A deputada Federal Natália Bonavides tem sido atuante e produtiva como parlamentar de primeiro mandato. Se destaca como a integrante da bancada potiguar que mais produziu material legislativo até o momento, além de apresentar milhões de reais em emendas que beneficiam o RN em diversas áreas.
Porém, a pretexto de cumprir seu papel em busca da verdade sobre mortos e desaparecidos políticos durante a ditatura militar, a deputada Natália apresentou emenda de 100 mil reais para uma instituição de ensino de São Paulo.
Sua atitude seria nobre. Afinal, a causa é justa. Ela quis marcar posição em relação a esse tema.
Entretanto, não podemos esquecer que São Paulo é o Estado mais rico da federação e tem 70 deputados federais, enquanto o RN é um dos mais pobres e só tem 8 deputados. É uma situação de desproporcional desigualdade.
Um Estado pobre como o RN, que vive de esmolas do Governo Federal para poder bancar suas atribuições básicas, não pode se dar ao luxo de destinar verbas para um Estado como São Paulo. E não é só pelo valor. É pelo simbolismo da escolha.
Natália não agiu corretamente enquanto parlamentar do RN ao destinar dinheiro para uma instituição de São Paulo. Deixasse que deputados de lá o fizesse.
É para isso que existe a representatividade de cada unidade da federação. Se eu represento o RN, tenho que destinar tudo que for possível para o RN. Se represento SP, destino tudo para SP.
Que ela pense mais em seu Estado quando for destinar recursos públicos de emenda parlamentar. Por mais nobre que seja a motivação, não há justificativa consistente para enviar dinheiro para outro Estado.
Natália Bonavides errou. E erra ainda mais quando tenta justificar o injustificável. Mas não é por isso que precisa ser crucificada. Sua atuação parlamentar é maior do que a destinação de uma emenda.
O desgaste de sua atitude precisa ser pedagógico para que não se repita.