Arthur Lira (PP-AL), que se elegeu presidente da Câmara com a bandeira do voto impresso, disse hoje (30) que discutir o assunto na Casa é “perda de tempo”. Segundo ele, já há um projeto sobre o tema no Senado.
“Já existe uma PEC no Senado desde 2015 com relação ao voto impresso e o Senado nunca se debruçou para analisar”, justificou. Segundo ele, o assunto agora teria de “ser tratado no Senado”.
Lira expressou seu novo posicionamento um dia depois da live em que Jair Bolsonaro atacou o voto eletrônico reciclando peças de desinformação que circulam na internet. O TSE desmentiu o presidente da República em tempo real, durante a transmissão.
Há dois dias, Lira disse à GNews que, apesar de confiar na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas, não via “problema de aumentar a auditagem nas urnas”. Em maio deste ano, o deputado afirmou que “parte da sociedade e parte do Congresso querem auditar o voto”.
A mudança de posição também ocorre depois de audiências realizadas na Câmara com Luís Roberto Barroso, em junho.
Em maio, o próprio Lira determinou a instalação da comissão especial que discute o voto impresso. Os bolsonaristas, porém, passaram a martelar o tema nas redes sociais como forma de boicotar o pleito de 2022 — com direito a ameaça do ministro da Defesa, Braga Netto.
Em consequência, a rejeição ao voto impresso aumentou. Paulo Martins, que preside o colegiado, encerrou subitamente a última sessão da comissão especial ao perceber que a proposta seria rejeitada pelos deputados presentes.
“Antes estava um clima muito tranquilo para a aprovação, e após essa reunião de fato mudou o cenário”, disse Felipe Barros a O Antagonista semanas atrás.
O novo encontro está marcado para 5 de agosto, mas o show de horrores de Bolsonaro ontem inviabilizou definitivamente a tramitação. Lira deixou isso claro hoje.
*Informações de O Antagonista.