FORÇA FEMININA DO RN É EXALTADA EM EXPOSIÇÃO DE CORDÉIS E XILOGRAVURAS

Mulheres que fizeram e fazem história no Rio Grande do Norte serão tema de uma exposição de cordéis e xilogravuras que será lançada neste sábado (22), em Natal. O evento “Coleção Dez Mulheres Potiguares”, que está em sua oitava edição, contará com artes totalmente feita por mulheres para exaltar a força e a beleza femininas do estado. A abertura do evento será às 16h, na Casa do Cordel, localizada na Cidade Alta, com show musical de Dani Negro.
De acordo com a idealizadora do projeto, a cordelista Vani Fragosa, o projeto, além de pautar o empoderamento feminino através de artes da cultura popular predominadas por homens, visa recontar a história do estado destacando o protagonismo feminino, por mulheres.
“A cultura popular é eminentemente masculina, então, o espaço do cordel, da xilogravura, é eminentemente ocupado por homens. Por isso, o projeto é retomado num viés de ocupação mesmo, de contar a história, recontar a história do Estado a partir do viés feminino, do protagonismo feminino, e por mulheres”, explica.
A cada edição, são selecionadas dez mulheres que fizeram e fazem história no Rio Grande do Norte e, a partir disso, são confeccionados perfis biográficos por poetisas e xilogravuristas.
Este ano, serão homenageadas Alice Carvalho – atriz, roteirista, dramaturga e escritora, cuja arte ganha vida nos versos de Sâmara Carvalho; Célia Albuquerque – artista plástica de múltiplos talentos, da caligrafia à xilogravura, imortalizada na poética de Jussiara Soares; Érica Canuto – promotora de justiça, farol no combate à violência doméstica, nos versos de Vani Fragosa; Joanita Torres Arruda Câmara – liderança política que moldou o agreste potiguar, celebrada por Cláudia Borges e Khrystal – voz potiguar que ecoa nacionalmente, entoada nos versos de Marcelange Brito.
Ainda receberão homenagem Maria de Chão – mestra potiguara de Azeite Tradicional, na poesia de Amanda Simpatia; Nalva Nóbrega – pianista que transforma notas em emoção, retratada por Isabel Firmino; Natália Bonavides – deputada federal mais votada do RN, a mais jovem e a única mulher eleita da bancada potiguar em 2022, nos versos de Rita Catita; Nati Cortez – pioneira da literatura infanto-juvenil potiguar, na poética de Tereza Custódio e Tony Silva – atriz destacada na cena teatral potiguar, celebrada por Guadalupe Segunda.
As capas dos cordéis foram desenhadas em xilogravuras pelas mãos de Amanda Fagundes, Carol Fraga, Cecília Guimarães, Cowmila Wanderley, Eliane Melo, Gesca, Goreti Santos, JanaWan Wanderley, Kerous e Socorro Araújo.
Representatividade, incentivo e resistência
Além das questões das mulheres, segundo Vani, a exposição também busca abarcar a representatividade das pessoas com deficiência, LGBTQIA+, negras. “A gente sempre está trazendo esses recortes, essas discussões”, afirma. O projeto busca dar visibilidade a diferentes artistas a cada edição, além de abrir espaço para que novas mais mulheres iniciem no cenário do cordel.
“A gente sempre procura também incentivar novas no sentido de pessoas que estão iniciando, mulheres que estão iniciando no cordel, iniciando na xilogravura. Então, por exemplo, este ano, a maior parte das xilogravuristas são novas”, afirma a idealizadora do projeto. “Neste ano, por exemplo, a gente tem uma cordelista mirim, uma adolescente que também está iniciando no cordel”, conta, se referindo a Sâmara Carvalho.
Para Vani, reunir tantas mulheres em torno dessa ideia é muito gratificante. “Porque, a cada ano que passa, mostra mais que é um espaço que pode ser ocupado por nós, é só querermos. Apesar de ter muita resistência – a gente encontra muita resistência -, a aceitação [das mulheres nas áreas do cordel e na xilogravura] já está sendo maior que a resistência, digamos assim”, diz.
“Não é fácil porque, geralmente, as mulheres acumulam várias tarefas na nossa sociedade, e a mulher não é só cordelista. Muitas têm outras tarefas, tanto profissionais quanto pessoais, como dona de casa, mãe de família. Então essas barreiras permanecem, e é onde a gente encontra mais dificuldade. No entanto, por outro lado, quando nos encontramos, e quando conseguimos ultrapassar essas barreiras, o resultado é sempre muito bom”, completa.