
A detecção precoce do câncer é um fator determinante para o sucesso do tratamento e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, porém a luta contra o câncer é um desafio não apenas físico, mas também emocional e financeiro. Para muitos pacientes, a dificuldade em encontrar apoio gratuito e acessível pode agravar ainda mais a situação.
Segundo dados do estudo realizado em 2022 pela Fiocruz (CEE) e pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, nos últimos quatro anos, aumentou em 400% o custo médio dos procedimentos de tratamento de câncer no Brasil, como a quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
No RN, pacientes oncológicos podem buscar atendimento gratuito através da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer. Criada em 1949, na cidade de Natal, a Liga é uma instituição privada e 100% filantrópica, que atende pacientes encaminhados pelo SUS, via plano de saúde e particular.
“Atualmente, oferecemos serviços não apenas para aqueles com diagnósticos confirmados, mas também para quem apresenta lesões suspeitas. Temos um sistema de triagem que permite o acesso de pacientes de toda a região, incluindo os do interior”, explica a Dra. Diana Taissa, mastologista que trabalha na Liga.
A Liga atualmente conta com cinco unidades de saúde no estado: o Centro Avançado de Oncologia (CECAN), em Natal; a Policlínica/Liga Contra o Câncer, em Natal; o Hospital Dr. Luiz Antônio, em Natal; o Centro de Diagnóstico e Ensino do Seridó (CDES), em Currais Novos; e o Hospital de Oncologia do Seridó, em Caicó. A instituição também possui uma unidade assistencial, a Casa de Apoio Irmã Gabriela, que recebe pacientes do interior que precisam fazer tratamento em Natal.
Os pacientes podem iniciar seu atendimento através de postos de saúde, e quando há uma suspeita de câncer, o médico do posto realiza um encaminhamento para a policlínica mais próxima, onde um profissional pode avaliar a situação e, se for necessário encaminhar para a Liga, o paciente sai com consulta agendada. Porém, também existe a porta de entrada via Liga: “Se necessário, o paciente é imediatamente encaminhado para nós, por meio do nosso serviço de triagem, facilitando assim o acesso a um atendimento especializado”, declara Diana.
O processo de triagem é um elemento fundamental do atendimento, onde os pacientes podem marcar consultas enviando seus exames por e-mail ou comparecendo pessoalmente à Liga.
“Analisamos os exames para verificar se o paciente se enquadra no perfil de atendimento da Liga, e então agendamos a consulta”, explica a mastologista. Essa triagem ocorre todos os dias da semana.
Os casos atendidos pela Liga abrangem uma ampla gama de situações. “Atendemos pacientes com alterações em exames que indicam suspeitas de câncer, assim como aqueles que já têm um diagnóstico confirmado. É importante ressaltar que temos uma abordagem rápida para aqueles que chegam com biópsias positivas”, afirma Dra. Diana.
Francineide Ferreira relatou sua experiência com a Liga, onde seu pai recebeu tratamento para câncer de pulmão. Ela elogiou o atendimento humanizado e a atenção dedicada à família e ao paciente. “Recebemos o mesmo cuidado que um paciente particular, mesmo sendo pelo SUS, minha experiência com a Liga foi muito boa”, afirmou, destacando a importância do suporte emocional e profissional durante todo o tratamento.
Câncer de mama
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, em 2024, o Rio Grande do Norte registrará 1.140 novos casos de câncer de mama. Este tipo de câncer é considerado um grave problema de saúde pública, representando 30% de todos os casos de câncer diagnosticados entre mulheres no Brasil e no mundo.
A causa do câncer de mama é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, histórico familiar, idade da menarca (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos) e uso de contraceptivos hormonais. Além disso, um estilo de vida sedentário é um fator de risco que deve ser considerado.
Para reduzir as chances de desenvolver a doença, é fundamental adotar hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e a escolha de uma alimentação equilibrada. A conscientização e a mudança de hábitos podem fazer a diferença na luta contra o câncer de mama.
De janeiro a agosto de 2024, a Liga Contra o Câncer diagnosticou 673 casos de câncer de mama, a instituição também realizou mais de 12 mil tratamentos de quimioterapia e 16 mil mamografias neste período. Esses números destacam a importância do diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos adequados, refletindo a crescente necessidade de atenção à saúde da mulher.
“A campanha do Outubro Rosa visa diminuir o impacto desta doença nas mulheres implementando a cultura do diagnóstico precoce que é a melhor abordagem para tratamento e cura que pode chegar até 95%, quando numa fase inicial”, explica o médico Jader Gonçalves, mastologista da Liga Contra o Câncer.
Outubro Rosa: conscientização e inclusão
O mês de outubro é especialmente significativo para a Liga, que aproveita a oportunidade do Outubro Rosa para intensificar suas atividades de conscientização sobre o câncer de mama.
“Nosso objetivo é educar a população sobre a importância da detecção precoce e do autocuidado”, diz Dra. Diana. Para isso, além das palestras promovidas durante todo o mês para diversas instituições, a Liga durante o mês de outubro pretende realizar três eventos.
Um desses eventos foi realizado nos dias 4 e 5 de outubro, onde a Liga Contra o Câncer promoveu uma ação no Midway Mall para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Durante o evento, 88 mulheres passaram por triagens e 130 receberam encaminhamentos para mamografias e ultrassonografias. Além dos exames, o estande ofereceu atividades de saúde, como verificação de pressão arterial e maquiagem gratuita. Iracema de Castro foi uma das mulheres que passaram pela triagem durante a ação e elogiou a iniciativa da Liga. “É muito importante fazer o exame e saber que a gente está bem. E o tratamento da equipe é fora do normal, fomos muito bem tratadas”, disse.
Uma das inovações mais relevantes deste ano foi a inclusão da comunidade trans nas atividades do Outubro Rosa. “Reconhecemos que homens e mulheres trans também estão em risco para o câncer de mama, e precisamos garantir que eles tenham acesso a informações e serviços de saúde adequados”, explica Dra. Diana. O evento aconteceu na última quinta (17) e sexta (18), voltado para essa população e contará com consultas, orientações e triagens, promovendo um espaço seguro e inclusivo para todos.
Além das iniciativas de conscientização, a Liga está organizando um mutirão de cirurgias para atender pacientes que estão há muito tempo na fila de espera. “São cirurgias que a gente não considera ainda como diagnóstico de câncer, mas estão em investigação, então vai ser um mutirão bem benéfico para esses pacientes, para tentar adiantar o diagnóstico delas”, afirma a Dra. Diana. O mutirão ocorrerá neste sábado (19), no Hospital Dr. Luiz Antônio, reunindo equipes de profissionais para atender à demanda reprimida e auxiliar pacientes que aguardam por procedimentos cirúrgicos.