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VALORIZAÇÃO DO REAL FRENTE AO DÓLAR SERÁ MOVIMENTO DE CURTO PRAZO, DIZ ZEINA LATIF

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Mulher precisa perceber as barreiras no mercado de trabalho e não ter medo  de se colocar, diz economista-chefe da XP | Concursos e Emprego | G1

Ex-economista-chefe da XP explica que regime fiscal brasileiro e tipo de gasto durante a pandemia dão falsa sensação de melhora econômica

Por Antagonista

A volta do dólar ao patamar próximo dos R$ 5 tem sido considerada um sinal de que a economia brasileira está retomando sua pujança. Um dos motivos desse movimento é um novo ciclo de compra de commodities — produtos agropecuários ou de extração mineral em estado bruto e destinados à exportação — pela retomada da economia na China e em outros países desenvolvidos que lideram a vacinação contra a Covid.

Mas, ao contrário do que o Brasil experimentou no passado, essa melhora econômica pode ser um voo de galinha. O cenário foi traçado pela consultora econômica Zeina Latif, em entrevista a O Antagonista (assista ao vídeo no fim do texto).

“O patamar de R$ 5 por dólar ainda é elevado em relação ao que sugeriria esse ciclo do dólar no mundo.

E um dos motivos, segundo a economista, é a questão fiscal do Brasil.

“Não podemos dizer que a melhora dos indicadores fiscais reflete uma melhoria no regime fiscal. O que temos visto, até em função da pandemia, são gastos aumentando além do teto porque a lei permite. Mas o fato de a lei permitir não quer dizer que seja a coisa mais saudável. Também é preciso avaliar a qualidade do gasto público. Não foram gastos para fortalecer a economia no pós-pandemia, mas sim com medidas de socorro, que são necessárias, mas sem a devida calibragem. Só ficar nesse socorro de curto prazo sem pensar no dia seguinte não é sábio.”

Ela também projeta PIB negativo no segundo trimestre deste ano.

Leia parte da entrevista abaixo:

Qual o motivo da valorização recente do real frente ao dólar e por quanto tempo esse cenário poderá perdurar?

É uma combinação de bons indicadores da economia chinesa, porque há um processo de recuperação, e até elevação, de estoques em meio a essa guerra comercial [com os EUA]. Há também preocupações com a questão fiscal nos Estados Unidos e as consequências disso.

Eu acho que há limites para valorização da nossa moeda ou da desvalorização da moeda norte-americana. Porque os EUA são um país com uma dinâmica muito forte. Eventuais excessos do lado fiscal não vão resultar numa perda rápida de crescimento, exceto se o FED [Banco Central dos EUA] for forçado a elevar juros, o que também influenciaria a favor da valorização do dólar.

E o cenário da moeda no Brasil?

Os fatores domésticos que influenciam a flutuação do real tornam o fôlego limitado porque, apesar do resultado do PIB brasileiro no 1º trimestre [crescimento de 1,2% em relação ao mesmo período de 2020], o detalhamento dos dados mostra que não é tudo isso.

Há também o fato de a sociedade ter aderido menos a medidas de isolamento e a questão de a pandemia ainda ser tão preocupante. Isso pode cobrar um preço do Brasil, que pode respirar esse clima de incerteza por mais tempo. Provavelmente, o PIB do 2º trimestre deve apresentar resultado negativo.


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