O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é relator da CPI da Covid-19 instaurada no Senado, criticou nesta quarta-feira (22) a postura da operadora Prevent Senior em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Durante esta tarde, a comissão ouve o diretor-executivo da operadora, o médico Pedro Benedito Batista Júnior. A Prevent Senior é acusada de ministrar medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 em pacientes da doença que procuraram atendimento em hospitais vinculados à operadora.
O relator da CPI afirmou que a Prevent não é um plano de saúde. “É, na verdade, um plano macabro, de morte. E tinha a ousadia e pretensão de mudar a medicina do mundo com um estudo que foi vazado por Eduardo Bolsonaro”, afirmou. Segundo ele, as informações colhidas na CPI são graves e apavorantes.
“Se formos consultar o dicionário da Língua Portuguesa, vamos constatar que prevenção é sinônimo de prudência, diligência, previdência, mas, depois dessas informações estarrecedoras que vimos nos últimos dias e vimos hoje aqui, lamentavelmente, constatamos que essa Prevent não é um plano de saúde”, declarou Ranan Calheiros à comissão.
Em resposta, o representante da empresa que presta depoimento, o médico Pedro Benedito Batista Júnior, disse que o senador estava “desrespeitando três mil médicos, 15 mil funcionários e 550 mil famílias”.
As críticas continuaram, o senador Humberto Costa (PT-PE) classificou a atitude da Prevent como crime. “Quem permite que isso aconteça, que se faça isso com pacientes é criminoso. Foram 700 pacientes pesquisados que tiveram a autorização, mas mais de seis mil foram pesquisados sem que autorização tivesse. Até hoje, a Prevent dá cloroquina para quem chegar lá”, explicou.
Os membros da comissão acusam a operadora de realizar estudos sobre a eficácia de medicamentos, comprovadamente ineficazes, sem consentimento dos pacientes.
O médico representante da empresa negou todas as acusações e culpou ex-funcionários da empresa. “Ex-médicos da Prevent manipularam dados de uma planilha interna de acompanhamento de pacientes para tentar comprometer a operadora. Esses profissionais então, já desligados, passaram a acessar e editar o referido arquivo culminando no compartilhamento da advogada Bruna Morato em 28 de agosto”, afirmou Pedro Benedito. A advogada citada é quem teria apresentado à CPI as denúncias de irregularidades nos estudos conduzidos pela operadora.
À Comissão, ele confirmou ainda que a empresa de plano de saúde modificou códigos de diagnóstico de Covid-19 de pacientes após 14 ou 21 dias de internação por não representarem “risco à população do hospital”.
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), comunicou que incluirá, na lista de investigados do colegiado, o nome do médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior, que até então estava na condição de testemunha.
*Com informações do Metrópoles.