
Ser mãe era o grande sonho de Maria da Conceição Cirilo. Quando isso aconteceu, ela não teve um companheiro ao lado, foi “mãe, pai, o tudo” da filha, como declarou emocionada, em entrevista ao Diário do RN.
Na condição de mãe solo, os desafios foram muitos e Ana Paula tinha seis anos de idade quando foi detectada uma deficiência intelectual. Até os 11 anos fez ballet, depois enveredou pelo atletismo onde participou de muitas competições, inclusive nacionais.
“Até a última viagem que ela fez, para Manaus, nunca deixei faltar o que ela levar mala. Eu vivi de lavar de roupa e de engomar, de domingo a domingo, mas nunca deixei faltar o alimento, o remédio…
Perguntada sobre o que a maternidade lhe trouxe de mais valioso, Maria da Conceição volta a se emocionar: “Eu acho que uma pessoa que tem uma filha como Ana Paula pode agradecer a Deus tudo, porque eu ensinei ela a caminhar, ela me ensinou muito mais. Ela não teve infância, não teve lazer, era do meu lado para lavar roupa e engomar. Nossa vida estava resumida a viver uma para outra”.
Hoje com 32 anos, Ana Paula Cirilo relembra toda a dedicação e renúncia da mãe: “Ela abdicou muito e renunciou tudo para estar ali ao meu lado para tudo. Me deu suporte, apoio. Então, eu sempre tive um sonho, eu queria trabalhar, eu queria está inclusa”.
A realização desse sonho aconteceu 13 anos atrás, quando foi contratada por uma rede internacional de lanchonetes. Mas, pouco tempo depois, vieram crises convulsivas que quase a tiraram do mercado. Mais uma vez, a dedicação da mãe fez toda diferença na vida da jovem: “Eles quebraram protocolos e efetivaram minha mãe. Trouxeram para perto de mim o amor de mãe que ultrapassa todos os limites e barreiras”, contou Ana Paula.
Assim, dona Conceição está há 10 anos na empresa e trabalha como atendente ao lado da filha. Uma experiência que trouxe tranquilidade para a mãe e renovou o laço afetivo das duas. “Foi uma coisa muito maravilhosa! Ao mesmo tempo eu tinha medo porque só via jovens e eu tinha cinquenta e dois anos. Mas pensei: eu vou arriscar, minha filha é mais importante”.
O amor de filha para mãe também transborda na maternidade que Ana Paula vive hoje: “Eu tento passar para minha filha o que minha mãe passou para mim e o que ela hoje representa para minha vida também, porque eu digo que ela não só é a minha mãe, mas é a mãe também da minha filha”.
Às vésperas de comemorar o Dia das Mães, Ana fala sobre a legitimidade de um amor que está além de palavras, traduzido em atos: “O amor não é aquilo que a gente fala. Muita gente se ama, mas não ama, são palavras vazias, e o amor também está nas atitudes. Então, a atitude dela fala mais do que um eu te amo, porque ela é aquela que abdicou a vida lá atrás até hoje, é aquela muito protetora e que abriu mão de tudo dela”