A Operação Contragolpe, deflagrada na última semana pela Polícia Federal (PF), é um desdobramento da Operação Tempus Veritatis, deflagrada no dia 8 de fevereiro de 2024, para investigar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem política com a manutenção do então presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder.
Os planos incluíam o assassinato do presidente eleito Lula (PT), do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em operação da última terça-feira (19), a Polícia prendeu quatro militares e um policial federal que teriam preparado planos contra a posse de Lula, entre eles a ação debatida no grupo “Copa 2022”. Os indiciamentos dos demais suspeitos vieram após os primeiros depoimentos.
Os 37 indiciados em 21 de novembro de 2024, incluem o ex-presidente e militares ex-integrantes de seu governo por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.
Da bancada potiguar de oposição no Congresso Nacional, o único que se manifestou, nas redes sociais, foi o senador Rogério Marinho, que é secretário nacional do PL e presidente do partido no RN. Junto a um vídeo do youtube com declaração, Marinho escreveu: “Vivemos tempos em que a presunção de inocência e o equilíbrio entre os poderes estão sob ataque. A politização da Justiça, com narrativas forçadas e perseguições, ameaça a democracia e o Estado de Direito. É nosso dever expor essas arbitrariedades, defender a Constituição e garantir que o Brasil volte ao caminho da normalidade democrática. Não nos calaremos diante das tentativas de silenciar a direita conservadora e, consequentemente, grande parte do povo brasileiro”.
Apesar das palavras da liderança bolsonarista no Estado, nenhum outro nome falou sobre o assunto. Os deputados federais General Girão (PL) e Sargento Gonçalves (PL) não retornaram a questionamento da reportagem do Diário do RN sobre o assunto.
O senador Styvenson Valentim (Podemos), aliado de Rogério Marinho, não realizou costumeiros posicionamentos nas redes sociais e não retornou contato com o Diário do RN até o fechamento desta edição.
Por outro lado, parlamentares potiguares que formam a base do governo Lula se manifestaram sobre o assunto desde as primeiras horas após as prisões iniciais, através das redes sociais. À reportagem do Diário do RN, a senadora Zenaide Maia (PSD) afirmou que o compromisso do seu mandato é com os pilares da Constituição e atentar contra isto é “inaceitável”.
“É inaceitável que qualquer grupo ou indivíduo atente contra a Democracia Brasileira. As investigações da Polícia Federal são essenciais para identificar os responsáveis e garantir que ações criminosas sejam punidas de forma exemplar. Nosso compromisso é com a defesa da Constituição, das instituições democráticas e da vontade soberana do povo, pilares que garantem a paz e a segurança do país”, afirmou Zenaide.
Já a deputada federal Natália Bonavides (PT), aponta para a gravidade da aprovação de Bolsonaro sobre o plano para matar o atual presidente. Ela pede uma resposta rápida.
“A investigação da Polícia Federal que apura a tentativa de golpe de Estado e um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes é muito séria. Sobretudo porque os indícios apontam para que Bolsonaro, que na época tinha acabado de deixar a Presidência, sabia e aprovava o plano. O Brasil precisa dar uma rápida resposta a essa investida contra a democracia e punir todos os envolvidos na tentativa de golpe”, disse Bonavides.
O deputado federal Fernando Mineiro (PT) é um dos três parlamentares que vêm reiteradamente acompanhando e opinando sobre a situação. À reportagem, ele coloca que “é preciso que a sociedade acompanhe atentamente todo esse processo e cobre as devidas punições aos responsáveis por esses crimes”.
“A cada dia, novas evidências do plano de golpe de Estado e do assassinato do Presidente Lula, do vice Alckmin e do Ministro Alexandre de Morais vêm a público. As tentativas de minimizar e normalizar os atos cometidos pelos golpistas se tornam inócuas diante das apurações em curso.
Infelizmente, a histórica impunidade que marca a relação do Estado brasileiro para com golpistas e torturadores é o caldo de cultura que alimenta esse ciclo vicioso e criminoso que ronda a sociedade brasileira. Só teremos uma sociedade verdadeiramente justa quando se respeitar as diferenças políticas e se acatar os resultados das disputas políticas e a implementação dos projetos vitoriosos nas eleições”, afirma.