. Não se questiona esse sujeito en nenhum momento por que ele apoiou explícita e alegremente um racista homofóbico que atua contra a comunidade. Apenas se elogia o sujeito.
E o que mais me espanta é a maneira como jornalistas da chamada mídia alternativa entram nessa festa pobre sem nenhuma crítica e ainda querendo sugerir (quase impor) a nós LGBTQ assumidos (e na luta desde sempre!) que louvemos esse jogo da mesma forma ingênua, pra não dizer burra
MATEUS BONOMI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO -22/03/2021
Nesta quinta-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar sobre o voto impresso nas eleições de 2022. As declarações foram feitas em conversa com apoiadores. Segundo Bolsonaro, “vamos ter problemas no ano que vem” caso o voto auditável não seja adotado. Em sua fala, o presidente citou o trabalho de “três ministros” do Supremo Tribunal Federal (STF) e falou que eles “vão ter que apresentar uma maneira de termos eleições limpas no ano que vem”. “Como está aí, a fraude está escancarada”, continuou o presidente. “Tiraram o Lula da cadeia, tornaram elegível para ele ser presidente na fraude, e isso não vai acontecer”.
Ainda ao longo da conversa, Bolsonaro garantiu que o dinheiro para arcar com os custos da impressão dos votos já está reservado. As declarações sobre o tema repercutiram depois que o mandatário publicou um vídeo em seu Twitter com a legenda “democracia ou fraude?”. Dentre as figuras políticas que se manifestaram, está a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), que criticou Bolsonaro e o chamou de “projeto de Hitler tupiniquim”. A também deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o presidente quer “inflamar a população” e que a finalidade do voto impresso é “tumultuar”.
O projeto de lei que dispõe sobre a igualdade de acesso às vagas, para homens e mulheres, nos quadros funcionais da Polícia Militar do RN, enviado pelo Executivo, foi aprovado nesta quinta-feira (1º), por unanimidade, em sessão ordinária pela Assembleia Legislativa. O PL foi uma solicitação da deputada Isolda Dantas.
Com a aprovação do projeto, os quadros funcionais da PM do RN serão reordenados, revogando a limitação e assegurando a igualdade de acesso às vagas, entre homens e mulheres para os quadros funcionais da corporação.
“A aprovação desse projeto significa uma grande conquista para a polícia do RN. Às mulheres e toda a sociedade potiguar, e é um importante passo para corrigir essa desigualdade histórica na PM. Viva a luta das mulheres, viva a igualdade de gênero”.
A governadora, professora Fátima Bezerra, destaca a importância da aprovação do projeto de lei, ao corrigir uma distorção que, até então, gerava uma situação de desigualdade.
“É mais um avanço, não só do ponto de vista de gestão, mas de justiça e luta em busca do tratamento igualitário em nossa sociedade. Porque, veja bem, não deve haver espaço para desigualdade em nossa sociedade. Enquanto gestora de políticas públicas, temos a obrigação de buscar a correção dessas situações, por dever de justiça. A sociedade é quem, de fato, ganha à medida que buscamos este caminho”.
Fátima Bezerra
Para Isolda, essa desigualdade de gênero ficou ainda mais evidente no último concurso da PM. “As mulheres podiam ficar melhores colocadas que os homens nos concursos, mas não entravam porque havia um percentual limite de mulheres, fazendo com que a PM do RN tenha o mais baixo efetivo de mulheres entre as PMs de todo o país”, declarou.
“A aprovação deste Projeto de Lei representa uma valorização dos recursos humanos no âmbito da PM, pois está no marco dos ideais de dignidade e de justiça, trazendo isonomia no ingresso da carreira profissional e ainda adequa a legislação estadual castrense aos ditames constitucionais com a igualdade de acesso, para homens e mulheres, às vagas nos quadros de oficiais e praças da Polícia Militar do RN“, destacou o titular da SESED, coronel Araújo Silva.
Com a distribuição, que aconteceu nesta quinta-feira (1º), de uma nova remessa dos imunizantes da Pfizer, o Governo do RN sinaliza aos municípios que também incluam os integrantes do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e lactantes com bebês de até 12 meses, na prioridade atual.
Por meio de seu perfil nas redes sociais, o senador Jean Paul escreveu:
“Grande vitória! Depois da aprovação do nosso PL 2112, no Senado, o Governo do Estado anuncia o começo da vacinação de lactantes no Rio Grande do Norte! Essa é uma importante conquista da mobilização das companheiras do @lactantespelavacinarn!”
A mídia nacional repercutiu na noite desta quinta-feira, 1º de julho, a declaração do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O gaúcho disse em rede nacional, no programa do Pedro Bial, que é gay. De acordo com jornalistas da grande mídia, ele é primeiro chefe de Executivo Estadual a assumir sua sexualidade publicamente.
A surpresa não é pelo fato de saber que ele é gay. Quase todo mundo já sabia. Inclusive os gaúchos, que são conservadores, sabiam e votaram nele para governador.
A surpresa foi pelo fato de o governador assumir sua homossexualidade. Realmente, para quem está prestes a enfrentar prévias partidárias para ser candidato a presidente da República, assumir que é gay poderá gerar uma série de consequências.
Muitos imaginam que as consequências de uma declaração dessas podem ser negativas. Afinal, vivemos num País em que homossexuais ainda são assassinados somente pelo fato de sê-lo.
Mas Eduardo Leite, com sua declaração de homossexualidade, vai atrair a curiosidade para si e, inevitavelmente, para sua gestão. Como será o Estado governado pelo governador gay?
O Rio Grande do Sul é um Estado que vinha enfrentando sérios problemas administrativos, com sucessivas crises de gestão. Atualmente, é um Estado com finanças saneadas e em franca aplicação de recursos.
Recentemente, ele anunciou que estaria dividindo com os municípios gaúchos, uma parte do valor arrecadado na venda de uma empresa do Governo.
Acredito que estamos entrando na civilização quando passamos a valorizar as atitudes, o caráter, a competência das pessoas, bem acima de sua opção sexual ou a cor da pele.
Ser negro ou branco não é garantia de capacidade ou de seriedade.
Ser gay ou ser hétero não é garantia de seriedade ou capacidade. Há gays incapazes profissionalmente; há também héteros. Há gays extremamente competentes no que fazem; há também héteros.
Gays, lésbicas e as demais letrinhas que representam a diversidade sexual, são apenas pessoas, com defeitos e virtudes. E seus defeitos não estão vinculados à sua opção sexual, à letra que você escolheu no alfabeto colorido. Assim como suas virtudes também não.
Portanto, o governador do Rio Grande do Sul é gay. E daí? Parabéns pela coragem de assumir publicamente sua sexualidade e pela sinceridade com que abordou o tema.
A partir de agora, alguns vão olhar para Eduardo Leite de forma diferente. Uns, com admiração e respeito ainda maior. Outros, com olhar de reprovação.
Mas o importante é que tenhamos respeito pelas escolhas do outro. Mesmo que essa escolha possa não ser do meu agrado. Afinal, eu não preciso concordar com as opções dele. Eu devo respeitar suas escolhas.
Que Eduardo Leite, o governador gay, continue sendo respeitado pela gestão que faz no RS; e respeitado também por ser quem ele é. E sua gestão deve ser criticada no que estiver errado. Sendo gay ou não. O importante é o respeito e o fundamental é a tolerância.
O Ministério Público Eleitoral, que foi responsável pela deflagração da Operação Dízimo, que prendeu dois vereadores de Parnamirim, acusados de crime eleitoral e protagonizou ação de busca e apreensão na Câmara da cidade Trampolim da Vitória, se manifestou a respeito das decisões judiciais recentes, que proibiram a abertura dos malotes apreendidos e determinou sigilo total do conteúdo do material.
De acordo com o MP, que se pronunciou pela Comunicação Social da instituição, “O Ministério Público Eleitoral não vê prejuízo às investigações na decisão liminar porque ela apenas suspende a abertura dos malotes, não anulando as investigações. Tanto que não irá, por hora, recorrer dela, preferindo aguardar o mérito.”
Realmente, a decisão judicial não anula as investigações, mas suspende a eficácia do material apreendido, o que pode dar no mesmo. A justiça também mandou fechar os malotes, o que significa que o conteúdo não poderá ser utilizado para eventual denúncia.
Quando o MP afirma que não vai recorrer da decisão liminar e aguardar o mérito, é demonstração de confiança de que a Justiça, em análise mais aprofundada, não vai corroborar com o sepultamento de um material que visa comprovar a prática de crimes cometidos a partir da análise técnica e pericial do material apreendido.
A decisão do juiz Daniel Cabral Mariz Maia beneficiou o presidente da Câmara, Wolney França e os vereadores Rhalessa de Clênio e Professor Ítalo. Ambos buscaram a proteção da Justiça para impedir que o Ministério Público tivesse acesso ao conteúdo do material apreendido.
O que muita gente em Parnamirim está se perguntando é o que teria de tão perigoso nesse material apreendido, que está provocando tanto medo nos vereadores investigados e no presidente da Câmara.
Coerência é um artigo raríssimo na área política. A falta dela é vista todos os dias. Basta manter o tema e mudar o alvo, que vemos quem pensava de um jeito, mudar completamente o pensamento.
No caso prático, são as CPIs. Quando são abertas contra meus adversários, eu comemoro e apresento vários argumentos para justificar a investigação.
Quando a CPI é aberta para investigar meu aliado, imediatamente eu grito que é perseguição, politicagem, oportunismo, palanque eleitoral.
INCOERÊNCIA LOCAL
Vamos visualizar os casos de abertura de CPI no RN e identificar a incoerência gritante de cada grupo, de acordo com sua conveniência.
Quando a CPI da Covid foi aberta em Brasília para investigar falhas e irregularidades cometidas pelo Governo Jair Bolsonaro na condução do combate à Pandemia, políticos ligados ao PT e seus aliados comemoraram com força a instalação da CPI e apresentaram inúmeros argumentos para justificar a investigação. A turma de Bolsonaro gritava que não havia necessidade e que o capitão não merecia mais essa perseguição.
CPI da Covid aberta no RN para investigar gastos do Governo Fátima Bezerra na Pandemia. Adversários da petista, que haviam esbravejado contra a CPI de Brasília, aplaudiram a Assembleia e comemoraram a possibilidade de investigar sua adversária local. Aliados de Fátima disseram que a CPI daqui é politicagem e perseguição e não havia necessidade da investigação.
Operação da PF na Saúde de Natal. Quando a PF saiu com malotes de documentos da secretaria de Saúde de Natal, aliados do prefeito Álvaro Dias ‘murcharam’ e guardaram o discurso do golpe dos respiradores de Fátima. Já os petistas foram ligeiros no gatilho e já sinalizaram que seria bom abrir uma CPI na Câmara para investigar Álvaro.
Sempre assim. O argumento que uso para justificar meu ponto de vista, geralmente não é amparado em convicção. Não há fundamentação lógica. Há sentimento. Quando é do meu lado, o sentimento é de amor e amor cega os defeitos e amplia as virtudes. Quando é referente ao meu adversário, meu sentimento é de ódio e ódio cega a visão das virtudes de meus aliados e multiplica os defeitos de meus adversários. A coerência é justamente a capacidade de avaliar os fatos sem sentimentos. É por isso que é tão raro ver um político coerente.
É justamente por isso que, quem não é político e não é apaixonado pelos políticos, tem que cultivar a coerência, que nasce da avaliação crítica de forma integral e sem exceção.
Somente a partir da avaliação crítica desprovida de sentimentos extremos, teremos a capacidade de alimentar a semente da coerência, que é parceira da justiça.
Jamais haverá justiça sem coerência. Não esperemos coerência dos políticos. Eles são incoerentes pela própria natureza da atividade e pela permanente busca da sobrevivência. Tentemos ser coerentes conosco e busquemos multiplicar essa ideia.
Não é fácil. Mas é possível. Passe a ver os fatos que envolvem os políticos de maneira retilínea.
A régua que você usar para medir atos de Bolsonaro, tente usar também para medir as atitudes de Fátima, de Álvaro e de outros políticos em situações semelhantes.
Em alguns casos, as circunstâncias podem produzir mudanças nas medidas. É normal. Mas a tentativa sempre é válida.
Pela primeira vez, Eduardo Leiteadmitiu publicamente ser gay. O tucano que governa o Rio Grande do Sul falou de sua orientação sexual em entrevista ao talk show de Pedro Bial, o Conversa com Bial, na Rede Globo.
“Neste Brasil com pouca integridade neste momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder”, declarou Leite.
“Eu sou gay”, prosseguiu o tucano. “Sou um governador gay. Não sou um ‘gay governador’, tanto quanto [Barack] Obama, nos EUA, não foi um ‘negro presidente’, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso.”
Assista, abaixo, o vídeo com o trecho da entrevista do governador:
Leopoldo Silva/Agência Senado. Edifício do Congresso Nacional serviu de painel para projeção das cores do arco-íris junto com palavras como “orgulho” e “dignidade”.
Analisar o Congresso Nacional brasileiro a partir dos recortes de classe, raça e gênero, é constatar uma democracia pouco representativa. Mulheres, pessoas negras e LGBTI — sigla utilizada para designar lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgênero ou intersexos — estão sub-representados na política institucional brasileira.
As mulheres, que são mais da metade da população do país, ocupam 13,5% do Senado e 10% da Câmara; a população negra, por sua vez, maior parte da composição social, ocupa apenas 8,7% das cadeiras do Senado e 20,2% nas da Câmara, conforme levantamento feito com base em autodeclarações dos candidatos eleitos em 2016.
A população LGBTI no Brasil é estimada em 20 milhões de pessoas (não levando em conta as pessoas intersexo). Ainda que a comunidade LGBTI considere a cifra subestimada, já que muitas pessoas optam por não declararem sua identidade de gênero ou orientação sexual, o número já representa cerca de 10% da população nacional. No entanto, há apenas um representante dessa diversidade no Congresso Federal: o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), constantemente atacado por grupos reacionários e conservadores presentes na política, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que já cumpre seu sexto mandato na Casa Legislativa.
Os problemas de representação da comunidade LGBTI não se reduzem ao Poder Legislativo. De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), 377 pessoas LGBT concorreram aos cargos nas eleições municipais do último ano.
Apesar do aumento de candidatos em relação aos anos anteriores, diminuiu o número de eleitos: apenas 25 vereadores e um prefeito ganharam eleições, enquanto em 2012 o número foi de 29.
Atraso mundial
Comparado a outras regiões do mundo, o Brasil demonstra atraso. No Reino Unido, por exemplo, as recentes eleições parlamentares confirmaram 45 membros LGBT no corpo legislativo.
Nos Estados Unidos, sete membros do atual Congresso identificam-se como bissexuais ou gays. A política estadunidense conta com pessoas abertamente LGBT desde 1974, quando Kathy Kozachenko foi eleita no estado de Michigan.