A Justiça Eleitoral mandou arquivar inquérito para apurar o suposto recebimento de R$ 3 milhões em caixa 2 pelo ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB, sem partido) para uso em campanhas eleitorais.
A afirmação sobre o caixa 2 foi feita em delação por Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente da Ecovias, concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes —principal ligação da cidade de São Paulo com o litoral sul do estado.
O Ministério Público Eleitoral opinou pelo arquivamento devido ao esgotamento das atividades investigativas e devido ao longo tempo entre os fatos e a presente data. A 1ª Zona Eleitoral de São Paulo realizou o arquivamento no dia 10 deste mês.
Na área cível, porém, esse arquivamento não compromete o acordo do ex-presidente da Ecovias e da concessionária com a Promotoria do Patrimônio Público, com base nos relatos.
Provável vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alckmin afirmou não conhecer os termos da delação, mas lamentou que, “depois de tantos anos, mas em novo ano eleitoral, o noticiário seja ocupado por versões irresponsáveis e acusações injustas”.
A informação sobre o arquivamento na Justiça Eleitoral foi revelada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela Folha.
De acordo com o relato do ex-presidente da concessionária, os valores foram pagos a título de caixa 2 — primeiro, em 2010, em um total de R$ 1 milhão. Na ocasião, pelo PSDB, Alckmin foi eleito governador.
A segunda parte, no valor de R$ 2 milhões, teria sido para a campanha de 2014. Naquele ano, Alckmin se reelegeu ao governo paulista.
O pagamento teria se dado por meio de pessoas ligadas ao governador, segundo o relato do delator.
Em nota, o ex-governador afirmou que não conhece os termos da colaboração, mas que a versão divulgada não é verdadeira. Ele afirma que suas campanhas eleitorais jamais receberam doações ilegais ou não declaradas.
Alckmin afirmou que seguirá prestando as contas para a sociedade e a Justiça, como é dever de todos.
O ex-executivo Marcelino Seras teve acordo de não persecução cível homologado pelo Ministério Público paulista nessa terça-feira, 15, com relato de cartel entre as concessionárias de rodovias paulistas.
O acordo de não persecução da empresa com a Promotoria do Patrimônio Público foi fechado em R$ 638 milhões —valor que a Ecovias deverá bancar parte em obras e parte em dinheiro como compensação pelas irregularidades.
O ex-presidente da empresa Marcelino Rafart de Seras terá de pagar R$ 12 milhões ao Tesouro.
O acordo da concessionária já havia tido uma homologação inicial, mas precisou de correções. Agora, tanto a empresa quanto o executivo não serão processados.
O Ministério Público investigará ainda outras concessionárias de rodovias de São Paulo não contempladas pelo acordo. Antes, porém, será preciso fazer a homologação na Justiça.
As informações são da Folha de S. Paulo