PAULO TARCÍSO CAVALCANTI: UM SOBREVIVENTE DA FÉ
POR: BOSCO AFONSO
De Seminarista de profunda Fé a Jornalista de sucesso em todas as áreas que percorreu.
Ele nasceu PAULO TARCÍSIO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI, em São Paulo do Potengi e no próximo dia 10 de julho estará completando seus 77 anos de idade bem vividos, embora aos 54 anos tenha sido acometido de um câncer que obrigou aos médicos a extrair o seu palato e fazendo-o viver um de seus períodos de vida mais dramáticos. Um sobrevivente da Fé.
Paulo Tarcísio Cavalcanti. Paulo Tarcísio. PTC ou simplesmente PT para os mais íntimos.
Seus pais, Francisco Potiguar Cavalcanti e Iolanda Albuquerque Cavalcanti fizeram com que ele, juntamente com mais 6 irmãos (Ana Maria, Marta, Maria das Graças, Alexandre, Poti Júnior e Suely) adotasse São Gonçalo do Amarante como a sua cidade, de onde saiu ainda na puberdade para o Seminário São Pedro, onde consolidou a sua Fé nos ensinamentos cristãos moldando, assim, a sua vida e a forma agir para com o próximo.
Aos 16 anos deixou o Seminário trazendo consigo o comportamento clerical. Amigo incondicional a quem conquista, e quem conhece Paulo Tarcísio reconhece em seu comportamento: um pacificador por essência. Passou pela política sem qualquer mácula, mas limitou sua carreira a dois mandatos de vereador e uma disputa, sem sucesso, ao Executivo, em São Gonçalo do Amarante. Não se tornou narrador de futebol, mas em sua adolescência sempre gostou de narrar imaginários jogos e escrever textos.
O TALENTO DO JORNALISTA
O exercitar da escrita o levaria a se transformar em um dos jornalistas mais talentosos e admirado. A sua passagem pelo Seminário não o entusiasmou para levá-lo ao Bispado, mas sua carreira jornalística, iniciada na Rádio Poti, o levaria a figurar no Cardinalato jornalístico do Rio Grande do Norte onde figuram Woden Madruga, Cassiano Arruda Câmara, Nelson Patriota. Agnelo Alves, Walter Gomes e tantos outros que lhe serviram de espelho para o seu aperfeiçoamento, enquanto que PT passara a influenciar uma nova geração, a exemplo do jornalista e professor do curso de jornalismo da UFRN Ricardo Rosado, que prestou esse depoimento:
“Sereno, conhecedor profundo da atividade jornalística em todas as suas fases, bom caráter, paciente para orientar e ensinar aos jovens repórteres os caminhos e os perigos da profissão. Redator seguro, substantivo.
Na profissão e na vida jamais presenciei trocar um fato jornalístico por um desaforo qualquer.
PT desfila como um mestre-sala em tudo que diz respeito ao bom profissional.
Fui seu repórter e a admiração é permanente. “Palhinha” é um dos grandes do jornalismo. Aqui ou em Brasília.
Jornal, rádio, tv, assessorias. Pra onde fosse escalado ele tomava conta com muito talento.
Orgulho de ter sido seu repórter. E ser amigo até hoje”.
Ricardo Rosado
Ao trabalhar no jornal Correio Brazilense, Paulo Tarciso aproveitou sua estada na Capital Federal e se tornou o primeiro jornalista a ser correspondente de um jornal norte-rio-grandense, o Diário de Natal, em Brasília. Mas sua carreira teve início nos estúdios da Rádio Poti, também dos Diários Associados e profissionalizou o radiojornalismo da Rádio Rural de Natal, pertencente a Arquidiocese de Natal, ao assumir editoria e direção daquela emissora.
Sempre adquirindo o respeito e admiração pelo seu trabalho por onde passava, PTC emprestou a sua inteligência, criatividade e talento nos principais jornais da Capital, a Tribuna do Norte e Diário de Natal onde constituiu uma legião de leitores, admiradores e amigos. O ex-governador e ex-senador José Agripino testemunha o trabalho de PT quando diz que
“Talvez Paulo Tarcísio seja, no momento, o mais longevo dos jornalistas potiguares que ao longo dos últimos 30, 40 anos registraram com muita fidedignidade, com muito profissionalismo a cena política do Estado e quando, morando em Brasília, também a política nacional. É um jornalista autêntico, é verdadeiro nas suas opiniões, inflexível nas suas convicções e, por assim ser, merecedor de nossa confiança, do prestígio que tem e da confiança que adquiriu ao longo do tempo como profissional competente que é”
José Agripino
Com o seu profissionalismo cada vez mais aprimorado entre um veículo de comunicação e outro, PTC se destacou na televisão comercial quando participou do programa O Povo na TV e esteve à frente (editoria e apresentação) do Jornal do Estado, na TV Ponta Negra, tendo exercido cargos públicos na assessoria direta aos Governadores Lavoisier Maia, José Agripino, Geraldo Melo e Fernando Freire e ao Senador Carlos Alberto de Sousa, além de coordenar setores de comunicação de campanhas eleitorais. Polivalente de sucesso na comunicação.
Formando legião de amigos, desempenhando com todo o seu talento e respeito a profissão que abraçou, PTC semeou um terreno fértil para o reconhecimento como expressou o ex-deputado Henrique Eduardo Alves:
“Paulo Tarcísio – o exercício do jornalismo exige dois sentimentos essenciais: a paixão e o caráter! Paulo Tarcísio se revela desde os primeiros passos. E ainda acrescento a humildade! Assim, tão querido e respeitado por todos. Um orgulho tê-lo como “amigo pra se guardar do lado esquerdo do peito”.
Henrique Eduardo Alves
Poti Junior, advogado, ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, ex-deputado estadual e hoje Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado se comove, mas não economiza elogios ao falar de seu irmão mais velho:
“Paulo Tarcísio é um dos jornalistas mais brilhantes de sua geração. Sempre foi uma referência para nossa família, merecedor de todas as homenagens”.
Poti Junior.
No rádio, no jornal ou na televisão Paulo Tarcísio fazia escola, até que se decidiu por criar a sua marca em veículo próprio quando montou uma gráfica para editar o semanário O GRANDE NATAL, mas depois de quatro anos o seu sonho foi interrompido.
A FÉ PARA SOBREVIVER AO CÂNCER
No auge da circulação de O GRANDE NATAL, que já formava opiniões na região metropolitana de Natal, a sua edição de nº 164, de 10 de maio de 1998 trazia a mensagem:
“Aos nossos leitores.
Tendo em vista problemas de saúde momentaneamente enfrentados pelo jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, O GRANDE NATAL se vê forçado a uma nova suspensão de sua circulação. Confiramos que, com a graça de Deus, tão logo se restabeleça, possa voltar a essa trincheira de luta e de trabalho a serviço do bem comum. Esperamos contar com a compreensão dos nossos leitores, especialmente daqueles, cujas assinaturas, ainda estão em andamento.
Até breve”.
Ali estava o comunicado de que PTC tinha constatado o enfrentamento de um câncer. Nas entrelinhas, prevendo o seu retorno ao trabalho, a sua demonstração de Fé.
Era o começo de uma caminhada de muitas incertezas, mas imbuída de muita Fé. Entre Natal, São Paulo e os Estados Unidos, sempre acompanhado de perto por familiares e amigos, à distância por outros amigos e admiradores confiantes nos desígnios de Deus, Paulo Tarcísio Cavalcanti venceu o câncer. Ali estava o SOBREVIVENTE DA FÉ.
E foi no seu livro CÂNCER, REFLEXÕES DE UM SOBREVIVENTE que Paulo Tarcísio Cavalcanti fez um completo relato de cada momento vivenciado no tratamento a que se submetera.
Nesse livro, Dom Heitor de Araújo Sales, então Arcebispo Metropolitano de Natal, escreveu:
“Estas páginas, certamente, ajudarão a muitos – não só aos que estiveram em situações tão difíceis e incertas como as que ele viveu, mas também a todos que saberão descobrir, louvar e glorificar as misericórdias do Senhor, fazendo eco ao salmista: “Misercordias Domini in aeternum cantabo” (Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor) (Salmo 88.2) ”.
Ao descrever a trajetória de sofrimentos ao lado da esposa Graça e da Tia Dulce, PTC foi perfeito. Tão perfeito quanto a cirurgia que retirou o seu palato para evitar a propagação do câncer. No livro ele conta detalhes, até mesmo da dificuldade que teve para se alimentar logo após a cirurgia e que a nutricionista do hospital decididamente queria que ingerisse a comida, mesmo sabendo que PTC sofria, naquele momento, até para dar o goto. Momentos dramáticos.
Tudo registrado. Do sofrimento ao reconhecimento aos amigos e familiares que estiveram presentes (mesmo estando ausentes) nessa sua dramática trajetória. Reconhecimento aos médicos; agradecimentos ao mais simples servidor do hospital; agradecimentos ao amigo, então deputado, José Adécio, que estava no mesmo hospital, nos Estados Unidos, na tentativa de também salvar seu filho, Adecinho, que, infelizmente, não teve a recuperação esperada.
Em 2005, o jornalista conterrâneo Murilo Melo Filho, ocupante da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras, esteve em Natal e deixou uma carta para PTC (guardada sem conhecimento público, até hoje e que o blog conseguiu com um de seus familiares para divulgação), falando da leitura de seu livro onde faz exaltações registradas em um determinado trecho:
“Fiquei muito feliz com aquele nosso rápido encontro em sua televisão, durante o qual estive com uma criatura de tanto valor como você. Ao longo destes meus 60 anos de jornalismo, tenho encontrado pessoas realmente admiráveis. E você foi uma delas. Continue como tem sido até hoje, meu querido Paulo Tarcísio. Sua vida contém um exemplo vivo de sofrimento e de vitória, tão bem descrito neste seu livro”.
Paulo Tarciso Cavalcanti escreveu o livro em 2001, sempre registrando a sua inabalável Fé:
“Graças a Deus, mesmo que, nem o dr. Shaha, o médico que me atende nos Estados Unidos, nem o dr. Ricardo Curioso, meu médico em Natal, em nenhum momento, ainda, tenham me considerado curado, sem dúvida, constitui, para mim, uma bênção divina. É ela que me permite como se, na realidade, a minha doença fosse uma coisa do passado”.
Hoje, o jornalista PAULO TARCÍSIO CAVALCANTI, sem ter conhecimento antecipado, recebe a homenagem deste blog e toda a equipe lhe envia um abraço fraterno, sabendo que com a sua Fé inabalável estará celebrando os seus 77 anos no próximo dia 10 de julho.
Confira a entrevista ao Programa Ponto de Vista 330 – Paulo Tarcísio Cavalcante: