O Brasil está em 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só fica atrás de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Comparando aos países desenvolvidos, em solo brasileiro se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia.
O Brasil contabilizou, em meio ao isolamento social, 1.350 casos de feminicídio em 2020 – um a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número é 0,7% maior comparado ao total de 2019. Ao mesmo tempo, o registro em delegacias, de outros crimes contra as mulheres, caiu no período, embora haja sinais de que a violência doméstica, na verdade, pode ter aumentado.
Somente no Rio Grande do Norte (RN), de acordo com relatório do Obvio e Coine, até o mês de julho deste ano, oito mulheres tinham sido vítimas do feminicídio no Estado; além disso, os dados apontam homicídios de outras 33 mulheres. Vale destacar que, comparado com outros anos, os índices dos crimes foram reduzidos.
No dia 11 de agosto deste ano, uma mulher foi esfaqueada pelo ex-companheiro em uma das avenidas mais movimentadas do bairro do Alecrim, o principal centro comercial de Natal. A faca ficou cravada na cabeça da vítima, que não resistiu e morreu no local. O crime ocorreu na Avenida Presidente Quaresma (também conhecida como Avenida 1). O vídeo é massacrante.
As imagens do circuito de segurança de uma loja mostram a mulher caminhando pela calçada quando é atacada pelas costas com vários golpes de faca. De acordo com a PM, o homem detido era ex-companheiro da jovem, que vendia doces na região, segundo populares. No dia, o criminoso fugiu em direção à Avenida dos Caicós (Avenida 7), onde foi parado por populares. A Polícia Militar foi acionada e prendeu o homem em flagrante.
Nesta quarta-feira (25), em movimento promovido pela Marcha das Mulheres, alusivo ao Agosto Lilás, em conscientização pelo fim da violência contra mulher, também em alusão ao feminicídio que ocorreu no Alecrim, simbolicamente esse ato ocorria na região na qual a mulher foi assassinada. Mas, os manifestantes se depararam com um grave ato de violência.
Segundo a vereadora Brisa Bracchi (PT), integrante da Marcha Mundial das Mulheres e líder da oposição da Câmara Municipal de Natal, é inadmissível que, em uma marcha de mulheres contra o feminicídio, um homem se sinta à vontade, ao ponto de sair da sua moto, retirar uma pistola, uma arma, e apontar para as mulheres que estão ali, reivindicando justamente um mundo livre de violência. Reivindicando, justamente, que esses homens não se sintam confortáveis para levantar uma arma para as mulheres.
Confira momento da ameaça:
“é inadmissível e é triste, não nos sentirmos seguras nem mais para ocuparmos às ruas pelo nosso direito de viver, pelo nosso direito de não sofrer violência: é lamentável o que aconteceu na tarde de hoje no município de Natal, e eu queria registrar aqui que eu espero que todas as medidas sejam tomadas, porque há vídeos, há registros da placa do veículo, há registros da foto do cidadão que fez isso e isso não pode passar impune. Não se deve aceitar esse tipo de retaliação, esse tipo de ameaça, esse tipo de constrangimento”.
Brisa Bracchi
Além disso, a parlamentar destacou que poderia ter acontecido algo muito mais grave e ressaltou a necessidade de se posicionar repudiando o que aconteceu.
“Por isso que eu tenho muito orgulho de dizer que sempre defendi que a gente sempre tem um caminho de valorizar e defender mais educação para todas e todos e não mais armas”, finalizou.