
O presidente estadual do União Brasil, José Agripino Maia, negou que exista qualquer tipo de racha interno na legenda no Rio Grande do Norte. A declaração busca conter o desgaste político provocado pela denúncia do vereador Wiginis do Gás (UB), de Mossoró, que relatou ter sido pressionado por aliados do prefeito Allyson Bezerra (UB) a abandonar apoios dentro do próprio partido.
Agripino classificou o episódio como um caso “local” e já superado. “Não há confusão nenhuma. Foi um episódio local, que já foi explicado. Dentro do União Brasil não tem problema nenhum”, afirmou o dirigente, que procurou despolitizar o episódio.
Ele afirmou que Allyson não tem qualquer restrição ao nome da primeira dama de Natal a deputada federal, Nina Souza: “Pergunte para ele [Allyson] e fale com ele, vê se ele não tem os vereadores já escolhidos da preferência dele para apoiar deputado A, deputado B, deputado C, dentre os quais, Nina. Ele vai lhe dizer”, garantiu.
A tentativa de conter o debate, no entanto, ocorre em meio a sinais claros de disputa interna. O vereador Wiginis denunciou que pessoas ligadas a ele foram exoneradas da Prefeitura de Mossoró após declarar apoio à secretária de Assistência Social de Natal, Nina Souza (UB), pré-candidata a deputada federal e esposa do prefeito da capital, Paulinho Freire (UB), e ao deputado estadual Ivanilson Oliveira (UB).
Segundo o parlamentar, interlocutores diretos de Allyson Bezerra o procuraram para que desistisse do apoio a Ivanilson, alegando que o deputado estaria “em outro grupo político”. No lugar, teriam sido sugeridos nomes ligados ao grupo do prefeito, como o da esposa dele, Cíntia Pinheiro, e o do deputado Neilton Diógenes. A negativa de Wiginis teria motivado, segundo ele, as exonerações de aliados na gestão municipal.
O episódio expõe a disputa por espaço entre dois polos do União Brasil no Estado: o grupo do prefeito Allyson Bezerra e o do prefeito de Natal, Paulinho Freire, ligado a Rogério Marinho (PL) e Álvaro Dias (Republicanos). Ambos são nomes estratégicos para o partido nas articulações que antecedem as eleições de 2026.
Mesmo diante desse cenário, Agripino reafirmou que a legenda segue coesa. “Está tudo certo, tudo resolvido”, garantiu o presidente estadual, afirmando ter chegado recentemente de Brasília, onde participou de reuniões sobre o assunto. Ele também negou rumores sobre uma possível filiação do senador Styvenson Valentim ao União Brasil. “Não existe nada disso, nem conversa sobre isso”, pontuou.
Allyson nega retaliação e vereador reage: “quem falta com a verdade é ele”

Sobre o assunto, o prefeito Allyson Bezerra resolveu se pronunciar em fala à Difusora de Mossoró, afirmando que lamenta o desencontro, mas negou qualquer retaliação contra o vereador Wiginis do Gás. “Ele resolveu seguir outro caminho, outro grupo político… outro grupo partidário do ponto de vista de grupo político, a gente lamenta”, e que a gestão nunca condicionou apoios, acusações que o prefeito classificou como “falta com a verdade” e “factoides políticos”.
O “outro grupo partidário” que o prefeito e pré-candidato ao Governo se refere são nomes do próprio partido União Brasil. Wiginis teria tido indicados exonerados de cargos da prefeitura após anunciar o apoio à Nina e oficializar o apoio a Ivanilson. A discordância, portanto, se dá entre alas e articulações internas da legenda, não entre partidos distintos. Mesmo assim, Allyson entra em contradição e reafirma o apoio do grupo à pré-candidatura de Nina Souza em Mossoró.
Allyson disse ainda que pedidos pessoais do vereador para permanecer na base não teriam sido atendidos.
Wiginis reagiu ao Diário do RN: “Infelizmente, quem está faltando com a verdade é ele, porque em momento algum eu fiz pedido nenhum… infelizmente, quem está faltando com a verdade é ele.
Terça-feira, se entrar nesse assunto na Câmara, eu vou falar novamente, detalhe por detalhe”, anuncia o vereador.