O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva já deu provas de superação pessoal e de habilidade política. Outrora um ex-sindicalista radical que bradava contra o empresariado, passou a transitar com maestria entre trabalhadores e empregadores. Após perder três eleições para presidente da República, o nordestino enxergou seu calcanhar de Aquiles, mudou o discurso, transigiu, fez alianças e foi eleito para comandar o Brasil.
Lula passou quase 600 dias preso. Qualquer outro político teria sido tragado pelo cárcere, que produz esquecimento e fragilidade. Lula superou, alimentado pela história que construiu e pelo fanatismo de seus milhões de adoradores.
Lula foi solto, mas ainda não havia adquirido os direitos políticos, o que impedia a possibilidade de uma nova candidatura. Ressurgiu fortalecido por uma decisão judicial que anulou seus processos e o tornou elegível. A partir daí, entrou em ação o Lula habilidoso, que conversa com todos sem dificuldades.
Em dois dias, já havia conversado com políticos de esquerda e de direita do Rio, reuniu a bancada do PT no Senado e na Câmara e bateu um papo com o dinossauro maranhense e também ex-presidente, José Sarney, político que ainda exerce influência no MDB, um dos maiores partidos do País, com capilaridade também de interiorização.
Assim é Lula. 18 de junho de 2012, ainda em recuperação de saúde, mas em campanha para eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, Lula foi ao Jardim Europa, região nobre da capital paulista, na casa de Paulo Maluf pedir apoio, que também representava 1 minuto e 30 segundos a mais no tempo de TV do candidato petista. Maluf era odiado por petistas e considerado sinônimo de roubalheira de dinheiro público na política. Malufar era o mesmo que roubar.
Resultado da visita e da ação de Lula: Em 28 de outubro de 2012, Fernando Haddad foi eleito prefeito de São Paulo com mais de 3 milhões de votos, o que correspondeu a 55,57% dos votos válidos, derrotando José Serra, que ficou com 44,43% dos votos.
SUCESSÃO 2022
Portanto, Lula sabe que há um percentual significativo do eleitorado que não acompanha os dois extremos antagônicos beligerantes mútuos no Brasil. E esse percentual pode buscar um nome diferente de Lula e Bolsonaro. E aí Lula faz a diferença. Bolsonaro foca com força em seu eleitorado e não quer conversa com quem pensa diferente. Lula mantém o lulopetismo apaixonado e vai buscar outros segmentos sem a menor cerimônia.
2022 já começou. Com Pandemia e tudo, a sucessão presidencial vai fervilhar com ódio e amor. Mais ódio que amor.