Início » CPI COVID: O QUE ESPERAR DOS PRIMEIROS DEPOIMENTOS?

CPI COVID: O QUE ESPERAR DOS PRIMEIROS DEPOIMENTOS?

  • por
Compartilhe esse post

O que esperar dos primeiros depoimentos da CPI da Covid
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Nesta terça-feira (4), às 10h, o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta marca o início das oitivas da CPI da Covid. Outro ex-chefe da pasta que também será ouvido hoje é Nelson Teich. Já na quarta-feira (5) é a vez de Eduardo Pazuello. Seu depoimento é um dos mais esperados pelos membros da CPI e o que mais preocupa o Palácio do Planalto.

Na quinta-feira (6), a CPI promove as oitivas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. De acordo com um integrante da CPI, os senadores visam, durante a esta semana, “fazer a reconstituição passo a passo das crises no Ministério da Saúde e determinar responsabilidades”.

Ao longo do depoimento de Mandetta, a oposição irá questioná-lo acerca das interferências de Jair Bolsonaro no Ministério da Saúde.

Os senadores de oposição desejam sinalizar como o presidente da República sabotou o combate à pandemia enquanto a ala governista tentará “desconstruir” a imagem técnica do ex-ministro, mostrando que ele agiu politicamente à frente da pasta, já pensando em uma candidatura à Presidência da República. Serão pelo menos 45 perguntas.

A oitiva de Nelson Teich preocupa o governo pelo fato de o ex-ministro ter iniciado as tratativas para a compra de vacinas. Os senadores do chamado G7 almejam focar exatamente neste aspecto para apontar, também, que a ação de Bolsonaro foi determinante para atrasar as tratativas junto às indústrias farmacêuticas. O objetivo é fazer, no mínimo, 36 questionamentos.

Ainda amanhã (5), acontece a inquirição do ex-ministro Eduardo Pazuello. O general foi treinado pelo Planalto para responder às perguntas dos senadores e para não se descontrolar após eventuais provocações de integrantes da oposição.

No decorrer do depoimento de Pazuello, os senadores vão questionar o ex-ministro sobre o processo de aquisição de vacinas e vão lembrar, por exemplo, do cancelamento do protocolo de intenções com o Butantan para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac.O recuo do governo ocorreu por determinação de Bolsonaro“Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, declarou Bolsonaro em outubro do ano passado.

Na oitiva de Pazuello, os senadores planejam também inquirir sobre o aplicativo TrateCOV, “tratamento precoce”, prescrição e aquisição de cloroquina, falta de campanhas publicitárias de enfretamento do novo coronavírus e sobre a falta de oxigênio e colapso na saúde de Manaus.

Os depoimentos mais mornos, de acordo com os próprios integrantes da CPI, devem ser de Queiroga e Barra Torres. Nos dois casos, segundo o colegiado, as perguntas serão mais técnicas, focadas no plano de imunização e nas autorizações para o uso de emergencial de vacinas.

Confira as principais perguntas que serão feitas pelos membros da CPI às testemunhas:

Ameaça não dá', desabafa Mandetta em telefonemas a ministros | Blog do  Gerson Camarotti | G1
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta— Foto: Adriano Machado/Reuters

Luiz Henrique Mandetta:
– Houve pressão do presidente da República relacionada à aplicação da cloroquina?
– Houve algum tipo de tratativa para a compra de vacinas?
– Houve interferência do Planalto contra a adoção das medidas de isolamento social?
– Quantas vezes (ou em quais oportunidades) o presidente foi alertado sobre o isolamento social?
– Houve algum movimento de caráter político quando Mandetta esteve no ministério?
– O Ministério da Saúde fiscalizou recursos encaminhados aos estados e municípios para o enfretamento da pandemia?

Nelson Teich recusa convite para ser conselheiro do Ministério da Saúde |  Poder360
Foto: Sérgio Lima/Poder360 15.mai.2020

Nelson Teich:
– Houve pressão do presidente da República relacionada à aplicação da cloroquina?
– Quando foram iniciadas as tratativas para a aquisição de vacinas? Houve algum protocolo de intenção para aquisição de imunizantes iniciado na gestão Teich?
– O Planalto boicotou ações de isolamento social?
– Houve ação do Ministério para disponibilizar leitos de UTI?

O futuro de Pazuello | VEJA
Pazuello enquanto era ministro da Saúde Andressa Anholete/Getty Images

Eduardo Pazuello:
– Houve pressão do presidente da República relacionada à aplicação da cloroquina?
– Por qual motivo o governo federal ignorou o protocolo de aquisição de vacinas da Pfizer em agosto do ano passado?
– Houve interferência do Planalto contra a adoção das medidas de isolamento social?
– O presidente Jair Bolsonaro vetou a compra de vacinas em algum momento?
– De quem foi a responsabilidade pelo colapso do sistema de saúde no Amazonas?
– O Ministério da Saúde foi alertado previamente sobre a crise da saúde no Amazonas?
– De quem foi a responsabilidade pela compra e envio de cloroquina para estados e municípios?
– De quem foi a ideia de se implementar o aplicativo TrateCOV e quem é o responsável pela recomendação do chamado “tratamento precoce”?

Marcelo Queiroga diz que meta do governo é vacinar 1 milhão por dia -  Diário do Poder
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

Marcelo Queiroga:
– Ao sair do Ministério da Saúde, Pazuello deixou algum planejamento relacionado à compra de vacinas? Em caso positivo, houve erros nesse planejamento?
– Qual é a expectativa de entrega de vacinas até o final do ano?
– Houve alguma recomendação do presidente Jair Bolsonaro para acelerar o processo de compra de vacinas?
– Houve algum entrave por parte do Palácio do Planalto que impediu a compra de vacinas?

Comissão de Assuntos Sociais aprova indicados a presidente e diretora da  Anvisa — Senado Notícias
Antonio Barra Torres teve o nome aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais para diretor-presidente da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Pedro França/Agência Senado

Antônio Barra Torres:
– O governo interferiu, em algum momento, para atrasar a concessão de autorização emergencial de vacinas?
– Qual o período médio para a concessão de autorização emergencial para imunizantes?
– As empresas farmacêuticas buscaram a Anvisa para acelerar a concessão da autorização emergencial de imunizantes?

*Com informações do O Antagonista.


Compartilhe esse post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *