Fernando Antônio, mais conhecido como Nando Poeta, foi definido pelo PSTU em maio para participar da disputa municipal em Natal. Sociólogo, professor da rede pública e cordelista, tem 61 anos, há 40 milita pelo socialismo e há mais de 30 anos é filiado ao PSTU.
Luciana Lima (PSTU) será a vice. Até o momento, não há apoio de outras candidaturas. O Diário do RN conversou com o pré-candidato sobre a decisão de ser candidato ao Executivo natalense.
Diário do RN – Por que pretende se candidatar à prefeitura de Natal?
Nando Poeta – Eu sou de Natal e criado no bairro Alecrim. Estudei nas escolas do padre Miguelinho, depois fui para a Escola Técnica e universidade, sempre nas escolas públicas convivendo na cidade, morando em várias regiões, morei até 82 no Alecrim, em seguida fui para a Zona Norte. Então conheço razoavelmente a nossa cidade. A gente vê que as administrações que passaram no processo de condução da gestão levaram a nossa cidade cada vez mais pela situação de crise, crítica. Hoje a gente vê a cidade extremamente abandonada, cheia de buracos, uma cidade em que tem um número de quase duas mil pessoas sem teto. Uma cidade em que está extremamente presente o nível de desemprego. As pessoas não conseguem pagar o transporte.
As pessoas têm que andar a pé. As escolas com muitas debilidades nas creches as famílias precisam participar de um sorteio. O sistema de extremamente precário. A questão do transporte nem se fala. Uma dificuldade enorme para as pessoas se locomoverem dentro da cidade. Então diante de uma situação como essa num partido como o nosso, PSTU que defende a classe trabalhadora se constituir como alternativa de governo que responda as necessidades da nossa classe. Nós iremos constituir um programa de governo apoiando os próprios trabalhadores, desempregado e na juventude explorada da nossa cidade. Nós assumimos esse compromisso de debater com a população a necessidade dela se conscientizar e constituir enquanto um polo que defenda os interesses daqueles que produzam a riqueza da cidade. Então o PSTU levanta essa bandeira. E aí nesse sentido nós vamos participar da campanha para impulsionar esse debate.
Diário do RN – Quem fala mais alto: o político, sociólogo, cordelista ou professor Nando Poeta?
Nando Poeta – Eu acho que tem um elemento que fala mais alto que você não citou aqui, que é a família. Eu sempre me apoiei muito na minha família. Nos meus pais, apesar de num primeiro momento se preocupar muito com a minha militância, mas me deu um suporte muito grande.
Depois meus filhos, meus netos, que me trazem uma alegria muito enorme para que eu mantenha acesa essa chama de uma sociedade transformadora para que, inclusive, eles possam dar seus passos numa sociedade mais sólida em que o humano tenha a prioridade. Então isso é o que fala mais forte em mim. Então o político já é uma expressão desse sentimento. O sociólogo já é meu exercício diário de trabalho de interpretar a sociedade. A arte veio justamente pra que eu potencializasse esse trabalho e em todos os locais onde exerci meu trabalho no interior de uma escola dentro da sala de aula fora da sala de aula como hoje eu estou no setor de direito humano da secretaria sempre com o intuito de ajudar de potencializar as descobertas que o jovem possa entender o mundo, possa compreender e a partir dessa abertura, que ele possa dar seus passos firme e forte pela construção de uma sociedade livre, igualitária. E quem sabe entender que essa sociedade virá com a revolução socialista.
Diário do RN – Por que o PSTU não deve formar frente de esquerda com demais partidos, como PSOL e PT?
Nando Poeta – Tem um motivo. Partidos políticos que foram se constituindo com o PT, que tinha uma bandeira histórica de trabalhador que vota em trabalhador e trabalhador não se alinha com o patrão, a gente viu que ao longo do tempo foi abandonando essa trajetória e isso levou a setores que estavam dentro do PT começassem a questionar e afirmar que o PT havia abandonado essa luta e hoje a gente vê isso presente, a gente vê quando são constituídas alianças aqui no nosso estado com os Alves, que já estavam fora de cena e o PT reconduz um Alves pra sua vice. A gente vê nas alianças que são desenvolvidas pelo Brasil afora. Que o PT abandona o seu programa inicial né? Isso é que divide a esquerda brasileira. É quando se abandona o programa aquilo que se levantava, aquelas bandeiras que levantavam antes. E começa a criticar um sentimento de que vai mudar tem que se juntar.
Diário do RN – Qual sua opinião sobre as demais pré-candidaturas postas em Natal?
Nando Poeta – O PSTU é distinto desses outros partidos. Você pega o Carlos Eduardo que é um Alves né? Que nas eleições de 2018 esteve com Bolsonaro, 2022 esteve com o PT, então você vê que ele transita por todos esses lugares, então já teve na Prefeitura por um tempo razoável. E você viu que desde a copa quando ele estava, tinha inclusive uma promessa de grandes mudanças na cidade e a gente não viu essas mudanças na cidade. A gente vê o próprio Paulinho, que já foi vice-prefeito, que recentemente votou para livrar o mandante da morte de Marielle Franco. Um representante da direita, do prefeito Álvaro Dias. Então a gente já sabe quem são, já são cartas marcadas. O PT é essas alianças que buscam, com o MDB, com setores patronais. Então a gente vê que são candidaturas que na nossa compreensão não merecem essa confiança do nosso povo, são pessoas que estão aí nos fragmentos de poderes aplicando as suas políticas. Mas quando vem um processo eleitoral aparece como salvador. Só que quando termina a eleição a gente vê a repetição.
Como a gente está vendo agora no governo do estado depois de um acordo de uma greve com os profissionais da educação, com os professores, volta atrás e não quer cumprir o acordo que aceitou com os professores. Então são essas práticas que a gente vê que que de quem está aí.
Diário do RN – Como fazer frente a pré-candidaturas estruturadas e com mais recursos partidários e eleitorais?
Nando Poeta – Nós temos uma limitação muito grande, um partido como o nosso, porque nós vivemos numa sociedade capitalista em que a democracia é extremamente limitada e curta. Em que os recursos não vêm por igual para todos os partidos. Na verdade, esses partidos menores ficam com uma sobra, com uma migalha, que nem resolve o nosso problema, geralmente as nossas campanhas a gente se apoia muito nas colaborações que a gente realiza, solicita a classe e os apoiadores. Nós vivemos uma eleição limitada, que não garante a democracia e o tempo para que todos os partidos possa suas candidaturas e as suas candidaturas sofrem com isso, porque não tem um tempo pra fazer o debate, não tem o tempo de TV. Quer dizer, numa corrida o cara sai 100 metros na frente e os demais 100 metros lá atrás, quem vai chegar primeiro? Quem tem a tendência de chegar primeiro? Então tem uma limitação grande para que a gente possa conduzir o trabalho de uma campanha eleitoral.