O Ministério Público do Rio Grande do Norte instaurou, em 3 de novembro de 2025, o Procedimento Preparatório nº 03.23.2027.0000141/2025-14 para apurar possíveis irregularidades na execução de contratos de publicidade institucional firmados pela Prefeitura Municipal de Mossoró na gestão Allyson Bezerra (UB). O procedimento tramita na área de Direito Administrativo e outras matérias de Direito Público, sob responsabilidade da 7ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mossoró, especializada na defesa do patrimônio público.
A investigação tem como base documentos e informações oriundos das ações 0600126-95.2024.6.20.0033 e 0600127-80.2024.6.20.0033, que tratam do uso de recursos públicos destinados à divulgação institucional no âmbito da gestão municipal.
Uma dessas ações refere-se a Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJEs) movidas por Lawrence Carlos Amorim de Araújo, Carmem Júlia Araújo Holanda Montenegro, Genivan de Freitas Vale, pelo Partido Liberal (PL), por Nayara Gadelha de Oliveira (PL) e pela Coligação Mossoró de Verdade. Os autores, todos qualificados nos autos, acusam o prefeito Allyson Leandro Bezerra Silva e o vice-prefeito Marcos Antônio Bezerra de Medeiros da suposta prática de abuso de poder político, econômico e midiático durante o processo eleitoral de 2024.
Segundo as ações, Allyson cometeu abuso de poder político, econômico e midiático durante o processo eleitoral; desvio de finalidade em atos da administração, utilizados para promover politicamente os investigados; autopromoção por meio de propaganda institucional irregular; e uso de blogueiros e influenciadores digitais para impulsionar as candidaturas, o que configuraria vantagem indevida.
A ação foi rejeitada pela Justiça Eleitoral, mas segundo a promotoria, há indícios suficientes para justificar o aprofundamento das análises sobre a execução dos contratos de publicidade institucional, especialmente pela relação desses gastos com o conteúdo investigado nas ações eleitorais.
Desde sua autuação, em 3 de novembro, o procedimento já reúne 15 documentos e movimentações internas. Entre os registros, constam despachos, certidões, comunicações de atos processuais e pedidos de informações enviados à administração municipal.
No dia 13 de novembro de 2025, a Controladoria-Geral do Município encaminhou o Ofício nº 127/2025/CONTROL/PMM, acompanhado de anexos, que foram juntados aos autos pelo chefe de secretaria João Batista Cavalcante. A documentação trata de esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público sobre a execução dos contratos sob suspeita.
Antes disso, em 4 de novembro, houve a juntada de uma comunicação sobre pedido de dilação de prazo por parte da Prefeitura, que solicitou mais tempo para responder às requisições da Promotoria.
As movimentações também registram despachos e encaminhamentos assinados pelo promotor Fábio de Weimar Thé, responsável pela condução das diligências.
A investigação poderá resultar em novas medidas, como a instauração de Inquérito Civil, recomendações ao Executivo municipal ou eventual ajuizamento de ações civis públicas, a depender das conclusões obtidas no curso da apuração.
A expectativa é de que, após o exame detalhado dos documentos já juntados e daqueles que ainda serão enviados pela administração municipal, o Ministério Público avalie se houve violação aos princípios da administração pública na execução dos contratos de publicidade, especialmente diante do contexto eleitoral que motivou parte das denúncias ou arquive o procedimento.
Diante da real possibilidade do vice-governador Walter Alves (MDB) declinar de assumir o posto de governador a partir de abril de 2026, o projeto eleitoral pode ser alterado dentro do sistema governista. A hipótese começou a ser levantada após o filho de Garibaldi citar, nos bastidores, a preocupação com a situação financeira do Estado. Walter é o primeiro na linha de sucessão de Fátima Bezerra (PT), que, até então, pretende renunciar em abril e se candidatar ao Senado. Se a alteração for consolidada, no entanto, a permanência da governadora “certamente passa a ser o plano A” para o sistema governista.
A informação foi passada ao Diário do RN por uma fonte da alta cúpula do PT que, apesar de afirmar que o partido não considera a situação “um plano ainda”, deve alterar a rota, caso o – até então – aliado MDBista também mude seu percurso.
A saída de Walter, entretanto, tende a enfraquecer a campanha de Fátima, já que deve desgastar ainda mais o Governo do RN. Já Natália Bonavides tem eleitorado próprio e não tem imagem diretamente atrelada à gestão.
A permanência de Fátima no cargo impediria a realização de uma nova eleição e o risco de transferir a cadeira para um nome da oposição. Permanecendo como governadora, a candidata do PT ao Senado passaria a ser da deputada federal Natália Bonavides (PT) e, futuramente, Fátima contaria com uma nomeação em um ministério, se valendo da reeleição do presidente Lula, segundo a fonte governista ouvida pelo Diário do RN.
O plano incluiria, além disso, fortalecer o PT. O partido focaria em construir nominatas para as proporcionais: “Atrair deputados para a Federação e formar uma grande bancada. Com Fátima governadora, isso passa a ser atraente”.
“Não tem como a gente não reagir se uma coisa dessas viesse a acontecer”, afirmou a fonte que conversou com a reportagem na tarde desta quinta-feira.
Walter começou a considerar não passar os nove meses do ano eleitoral de 2026 à frente do Governo após uma análise minuciosa da situação financeira do Estado. O déficit do Estado, no cálculo que obteve, totaliza R$ 4,7 bilhões.
O entendimento é que se a situação permanecer dentro das perspectivas apontadas por técnicos, ele optará por não assumir o risco de descumprir acordos, como pagamentos salariais, e, de quebra, arranhar sua reputação política.
A ideia de Walter continua em parceria com Ezequiel Ferreira de Souza, presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB no RN. A efetivação do projeto é articulada pelos dois, que têm acordo de seguirem juntos e farão parte da mesma legenda em 2026.
Alves viajou à Brasília nesta semana e entre os assuntos, estava a viabilização de recursos possíveis de viabilizar sua presença como governador. Caso a situação não sofra mudanças expressivas, Waltinho prefere permanecer sem assumir cargo no Executivo e disputar eleição para a Assembleia.
Desde a semana passada há uma conversa para acontecer entre ele e a governadora. Oficialmente, sobre questões administrativas, mas as contas do RN e o cenário de 2026 claramente entrarão na pauta.
A empresa contratada na campanha eleitoral do vereador e atual presidente da Câmara Municipal de Natal, Eriko Jácome (PP), mantém uma relação contínua de prestação de serviços ao seu gabinete desde março de 2023, sempre com valores fixos de R$ 3 mil por mês, pagos através das verbas indenizatórias, a chamada verba de gabinete.
A fornecedora, Gilmar Bezerra da Silva – Criação e Edição de Identidade Visual e Vídeos, trabalhou na comunicação da campanha passada do vereador e, logo após o pleito, passou a integrar a rotina administrativa do gabinete com pagamentos constantes e sem variação de valores. Antes da campanha eleitoral de 2024, no entanto, ele já prestava serviços no gabinete do atual presidente.
Conforme documentos oficiais da Câmara Municipal de Natal, em 2023, a empresa atuou de março a dezembro, recebendo R$ 3 mil por mês, somando R$ 30 mil no primeiro ano de vínculo; em 2024, a atuação ocorreu de janeiro a maio, novamente com pagamentos de R$ 3 mil mensais; já em 2025 os registros apontam pagamentos de fevereiro a outubro, sempre no valor de R$ 3 mil mensais, totalizando, até aqui, R$ 27 mil no ano.
Apesar de atuar na área de comunicação visual, o cadastro da empresa na Receita Federal lista como atividade econômica principal o ramo de “Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas”, diferente do serviço remunerado pela Câmara.
A manutenção da mesma empresa desde 2023, com pagamentos regulares e sem demonstração pública de concorrência ou justificativa técnica ampliada, levanta debates sobre possível conflito de interesse, especialmente por se tratar de uma fornecedora que atuou diretamente na campanha eleitoral do vereador.
Analistas destacam que, embora não haja impedimento legal direto, a prática exige transparência reforçada, já que o uso de verba indenizatória, originalmente criada para despesas eventuais, acabou se convertendo em contratação fixa mensal.
Com esse caso, Eriko Jácome se une a outros parlamentares que vêm sendo questionados, nos bastidores, pelo uso de fornecedores eleitorais dentro dos gabinetes, alimentando críticas sobre a falta de fiscalização rigorosa e a repetição de práticas administrativas que misturam interesses privados e recursos públicos.
A Justiça do Rio Grande do Norte condenou o ex-secretário de Obras de Parnamirim, Naur Ferreira da Silva, e o empresário Mário Sérgio Macedo Lopes, o Mário do Lixo, por corrupção envolvendo contratos de limpeza urbana em 2016. A sentença, assinada eletronicamente nesta segunda-feira, 24 de novembro, às 13h01, pela juíza Manuela de Alexandria Fernandes Barbosa, concluiu que ambos atuaram em um esquema de pagamento de propina equivalente a 10% dos valores liberados pela Prefeitura à empresa M Construções, pertencente ao empresário.
De acordo com o Ministério Público, que investigou e fez a denúncia, sempre que a Prefeitura realizava pagamentos à M Construções, Naur solicitava repasses em dinheiro vivo ao empresário. Em 13 de maio de 2016, um dia após a empresa receber R$ 250 mil, o ex-secretário recebeu R$ 25 mil no Iate Clube de Natal, entrega feita por um funcionário da empresa ao motorista de Naur.
A quantia foi admitida pelo próprio ex-secretário, que alegou tratar-se da entrada da venda de um Jeep Wrangler ao empresário. A Justiça rejeitou a versão por considerar as explicações contraditórias e sem provas.
A sentença destaca o uso de expressões codificadas para tratar dos repasses. Após um pagamento municipal, Naur enviou ao empresário a mensagem: “Dá para limpar alguma rua amanhã? Estão muito sujas”.
Para a juíza, a resposta de Mário, “Segunda a gente limpa”, não se referia a serviço de limpeza urbana, mas ao acerto da propina. A magistrada observou que, se o assunto fosse realmente limpeza pública, o serviço poderia ser executado de forma imediata pela empresa, sem depender da presença do proprietário.
A investigação identificou que os repasses de propina ocorriam logo após pagamentos da Prefeitura; os valores eram entregues sempre em dinheiro vivo e por terceiros; Naur cobrava adiantamentos em conversas telefônicas; e os encontros e mensagens coincidiam com as datas das liberações de faturas.
As contradições dos réus também pesaram na condenação. Em fases distintas do processo, os dois declararam valores diferentes para a suposta venda do jipe, inicialmente R$ 25 mil, depois R$ 40 mil, sem apresentar comprovação. O motorista de Naur também alterou diversas vezes o relato sobre o local onde teria recebido o dinheiro.
Cunhados desconhecidos Chamou atenção da reportagem o depoimento de Luiz Gonzaga da Silva Filho, testemunha apresentada pela defesa. Proprietário de uma loja de carro, ele afirmou, em juízo, conhecer o empresário por meio de negociações de veículos. Entretanto, Luiz Gonzaga e Mário Sérgio são cunhados há muitos anos, informação que não consta no processo e que contradiz o que o depoente declarou ao Judiciário.
A omissão reforça as dúvidas sobre a isenção de seu testemunho e sobre a versão construída em torno da suposta venda do Jeep Wrangler.
Já entre contradições apresentadas pela magistrada, ela aponta que tanto Naur, quanto Mário Sérgio disseram, na fase pré-processual, que o Jeep foi vendido por 25 mil reais e pago de uma vez só, como valor total, não a entrada ou uma parcela. Entretanto, em juízo, ambos afirmaram que o valor total foi de 40 mil reais com uma entrada de 30 mil.
Segundo a sentença, Mário Sérgio foi beneficiado com pagamentos públicos que, conforme apontado pelo Ministério Público, estavam vinculados ao esquema de corrupção articulado junto ao então secretário de Obras de Parnamirim, Naur Ferreira da Silva, também condenado.
De acordo com a decisão, a Naur Ferreira da Silva, condenado por três crimes de corrupção passiva, deve ser aplicada pena de 5 anos, 2 meses e 12 dias de reclusão em regime semiaberto e 10 dias-multa. Ele tem o direito de recorrer em liberdade.
O empresário Mário do Lixo foi condenado por dois crimes de corrupção ativa. Também com direito de recorrer em liberdade, deve cumprir 3 anos, 10 meses e 24 dias em regime aberto e 10 dias-multa.
Mário Sérgio acumula histórico de ostentação e luxo Nos bastidores da política e da iniciativa privada, Mário Sérgio sempre foi associado a festas de grande porte, marcadas por estruturas suntuosas, atrações de renome e gastos que chamavam atenção até mesmo entre empresários locais. Em seu aniversário mais recente, o empresário realizou uma comemoração considerada por convidados como “acima dos padrões”.
A festa foi realizada em um buffet luxuoso da capital, reunindo muitos convidados e ornamentação sofisticada, além de atrações musicais como Raça Negra, Durval Lellis, Eliane do Forró e a banda Granfith; elementos que reforçam o estilo extravagante pelo qual já era conhecido na região metropolitana de Natal. Fala-se em custo superior a R$ 2 milhões somente para a festa de aniversário.
No caso de Mário do Lixo, a soma entre ostentação pública e envolvimento em práticas ilícitas, agora reconhecidas pela Justiça, alimenta questionamentos sobre a origem dos recursos que financiaram seu estilo de vida e eventos de alto valor.
Nesta quarta-feira (26), o vice-governador Walter Alves, presidente do MDB no RN, sentou com o presidente nacional Baleia Rossi, em Brasília. Tendo como companhia o deputado estadual Dr. Bernardo (PSDB), que deve embarcar no partido de Waltinho em breve, o vice-governador deixou claro que a expectativa de assumir a vaga deixada pela renúncia da governadora Fátima Bezerra (PT) a partir de abril poderá não acontecer.
O presidente do maior partido do RN está levando em conta uma análise minuciosa da situação financeira do Estado. O entendimento é que se a situação permanecer dentro das perspectivas apontadas por técnicos, ele optará por não assumir o risco de descumprir acordos, como pagamentos salariais, e, de quebra, arranhar sua reputação política.
De acordo com informações obtidas pelo Diário do RN, Walter sabe que a folha de pagamento de pessoal deve crescer de R$ 936 milhões para R$ 1,2 bilhão a partir de abril, com o pagamento de pisos e planos de cargos e salários. Esta é uma das questões mais sensíveis apontadas, já que há uma chance real de atraso salarial. Por enquanto, a governadora Fátima vem mantendo o pagamento com retiradas de recursos financeiros de órgãos do governo, como Detran RN.
Recentemente, o presidente do IPERN, Nereu Linhares, admitiu a retirada de parte do Fundo Previdenciário pela atual gestão.
Além disso, o déficit no orçamento para 2026 é de R$ 2,1 bilhões. De restos a pagar de 2025 para 2026, o Estado registra em torno de R$ 1,7 bilhões, dívidas com fornecedores e prestadores de serviço, além de outros débitos da administração estadual.
A gestão ainda terá que pagar, no ano que vem, o restante do 13º salário de 2025 a uma parcela dos servidores, que ficará em torno de R$ 700 milhões. O piso da educação também pesa nessa conta. O acréscimo para 2026 é de R$ 300 milhões. Sem contar o aumento do piso com data-base de janeiro de 2026, que ainda será anunciado pelo Ministério da Educação.
O déficit do Estado, com esses cálculos, totaliza R$ 4,7 bilhões.
Sem contar o acréscimo que deve acontecer com a Lei Orgânica da Administração Tributária, que organiza carreira dos auditores fiscais e reestrutura o sistema tributário estadual, cujo projeto foi aprovado nesta quarta-feira (26), na Assembleia Legislativa do RN.
Parte desses valores foram tomados ciência a partir de dados técnicos solicitados por Walter ao governo e em conversa com o deputado Tomba Faria (PL), relator do projeto da Lei Orçamentária Anual 2026. O deputado opositor ao governo tratou de espalhar a intenção de Waltinho pelos bastidores, o que veio à público.
A ideia de Walter continua em parceria com Ezequiel Ferreira de Souza, presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB no RN. A efetivação do projeto é articulada pelos dois, que têm acordo de seguirem juntos e farão parte da mesma legenda em 2026.
Na viagem à Brasília, Alves foi tratar de validar a presença do deputado Bernardo Amorim no MDB e da esposa Kaline Amorim como candidatos a federal e estadual, não necessariamente nessa ordem. Mas, além disso, tratou de viabilizar recursos para os candidatos à proporcional e, acima de tudo, recursos possíveis de viabilizar sua presença como governador. Caso a situação permaneça, Waltinho prefere permanecer sem assumir cargo no Executivo e disputar eleição para a Assembleia. Walter trabalha com a possibilidade de ser candidato a deputado estadual, como iniciou sua carreira política e, fortalencendo nominata com Ezequiel Ferreira, garantiria a vitória de um grupo forte para se viabilizar como presidente da Casa.
Caso a opção de Walter de não assumir o governo se concretize, internamente a governadoria já articula um plano B.
Sem Walter e Ezequiel para assumirem a cadeira como primeiros na linha de sucessão, o presidente do Tribunal de Justiça, Ibanez Monteiro, terceiro na linha, assumiria e teria 30 dias para convocar eleição indireta entre deputados.
Entretanto, nesse caso, Fátima recuaria de renunciar. Cumpre o mandato até o final e não deve ser candidata. Para o Senado, o PT indicaria a deputada federal Natália Bonavides.
A abertura de um novo processo de cassação contra a vereadora Brisa Bracchi (PT) foi aprovada pela Câmara Municipal de Natal na sessão desta quarta-feira (26), em meio a um clima de tensão e troca de acusações no plenário. Antes mesmo da votação, a parlamentar protagonizou um embate direto com o presidente da Casa, Ériko Jácome (PP), que reclamou de ataques pessoais e questionou a postura da vereadora durante as discussões.
O atrito começou logo no início da sessão. Visivelmente incomodado, Ériko afirmou estar sendo alvo de agressões nas redes sociais, mas disse que não admitiria “falta de respeito” dentro da Casa enquanto conduzisse os trabalhos.
“Eu pensava que em plenário eu não ia sofrer essas agressões. Hoje eu já sofri a agressão de ser chamado de pior presidente por permitir a democracia e a transparência. Não estou contra nem a favor do processo. Estou aqui como chefe deste Poder Legislativo”, declarou.
Brisa respondeu imediatamente, apontando que as críticas ao comando da Casa não partiam dela ou da bancada de esquerda, mas “da população de Natal”.
“Não sou eu, vossa excelência, e nem a esquerda, é a população de Natal. Vossa excelência tinha uma obrigação: conduzir o rito processual, e não fui eu não que disse, foram os juízes e os desembargadores que mostraram em quatro decisões judiciais que a Câmara Municipal de Natal não respeitou o rito processual”, afirmou.
A parlamentar também reclamou do presidente por citá-la nominalmente enquanto presidia a sessão: “V. Exª deveria estar conduzindo de forma neutra, e não mencionando a vereadora que está entre as acusadas”.
Mesmo após o debate acalorado, a Câmara aprovou, por 16 votos a 6, a abertura de um novo processo de cassação contra Brisa. A denúncia, apresentada pelo vereador Matheus Faustino (União Brasil), aponta suposto uso irregular de emendas parlamentares no evento político Rolê Vermelho: Bolsonaro na Cadeia e a suposta cobrança de ingressos em atividades financiadas com recursos públicos, o que é proibido.
A nova denúncia foi protocolada apenas um dia depois de a Casa arquivar o processo anterior contra a parlamentar.
Antes da votação, o vereador Daniel Valença (PT) tentou encaminhar o caso para a Comissão de Ética, argumentando que seria o fluxo adequado antes da formação de uma comissão processante, mas sua solicitação foi rejeitada pela maioria dos parlamentares.
Votaram contra a abertura: Daniel Valença, Eribaldo Medeiros, Pedro Henrique, Samanda Alves, Tárcio de Eudiane e Thabatta Pimenta. Estavam ausentes: Herberth Sena, Irapoã Nóbrega e Subtenente Eliabe. Todos os demais votaram a favor.
Câmara rejeita denúncia contra vereador Matheus Faustino
Na mesma sessão em que aprovou o processo contra Brisa Bracchi, a Câmara Municipal de Natal rejeitou, por 21 votos a 5, a denúncia apresentada contra o vereador Matheus Faustino (União Brasil) por quebra de decoro parlamentar. Com o resultado, o protocolo foi arquivado de imediato.
A acusação partiu de Brisa, que solicitava a abertura de uma Comissão Especial para apurar falas de Faustino. Segundo a petista, o vereador teria afirmado publicamente que houve “venda de sentença” nas decisões judiciais que suspenderam a votação de sua cassação na semana passada.
As decisões, proferidas em mandados de segurança, reconheceram que o prazo mínimo de 72 horas para intimações do processo não havia sido respeitado.
Brisa alegou que as falas de Faustino atingiram não apenas ela, mas também o juiz Artur Cortez Bonifácio e os desembargadores Dilermando Mota e Cornélio Alves, responsáveis pelas decisões judiciais.
Votaram a favor da denúncia os vereadores Daniel Valença (PT), Fúlvio Saulo (Solidariedade), Thabatta Pimenta (PSOL), Samanda Alves (PT) e Carlos Silvestre (PT) — este último suplente de Brisa, convocado para votar no lugar da titular.
Um novo olhar começa a se consolidar no Novembro Azul neste ano de 2025. Além da já conhecida e necessária discussão sobre o câncer de próstata, a campanha nacional expande seu foco para um tema urgente e ainda pouco enfrentado: a saúde mental dos homens.
Os números reforçam a gravidade da situação. Em 2021, o Brasil registrou 15.507 mortes por suicídio, sendo 12.072 de homens — o equivalente a 78% dos casos. A taxa de mortalidade masculina por suicídio quase dobrou nos últimos anos, saltando de 6,5 para 11,3 óbitos por 100 mil habitantes, revelando um risco crescente e silencioso.
O movimento de ampliação do Novembro Azul parte do entendimento de que o sofrimento emocional masculino permanece mascarado por normas culturais que associam vulnerabilidade à ideia de fraqueza. Entre as dificuldades mais citadas por especialistas, estão o receio de pedir ajuda, o distanciamento de serviços de saúde mental e o desconhecimento sobre sinais de adoecimento.
A campanha nacional reforça três eixos de alerta: Suicídio e depressão masculina, ainda subestimados; pressões sociais que impedem o pedido de ajuda; transtornos neuropsicológicos subdiagnosticados, como TDAH, alterações executivas e dificuldades de regulação emocional.
Embora pesquisas indiquem uma prevalência de cerca de 4% de depressão entre homens brasileiros, especialistas destacam que esse número pode ser maior, já que muitos não procuram atendimento ou não reconhecem alterações emocionais como um problema de saúde.
Para a neuropsicóloga Tatiana Assunção, romper esse ciclo exige mudança cultural: “Por muito tempo se ensinou aos homens que sentir é fraqueza. Essa lógica afasta muitos deles do cuidado e os expõe a riscos sérios. Buscar ajuda não diminui ninguém — ao contrário, é um passo firme em direção à vida”, afirma.
Além dos transtornos emocionais, condições neuropsicológicas também passam despercebidas, afetando o comportamento, a atenção e o funcionamento cognitivo de muitos homens. A avaliação especializada funciona como uma importante ferramenta para identificar esses quadros e orientar intervenções adequadas.
A ampliação do Novembro Azul chega, portanto, como um convite à reflexão e à ação: saúde masculina não se resume ao corpo físico — também exige cuidado com a mente.
A vereadora Brisa Bracchi (PT) protocolou, nesta terça-feira (25), uma denúncia por “violação gravíssima ao decoro parlamentar e prática inequívoca de infração político-administrativo incompatível com o exercício da função legislativa” contra o vereador Matheus Faustino (UB), na Câmara Municipal de Natal. No documento, entregue ao presidente da Casa, Érico Jácome, ela pede a abertura de uma Comissão Especial para apurar as declarações em que o parlamentar afirma que houve “venda de sentença” envolvendo decisões judiciais que suspenderam a votação de sua cassação.
A iniciativa ocorre após o processo movido contra a própria Brisa ter sido arquivado por determinação judicial. Na semana passada, decisões proferidas por mandados de segurança suspenderam a votação marcada pela Câmara ao reconhecerem que o prazo mínimo de 72 horas para intimações, previsto no Regimento Interno, não havia sido respeitado.
Após essas decisões, segundo Brisa, Matheus Faustino passou a repetir, em diferentes ocasiões, que o Judiciário potiguar teria sido corrompido para beneficiá-la. De acordo com a parlamentar, as declarações atingem não somente o juiz Artur Cortez Bonifácio e os desembargadores Dilermando Mota e Cornélio Alves, que proferiram as decisões, mas também ela.
“O denunciado atribuiu diretamente à colega de Legislatura a prática de corrupção e compra de sentença, conduta típica prevista na legislação penal, sem que exista qualquer processo, investigação, indício ou fato minimamente verificável que sustente tal acusação”, diz em trecho do pedido endereçado ao presidente da Câmara, Ériko Jácome (PP).
A vereadora afirma que o colega utilizou discursos em plenário, entrevistas dentro da Câmara e declarações em rádio e plataformas digitais para sustentar que magistrados teriam “vendido” decisões relacionadas ao caso.
Na denúncia, Brisa sustenta que as declarações configuram calúnia, ao atribuir falsamente crimes previstos na legislação penal sem apresentar qualquer indício ou documento que justifique as acusações. Ela argumenta que as falas extrapolam os limites da crítica política e representam uso indevido do mandato para atacar a honra de autoridades públicas, descredibilizar o Poder Judiciário e disseminar suspeitas infundadas sobre a atuação das instituições.
A vereadora afirma ainda que o comportamento de Faustino viola o decoro parlamentar e afeta a credibilidade da Câmara Municipal, ao induzir a população a crer que decisões judiciais legítimas teriam sido compradas. Para ela, o episódio caracteriza infração político-administrativa nos termos do Regimento Interno, por ferir a moralidade, a probidade e a urbanidade exigidas do agente público.
No pedido, Brisa solicita que a denúncia seja lida em plenário e submetida à votação sobre seu recebimento. Caso aprovada, ela requer a formação de uma Comissão Especial para instrução do processo, com anexação de vídeos, áudios e demais registros das falas de Matheus Faustino. Ao final, pede a cassação do mandato do vereador por entender que houve violação grave e incompatível com o exercício da função legislativa.
“As acusações feitas pelo vereador Matheus Faustino representam uma flagrante quebra de decoro. São declarações graves, de caráter criminoso, direcionadas contra o nosso mandato e não poderiam ficar sem resposta. Não se trata de revanchismo, mas de justiça. O vereador precisa entender que nosso mandato merece respeito e que nenhum parlamentar está acima da lei ou da própria Câmara. Assim como nós, ele também deve responder pelas suas condutas e pelas acusações que faz”, declarou Brisa ao Diário do RN.
AMARN A Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte (Amarn) poderá adotar medidas contra o vereador Matheus Faustino, sobre suas declarações públicas. O presidente da Amarn, juiz Arthur Cortez, afirmou ao Diário do RN, que a entidade discute internamente uma eventual resposta institucional às falas do vereador.
Faustino apresenta nova denúncia contra Brisa O vereador Matheus Faustino, por sua vez, protocolou, também na manhã desta terça-feira (25), um novo pedido de cassação contra a vereadora Brisa Bracchi (PT), ampliando as acusações que antes motivaram o processo agora arquivado pela Justiça. Segundo ele, as decisões recentes do Tribunal de Justiça, que suspenderam a votação marcada pela Câmara, deram “diretrizes claras” sobre o rito a ser observado, o que permitiria à Casa conduzir um novo procedimento “sem margem para interpretações”.
“A Câmara agora tem condições de conduzir todo o trâmite sem risco de anulação. Por isso protocolei um pedido ainda mais robusto, com novos objetos. Brisa não pode ficar impune pelo uso errado de suas emendas”, declarou Faustino.
No novo documento, o vereador afirma que Brisa teria cometido infrações político-administrativas e quebra de decoro parlamentar ao organizar e promover o evento “Rolê Vermelho”, descrito por ele como um ato de mobilização ideológica e político-partidária realizado com o peso institucional do mandato; e ao destinar emendas parlamentares para eventos culturais que posteriormente passaram a cobrar ingressos, o que, segundo ele, configura desvio de finalidade.
A denúncia enquadra os fatos nos artigos 121, 126 e 127 do Regimento Interno e afirma que a cassação seria a “única resposta possível”, por entender que medidas mais brandas não restabeleceriam a confiança pública.
O pedido também reitera o rito que deve ser seguido, respeitando prazos e procedimentos definidos pelo Regimento e pelo Decreto-Lei 201/67, pontos que motivaram a suspensão do processo anterior. Faustino solicita que a denúncia seja lida em plenário, submetida ao recebimento, seguida do sorteio da Comissão Processante e da realização de instrução completa até a votação final, que exige maioria qualificada de dois terços.
O secretário-chefe do Gabinete Civil do Rio Grande do Norte, Raimundo Alves, rebateu nesta terça-feira (25) as informações divulgadas nos bastidores políticos de que o vice-governador Walter Alves (MDB) estaria avaliando não assumir o Governo do Estado em 2026, quando a governadora Fátima Bezerra (PT) deve renunciar para disputar o Senado. Raimundo minimizou qualquer movimentação nesse sentido e reforçou que o governo encara toda a especulação como tentativa de gerar instabilidade artificial. Segundo ele, a especulação parece ser intriga dos “profetas do caos”.
“Isso está mais para quem quer criar um caos onde não existe”, afirmou Raimundo ao Diário do RN. A circulação da notícia provocou agitação entre aliados e opositores. Pela informação, Walter Alves declinaria de assumir o Governo do RN após tomar conhecimento técnico sobre as dificuldades financeiras que o Estado atravessaria, incluindo o risco de atraso na folha salarial.
Para esses grupos, o vice poderia estar diante de um presente de grego.
Raimundo Alves, no entanto, refutou a tese: “Vamos continuar com obras que já estão em andamento e dando resultados, que logicamente incomodam, e vão incomodar ainda mais, os profetas do caos”, afirmou.
Ele lembrou que o Estado acaba de conseguir acesso ao Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF), que viabiliza mais de R$ 800 milhões em investimentos, garantindo fôlego a projetos considerados estruturantes pelo governo.
Para o secretário, é natural que Walter manifeste preocupações, já que assumiria o comando do Executivo estadual, mas isso não significa recuo. “O RN sabe que as dificuldades de hoje nem de longe se comparam às de 2019, quando a governadora assumiu. E isso não impediu que ela organizasse o Estado e fosse reeleita em 2022, no primeiro turno”, disse, se referindo à governadora Fátima Bezerra (PT).
Raimundo também negou que o vice-governador tenha cogitado qualquer decisão sem diálogo com Fátima Bezerra. “Walter é um aliado leal. Se fosse esse o caminho que ele pensa trilhar, ele conversaria com ela antes de tudo”, defendeu.
O vice-governador Walter deve assumir o posto de governador em abril, mas já afirmou que não pretende se candidatar à reeleição. Diante da decisão reiterada pelo filho de Garibaldi Alves, o sistema governista lançou o nome de Cadu Xavier, secretário de Estado da Fazenda, como o nome à disputa de 2026.
Cenários ventilados pela especulação O boato ganhou força porque, caso Walter realmente abrisse mão do cargo, a linha sucessória criaria um vácuo inédito. O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), estaria impedido de assumir o governo devido às regras eleitorais, já que é pré-candidato à reeleição em 2026.
Nesse cenário hipotético, caberia ao presidente do Tribunal de Justiça do RN assumir interinamente e convocar eleição indireta entre os deputados estaduais. Apenas parlamentares que não disputarão reeleição poderiam concorrer, o que deixaria, no quadro atual, dois nomes como possíveis opções: José Dias (PL) e Vivaldo Costa (PV).
O vereador de Natal Daniel Rendall (Republicanos) confirmou ao Diário do RN que conversou com o ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), seu líder político, sobre a possibilidade de migração para o PL, caso ele seja o nome da direita a disputar o Governo do Rio Grande do Norte nas eleições do próximo ano. Segundo o parlamentar, a mudança seria um caminho “natural”, especialmente diante do cenário em que o senador Rogério Marinho (PL), principal nome do partido no Estado, defina por não concorrer.
“Exatamente. É uma coisa natural de acontecer: Álvaro ir para o PL, que é o partido que tem mais fundo eleitoral, mais condições, mais prefeituras no Rio Grande do Norte. No caso de Rogério realmente não ser o candidato, o Álvaro teria que sair, eu acredito, pelo PL. É a ordem natural das coisas”, afirmou Rendall ao Diário do RN.
O vereador destacou que essa é sua opinião pessoal, mas confirmou que tratou do assunto diretamente com o ex-prefeito. Ele, contudo, disse não saber se houve conversa de Dias com Rogério Marinho sobre o tema.
De acordo com Rendall, a avaliação interna é de que, caso o senador abra mão da disputa, Álvaro Dias se tornaria o nome mais forte do campo político de direita no Estado. Nesse contexto, o PL, partido com maior presença municipal no RN, seria a legenda mais estruturada para sustentar uma candidatura ao Governo.
“O que foi conversado com a gente foi, no caso de Rogério abrir mão da candidatura, Álvaro é o nome mais forte da direita do Estado. E, claro, o Republicanos hoje não tem a quantidade de prefeituras que no Rio Grande do Norte o PL tem, por exemplo para a cabeça de chapa”, complementou.
Apesar disso, Daniel Rendall ponderou que uma eventual candidatura também poderia ocorrer pelo Republicanos, legenda à qual ele pertence: “Também nada impede de ser pelos Republicanos, porque é um partido grande nacionalmente, o partido do presidente da Câmara dos Deputados. Tem força nacionalmente e Álvaro se dá muito bem com o Republicanos”, afirmou.
Mesmo com outras alternativas, Rendall reforçou que a conversa existiu e que a filiação ao PL, dependendo do cenário, seria um passo coerente para uma candidatura majoritária de Álvaro Dias.
Ainda em outubro, Álvaro Dias (Republicanos) estampou nas redes sociais mais uma viagem à Brasília, que teria tido, entre outras pautas, sua filiação ao partido bolsonarista. Na agenda, um encontro com o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, e com os aliados Rogério Marinho (PL) e Styvenson Valentim (PL).
A conversa com o presidente do Republicanos serviu para acertar a vida partidária, garantias e perspectivas. Já de Marinho, o ex-prefeito de Natal recebeu o convite para filiação a um dos maiores partidos no país, com objetivo de uma arrumação com vistas a 2026.
O assunto já vinha sendo levantado desde junho, quando o pré-candidato a governador admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de trocar o Republicanos pelo PL. “Há uma possibilidade real, sem nenhuma rejeição de minha parte, de integrar possivelmente um partido como o PL, não haveria nenhum problema não”, afirmou Álvaro em entrevista na ocasião.
Em sua decisão sobre os embargos de declaração apresentados pela Câmara Municipal de Natal, no Agravo de Instrumento 0800531-49.2025.8.20.5400, assinado por desembargador Dilermando Mota, em 19/11/25 às 17:31, ao qual o Diário do RN teve acesso com exclusividade, o magistrado rejeitou todos os pedidos do Legislativo e afirmou que o recurso foi utilizado apenas para tentar “rediscutir o mérito” da decisão anterior, o que é vedado na via dos embargos, que tão somente servem para esclarecimentos de possíveis pontos obscuros numa decisão judicial.
A Câmara alegava três supostas omissões na decisão que suspendeu a sessão de cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT): a necessidade de manifestação explícita sobre a Súmula Vinculante 46 e sobre o suposto conflito entre o Decreto-Lei 201/67 e o Regimento Interno quanto ao prazo de intimação de 72 horas; a definição se o prazo final do processo de cassação seria de 90 ou 120 dias; se os prazos de conclusão do processo estariam suspensos enquanto vigorarem decisões judiciais que paralisam etapas do rito.
Dilermando rejeitou todos os pontos.
Sobre o prazo de intimação (72h) e a Súmula Vinculante 46, o magistrado afirmou que não houve omissão, pois a decisão anterior, proferida pelo desembargador Cornélio Alves, na última segunda-feira (17), já havia enfrentado detalhadamente o tema. Na decisão, ele reafirmou que o prazo regimental de 72 horas está correto e é válido.
“A decisão embargada enfrentou expressamente a questão normativa aplicável, analisando detidamente a compatibilidade entre o Decreto-Lei 201/67 e o Regimento Interno da Câmara Municipal, concluindo pela aplicabilidade do prazo regimental de 72 horas para intimação”, escreveu.
Dilermando também explicou que a Súmula Vinculante 46 não impede que o Regimento Interno amplie garantias ao acusado, apenas impede que normas locais reduzam direitos previstos em lei federal: “A interpretação adotada encontra-se constitucionalmente adequada e respaldada pela jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal, que firmou entendimento de que a competência privativa da União para legislar sobre processo e julgamento de agentes políticos estabelece um patamar mínimo de garantias, impedindo que normas locais restrinjam ou reduzam direitos processuais do acusado, mas não vedando que normas regimentais ampliem tais garantias”.
Sobre questionamento acerca do prazo total de 90 ou 120 dias, o desembargador afirmou que esse assunto nem sequer é objeto do processo, porque a parte agravante, ou seja, a vereadora Brisa que questionou somente o prazo de convocação, nunca levantou essa questão. Como não foi pedido, o Judiciário não pode decidir, conforme o magistrado na decisão.
“Não cabe ao Poder Judiciário pronunciar-se sobre questão que não integra a causa de pedir e o pedido, sob pena de julgamento ultra petita ou extra petita”, esclareceu.
Ele acrescentou que é prematuro discutir esse prazo porque o processo de cassação ainda está suspenso por decisões judiciais pendentes: “O momento processual é absolutamente inadequado para definição dessa questão”, colocou, se referindo à suspensão da convocação para a votação, por desrespeito do prazo pela casa legislativa.
Sobre a suposta suspensão dos prazos do processo de cassação, o desembargador afirmou que não houve suspensão do processo como um todo, apenas do ato específico que violou o prazo mínimo de 72 horas.
“Trata-se de suspensão de ato processual específico praticado de forma irregular, e não de suspensão do procedimento de cassação como um todo”, frisa.
Ele reforçou que o processo pode continuar, desde que a Câmara respeite as garantias: “o procedimento pode prosseguir normalmente, desde que respeitadas as garantias processuais do acusado”.
Dilermando rejeitou ainda o argumento da Câmara de que não é possível aplicar simultaneamente o prazo regimental de intimação e o prazo federal de conclusão. Segundo ele, a própria Câmara já faz isso, e no direito administrativo sancionador deve prevalecer a norma mais favorável ao acusado.
“A alegação de indevida ‘mixagem’ de normas é absolutamente improcedente (…) A alegação de que seria necessário aplicar integralmente ou o Decreto-Lei 201/67 ou o Regimento Interno não encontra amparo na Constituição Federal, na legislação processual ou na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e demonstra falta de conhecimento do sistema processual que não pode ser albergado pelo Poder Judiciário. O que se exige é a observância do patamar mínimo estabelecido pela legislação federal, o respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, e a prevalência da norma mais favorável ao acusado em cada situação concreta”, alega.
Com isso, fica mantida a determinação de que qualquer nova sessão para julgar a cassação de Brisa Bracchi só poderá ser convocada com antecedência mínima de 72 horas, conforme o Regimento Interno.
Câmara convoca coletiva Com o objetivo de comunicar a continuidade, ou não, do processo de cassação da vereadora, a Câmara de Natal convocou para esta terça-feira (25), uma coletiva.
De acordo com a casa legislativa, estarão presentes o presidente Eriko Jácome, membros da Mesa Diretora, representantes da Procuradoria da câmara, e os vereadores que compõem a comissão especial processante, Anne Lagartixa, Fúlvio Saulo e Daniel Valença.
O vereador petista usou as redes sociais nesta segnda-feira para denunciar espanto ao tomar conhecimento da convocação de coletiva por parte da comissão que ele mesmo integra mas não teria sido comunicado.
Na última quarta-feira (19), a defesa de Brisa Bracchi protocolou, na Câmara Municipal, um pedido de arquivamento do processo de cassação. Os advogados da parlamentar baseiam o pedido no Decreto-Lei 201/1967, norma que determina que o procedimento deve ser concluído em até 90 dias após a notificação do acusado. Brisa foi notificada no dia 22 de agosto, fazendo com que o prazo final expirasse no dia 19 de novembro.
O pedido destaca ainda que a própria Procuradoria Legislativa da Câmara já teria reconhecido, em parecer anterior, que o processo perderia validade após essa data.
A defesa também menciona decisões judiciais relacionadas ao caso, reforçando que tanto o Decreto-Lei 201/67 quanto o Regimento Interno da Câmara precisam ser observados de forma complementar. A norma federal estabelece um prazo mínimo de 24 horas para convocação de sessões de julgamento, enquanto o regimento da Casa amplia para 72 horas, prazo mais benéfico ao denunciado e, portanto, obrigatório.
AMARN avalia medida após acusação de “venda de sentença” feita por vereador Matheus Faustino
Vereador Faustino afirmou que “o desembargador vendeu a sentença” – Foto: Reprodução
A Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte (Amarn) poderá adotar medidas contra o vereador Matheus Faustino (União Brasil), após declarações públicas em que o parlamentar levantou suspeita de “venda de sentença” no caso que suspendeu as sessões de votação da cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT). A afirmação, feita inicialmente em entrevista de rádio na terça-feira (18) e reiterada no dia seguinte na Câmara Municipal à imprensa, não foi acompanhada de provas.
O presidente da Amarn, juiz Arthur Cortez, afirmou ao Diário do RN que a entidade já discute internamente uma eventual resposta institucional às falas do vereador. Uma reunião está marcada para definir se a associação ingressará com alguma medida. “Tem uma reunião marcada justamente para decidir se vamos ou não entrar com alguma medida. Provavelmente amanhã”, disse o magistrado em conversa com o Diário nesta segunda-feira (24).
Cortez destacou que a tendência, em sua avaliação pessoal, é que a Amarn reaja. “Na minha visão, é bem possível [que haja alguma medida], mas como a Amarn é colegiado pode ser que o colegiado entenda que não deve tomar nenhuma medida contra o vereador. Eu estou ainda escutando os colegas para tomar uma posição”, disse, se referindo, ao final, à segunda decisão de suspensão da convocação, proferida por ele mesmo.
O magistrado também enfatizou que a decisão que suspendeu as sessões da Câmara foi cumprida integralmente: “A verdade é que a gente tem um cumprimento com a decisão do desembargador.
O desembargador decidiu, então a gente cumpriu. Não podia ser diferente”, esclareceu.
A polêmica começou quando Faustino questionou publicamente a atuação do Judiciário potiguar na suspensão das sessões que votariam a cassação de Brisa. “É evidente que é, eu diria até, venda de sentença. O desembargador vendeu a sentença”, declarou à rádio 96 FM, mencionando que, em sua visão, uma interpretação jurídica “criativa” poderia favorecer a parlamentar.
Após a repercussão negativa, o vereador divulgou uma nota, a mesma enviada ao Diário do RN nesta segunda-feira (24), recuando da interpretação de que teria acusado um magistrado. Ele afirmou que sua fala foi “hipotética e abstrata” e que não teve intenção de atribuir crime a qualquer juiz. “Minha fala não teve o propósito de atribuir a algum juiz, de forma direta ou indireta, qualquer prática ilícita, especialmente o crime de venda de sentença”, escreveu.
Segundo Faustino, sua crítica se dirigia ao critério jurídico que poderia vir a ser adotado, e não à honra de magistrados. Ele alegou exercer apenas sua liberdade de expressão política ao defender que o processo de cassação siga o Decreto-Lei nº 201/67, conforme a Súmula Vinculante nº 46. O Decreto Federal determina os prazos de 24h para convocação do réu e de 90 dias para encerramento do processo de cassação de um vereador, diferente do que dita o Regimento Interno da Câmara de Natal, que cita 72h e 120 dias, respectivamente.
A Amarn deve concluir ainda esta semana se responderá formalmente às declarações do vereador. Caso o colegiado entenda que há afronta à integridade do Judiciário, a associação poderá ingressar com nota pública de repúdio, representação ou outras medidas institucionais cabíveis.
A Justiça do RN suspendeu as duas sessões da Câmara de Natal após entender que havia necessidade de ajustes no rito de votação do processo. A nova data para retomada da análise da cassação de Brisa Bracchi ainda depende de decisão judicial.
O ex-senador da República e ex-presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, oficializou nesta segunda-feira (24) sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores, encerrando um ciclo de 12 anos na sigla. Em cartas enviadas ao presidente nacional do PT, Edinho Silva, e à presidente estadual no Rio Grande do Norte, Samanda Alves, Prates comunicou sua decisão “amadurecida ao longo dos últimos meses” e afirmou que continuará atuando no campo progressista, agora em uma “nova legenda com tradição de luta”.
Ao Diário do RN, Prates não revelou qual será seu próximo partido, por ser “um passo de cada vez”, mas afirmou que a decisão será tomada ainda este ano. “Não vou sair e no dia seguinte abraçar outro partido, não vou fazer isso. Vou esperar aí mais uns 15, 20 dias, mas antes de virar o ano eu quero resolver isso, é uma questão minha, não quero levar para o ano que vem essa discussão para eu poder já trabalhar na nova sigla e fazer dela uma nova casa”. Ele afirmou ainda que pretende se manter “na construção de uma esquerda moderna, popular e democrática”.
Anteriormente, quando já cogitava deixar o Partido dos Trabalhadores, Jean Paul havia confirmado diálogos com PV, PDT e MDB. Estes dois últimos voltaram a ser citados na conversa desta segunda-feira, mantendo-o dentro do grupo governista.
Ao ser questionado sobre possibilidade de compor chapa no sistema governista em 2026, o ex-senador encaminhou à imprensa as cartas, em que afirma que sua decisão foi consolidada após conversa direta com a governadora Fátima Bezerra e que reafirmou a disposição de integrar a chapa majoritária governista nas eleições de 2026.
“A decisão, amadurecida ao longo dos últimos meses, foi consolidada após diálogo direto e respeitoso com a Governadora Fátima Bezerra, em que manifestei minha disposição de integrar a chapa majoritária governista ao Senado Federal em 2026, em posição ainda a ser definida”, escreveu na carta ao PT potiguar.
Nos trechos destinados à direção nacional, Prates retomou o episódio de 2022, quando o PT impediu sua candidatura à reeleição ao Senado. “Em 2022, mesmo contrariado pela decisão partidária que preteriu minha tentativa de reeleição, aceitei com disciplina a orientação do partido e atuei ativamente no processo eleitoral, na condição de suplente da chapa majoritária ao Senado, mantendo-me fiel ao projeto coletivo”, afirmou.
O ex-senador reforçou ainda que sua saída decorre do esvaziamento de seu espaço interno na legenda. “Minha saída, provocada por intrigas palacianas e desinformações deliberadamente plantadas, e marcada pela ausência de manifestação pública do partido à época, consolidou uma percepção de esvaziamento do espaço político que antes eu ocupava”, escreveu, acrescentando que as conversas recentes sobre os planos eleitorais do PT no RN reforçaram a impressão de que sua participação estava “reduzida”.
Ainda assim, declarou não guardar ressentimentos. “Não mudo de lado. Reposiciono minha trajetória. (…) Não deixarei de me perfilar, sempre, ao lado das causas justas, das lutas populares, e de somar forças ao campo democrático toda vez que as ameaças forem maiores que as divergências internas. ”
Prates deixa claro que não pretende romper com o campo de origem. “Seguirei no campo progressista, em nova legenda com tradição de luta, com o objetivo de continuar contribuindo para a construção de uma esquerda moderna, popular, democrática e conectada com os desafios do nosso tempo”, registrou.
No encerramento da carta, voltou a defender a união das forças progressistas: “A pluralidade é riqueza, não ameaça”.
Ele ainda destacou as “maiores honrarias” recebidas no partido, ter representado o Rio Grande do Norte no Senado e presidido a Petrobras, e lembrou seu trabalho legislativo, incluindo projetos estruturantes como o Marco Legal das Ferrovias, propostas de estabilização dos preços dos combustíveis e iniciativas na área de transição energética.
O ex-senador também homenageou a militância petista, especialmente aquela presente “nas regiões mais vulneráveis do país”, que chamou de “o que o PT tem de mais autêntico e valioso”.
O Brilha Natal Fecomércio RN 2025 deverá transformar o mês de dezembro em um período de intensa movimentação cultural e comercial no Alecrim e na Cidade Alta. Lançado oficialmente nesta segunda-feira, 24, no Sesc Rio Branco, o projeto chega ao seu terceiro ano consolidado como uma das principais ações de fim de ano da capital. A proposta é integrar festividades, serviços gratuitos e iniciativas de incentivo ao comércio, criando um circuito que fortalece a economia local e valoriza a tradição das ruas mais movimentadas de Natal.
Entre 1º e 31 de dezembro, os dois bairros receberão uma ampla programação que inclui atrações culturais, ações de saúde e beleza, oficinas de gastronomia, atividades para crianças e adultos e uma campanha promocional com sorteio de prêmios para consumidores. A exemplo dos anos anteriores, a “Trupe Brilha Natal” seguirá percorrendo as ruas do comércio, enquanto o Festival Cultural e Gastronômico retorna à Praça Cívica entre 12 e 14 de dezembro, com shows de Flávio José e Giannini Alencar na abertura, além de apresentações de artistas potiguares como Pagode do Coxa, Khystal, Tanda Macedo e Bisteca e Bochechinha.
O espaço ganhará decoração temática, áreas instagramáveis e receberá mais de cem microempreendedores da Feira Garajal. O Senac RN oferecerá cerca de vinte oficinas gastronômicas, e as unidades móveis do Sesc e do Senac farão atendimentos gratuitos ao público. O presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, destaca que o projeto tem efeito direto na vitalidade econômica da região. “O Brilha Natal nasceu para movimentar nossas ruas no mês mais importante do varejo. Essa é uma iniciativa pensada para gerar fluxo, renda e visibilidade para quem vive do comércio do dia a dia. É resultado de trabalho conjunto, focando para esta região histórica e única da nossa cidade”, afirmou.
A edição 2025 também marca a abertura do Polo Cultural do Alecrim, no Teatro Sesc Sandoval Wanderley, que receberá atividades entre 2 e 21 de dezembro mediante doação de um quilo de alimento ao Mesa Brasil. Somados aos demais polos natalinos, serão mais de 160 horas de programação e mais de 200 profissionais envolvidos.
A agenda solidária inclui o Brilha Solidário, com 600 refeições distribuídas entre 10 e 12 de dezembro, e o Cometa Brilha Natal, que promoverá passeios temáticos e atividades na Praça Cívica, acompanhado por campanha de arrecadação de alimentos.
Consumidores que realizarem compras a partir de 50 reais concorrerão a motos, notebooks, smart TVs e assistentes virtuais. Participam da iniciativa lojas da Associação Viva o Centro e da Aeba, no Alecrim. A Polícia Militar e a Guarda Municipal reforçam a segurança nos bairros.
Comércio projeta crescimento no período No Alecrim, a expectativa para o período é de forte movimentação. O presidente da Aeba, Matheus Feitosa, destaca que o Brilha Natal já se consolidou como uma ação de estímulo direto às vendas e ao ambiente comercial. Ele afirma que, com as últimas edições, o bairro registrou incremento significativo no faturamento e maior permanência dos consumidores nas ruas. “É uma ação que fomenta o comércio, gera emprego, renda e aumenta a arrecadação. No ano passado tivemos mais de um milhão e meio de reais injetados na economia em comparação a 2023, que foi o primeiro ano da programação. Por causa da programação, os clientes passam mais tempo no bairro, comprando, assistindo às apresentações e registrando esse momento, o que também fortalece a imagem do comércio”, diz.
Na Cidade Alta, o clima também é de otimismo. O presidente da Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos, avalia que a programação do Brilha Natal reforça o movimento natural de fim de ano no comércio e deve ampliar o fluxo de consumidores. “Há sempre uma expectativa muito grande quando chega dezembro. Os lojistas se preparam para o Black Friday e o período natalino, e a campanha do Brilha Natal soma-se a tudo isso. Estamos muito otimistas para este ano”, disse.
A festa de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal, segue até a próxima sexta-feira (21), reunindo milhares de fiéis em torno do tema deste ano, “Mãe da Apresentação, rainha da paz, do amor e do perdão”. Iniciada no dia 11, a programação reforça a tradição religiosa e o valor histórico da devoção, que acompanha Natal desde o século XVII e ganhou ainda mais força após o achado da imagem da Virgem no rio Potengi, em 1753, episódio que marcou definitivamente a fé dos natalenses.
O encerramento da festa começa à meia-noite, na Pedra do Rosário, com a Vigília da Apresentação conduzida pela Comunidade Católica Shalom. A celebração segue até as 5 horas, quando ocorre a primeira missa do dia, presidida pelo Padre Antônio Nunes de Araújo, pároco da Paróquia de São João Batista, em Lagoa Seca. Às 3h30 da madrugada acontece ainda a tradicional procissão fluvial, saindo do Iate Clube com destino à Pedra do Rosário, ponto que marca o achado da imagem.
Após a primeira missa, a imagem será conduzida pelos fiéis até a antiga Catedral, onde, às 7h30, será celebrada a segunda missa do dia, presidida pelo arcebispo emérito Dom Jaime Vieira Rocha. A missa solene está marcada para as 10 horas, na Catedral Metropolitana, sob presidência do arcebispo dom João Santos Cardoso. Ao final, a Câmara Municipal entregará o título de cidadão natalense a dom João e ao Monsenhor Valquimar Nogueira, pároco da Catedral.
Ao comentar o tema deste ano, o Padre Yago Carvalho, vigário paroquial da Catedral Metropolitana, explica que a escolha se inspira no hino da padroeira e busca expressar a relação maternal que os fiéis cultivam com a Virgem. “Neste ano de 2025, escolhemos como tema da festa inspirado no seu hino, é uma forma de retratarmos o amor e carinho de um filho para sua mãe”, afirma. O sacerdote também destaca o significado da Pedra do Rosário como espaço de memória e esperança para os devotos. Segundo ele, “a Pedra do Rosário é o marco histórico, espiritual, mas acima de tudo sinal da esperança de Deus em nosso meio”, um lugar onde os fiéis podem “contemplar o amor e carinho de Deus em nos conceder uma mãe”, ressalta.
A procissão terrestre, ponto alto das festividades, está marcada para as 16h, com saída da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação (Antiga Catedral), na Cidade Alta, em direção à Catedral, onde haverá missa presidida por Dom João Cardoso. Para o Padre Yago, a caminhada expressa o compromisso dos fiéis com a paz proposta pelo tema da festa. Ele afirma que “somos necessitados de paz, não como um conceito, mas de forma concreta” e lembra que “o perdão transforma a vida de quem concede e de quem recebe”, ressaltando que a Virgem inspira esse caminho de reconciliação.
RELATOS DE FÉ E MILAGRE Entre os relatos que marcam a festa está o da jornalista Andrea Lemos, que atribui à padroeira o milagre que salvou a vida do filho Samuel Afonso, hoje com 29 anos. Ela conta que, quando a criança tinha pouco mais de um ano, uma nebulização mal administrada no hospital desencadeou uma crise respiratória grave, que evoluiu para traqueíte aguda. Sem vaga disponível na UTI do Hospital Infantil Varela Santiago, Samuel passou a noite lutando para respirar. “Os médicos chegaram a ‘desenganar’ ele, disseram que, se sobrevivesse, teria sequelas graves, porque o oxigênio não estava chegando no cérebro, pois a passagem do ar tinha a espessura de uma agulha”, lembra.
Diante da angústia, a família recorreu à fé e fez uma promessa à padroeira, durante a procissão de encerramento da festa de 1997: caso Samuel sobrevivesse, caminhariam todos os anos na procissão, descalços e vestidos de branco. “E assim fazemos há quase 30 anos”, afirma Andrea.
“Ele cresceu sem sequelas, fez duas faculdades e uma pós-graduação”, conta emocionada.
O próprio Samuel também relembra a história com gratidão. Segundo ele, participar da procissão anual é um gesto de reconhecimento. “Ela faz parte da minha vida desde muito novo”, afirma.
“Meus pais fizeram uma promessa pedindo pela minha vida. Desde lá participamos da procissão descalços e vestidos de branco, agradecendo pela graça alcançada”, enfatiza.
CONTEXTO HISTÓRICO A dimensão histórica da devoção é detalhada pelo historiador José Rodrigues, que destaca que a ligação dos natalenses com a padroeira é antiga. “A devoção à Nossa Senhora da Apresentação acompanha a história da cidade desde seus primórdios”, afirma. Ele lembra que documentos do século XVII já apontavam a invocação da santa como protetora da vila de Natal.
Rodrigues ressalta, no entanto, que o achado da imagem no Potengi, em 1753, fortaleceu definitivamente essa conexão. “O episódio do achado da imagem deu ainda mais força ao vínculo entre a Virgem e a capital potiguar”, explica. Para ele, a tradição de que “onde esta imagem parar nenhuma desgraça acontecerá” sintetiza o sentimento de proteção que marca a relação dos fiéis com a santa.
O historiador observa que fé, identidade local e memória coletiva se entrelaçam nessa devoção que atravessa quase três séculos. “É um relato que se mistura com a própria formação da cidade”, resume.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, surgiu como uma data voltada à reflexão sobre a luta, a resistência e as contribuições da população negra para a formação do Brasil. A escolha remete à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência à escravização no século XVII. Apesar de ter sido instituída oficialmente como Dia Nacional da Consciência Negra em 2011, por meio da Lei 12.519, a data só passou a ser reconhecida como feriado nacional em 2023, após sanção da Lei 14.759 pelo presidente Lula, reforçando sua importância no enfrentamento ao racismo estrutural e na promoção da igualdade racial.
No Rio Grande do Norte, essa reflexão se materializa no trabalho de profissionais e movimentos sociais dedicados à educação e à promoção da igualdade racial. Entre esses atores está o professor Gilson José Rodrigues Junior, do Campus Macau do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), cuja atuação ganhou força nos últimos anos.
“Minha trajetória dentro do IFRN tem se fortalecido graças à minha experiência anterior de militância, que me ajudou a ampliar o diálogo com movimentos sociais e com órgãos federais, como o Ministério da Igualdade Racial, criando condições para avançar em políticas antirracistas no Estado. ” Entre as ações mais recentes, ele destaca o protocolo antirracista do IFRN, o programa RN Interracista, lançado em setembro, e o curso Quilombar, previsto para o próximo ano, voltado à formação de professores da educação escolar quilombola, nas quais tem atuado.
O reconhecimento de todo esse trabalho ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Norte. Nesta semana, Gilson foi agraciado com a Comenda Senador Abdias Nascimento 2025, concedida pelo Senado Federal a personalidades que contribuem para a cultura afro-brasileira e a igualdade racial. Sobre a homenagem, ele define o momento como marcante. “Primeiro, foi uma grande surpresa ter recebido a indicação de concorrer à comenda Senador Abdias Nascimento, e só por levar este nome já é um grande privilégio para mim, enquanto homem negro. Eu fico muito feliz e acho que a gente precisa que as nossas lideranças negras, indígenas e quilombolas sejam mais visibilizadas”, afirma.
Por outro lado, apesar do reconhecimento público e da trajetória consolidada, Gilson destaca que o preconceito ainda atravessa seu dia a dia. Ele relata experiências que revelam o racismo presente no ambiente profissional. “Em 21 anos de docência, sendo um professor doutor, intelectual, pesquisador, eu ter tido sempre que ouvir a pergunta: ‘o que você está fazendo aqui, rapaz?’, quando eu estava indo dar aula em alguma universidade ou escola. Acredito que tinha a ver com não ter o corpo reconhecido como de um professor”, afirma. Para ele, o não reconhecimento da competência é uma das marcas mais dolorosas deixadas pelo racismo.
Outra voz que atua na defesa da igualdade racial no estado é a da empreendedora social Andreia Souza, idealizadora do projeto Valentes, que apoia comunidades e iniciativas de impacto no Rio Grande do Norte. Ela relata que o projeto já reúne cerca de 200 empreendedores e tem ganhado reconhecimento nacional, entre os quais ela pontua alguns: “Fomos destaque em 2025, sendo case citado em um capítulo do livro lançado pelo Instituto Update e pelo Observatório Feminista do Nordeste por nossas ações no ‘lockdown’. Também participamos do Conecta Latinas 2025, em Pernambuco, como única iniciativa do RN”, afirma.
Mas, apesar dos avanços, Andreia considera que as políticas antirracistas ainda caminham lentamente. Segundo ela, “a pauta ainda encontra resistência e o progresso é tímido”. Ela aponta, por exemplo, a ausência de representatividade negra em cargos de liderança e a falta de estrutura pública para políticas de igualdade racial. “É tudo muito tímido, é tudo muito lento, e ainda existe o questionamento de se ter cotas e tudo mais”, diz.
O processo de cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT) sofreu revés nesta terça-feira (18), após a Justiça suspender, por duas vezes, a sessão extraordinária que a Câmara Municipal de Natal havia marcado para votar o parecer pela cassação da parlamentar. A decisão trouxe à discussão uma sequência de irregularidades que vêm marcando a condução do caso, fortalecendo a percepção de que a oposição ao PT tenta acelerar o julgamento a qualquer custo, mesmo atropelando o Regimento Interno e Lei Federal que trata de cassação de agentes públicos.
A principal razão da suspensão foi o descumprimento do prazo mínimo de convocação. Sessões destinadas à votação de cassação precisam ser anunciadas com 72 horas de antecedência, conforme determina o Regimento Interno. A Mesa Diretora, porém, divulgou a convocação na noite de segunda-feira para uma sessão na manhã desta terça, menos de 24 horas depois. O desembargador Cornélio Alves, ao analisar o pedido da defesa, considerou a convocação irregular e sustou imediatamente a reunião, ainda na madrugada da terça-feira (18).
Após a liminar que suspendeu a sessão, a Câmara voltou a anunciar uma nova votação para esta quarta-feira (19). A convocação, no entanto, novamente não respeita o prazo mínimo de 72 horas, repetindo o mesmo erro que motivou a decisão judicial inicial. Foi essa a justificativa da nova decisão, emitida pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal, Artur Cortez, na noite do mesmo dia (18).
“A nova convocação, realizada no dia 18/11, às 09h23, para sessão a se realizar 19h às 11h, se apresenta como um claro descumprimento à decisão de segunda instância”, afirma, se referindo à decisão do desembargador Cornélio Alves.
A determinação do prazo está contida no Artigo 127, inciso 7º: “O denunciado deverá ser intimado de todos os atos do processo, pessoalmente ou na pessoa de seu procurador, com a antecedência de, no mínimo, 72 horas, sendo-lhe permitido assistir às diligências e audiências, bem como formular perguntas às testemunhas e requerer o que for de interesse da defesa”.
A oposição à vereadora, no entanto, passou a se basear, no curso do processo, pelo Decreto-Lei 201/67, editado pelo Governo Federal, que rege cassações em todo o país. De acordo com o artigo 5ª, inciso 4º, o prazo para convocação é de 24 horas, tratando, entretanto, da cassação de prefeitos.
A reincidência no atropelo do rito reforçou críticas de parlamentares, advogados e observadores de que há uma tentativa de aceleração forçada do processo, sem o devido cuidado jurídico e regimental.
Outro ponto é a convocação indevida da suplente Julia Arruda (PCdoB) para a sessão de votação. Segundo o Regimento Interno, não há qualquer dispositivo que impeça o vereador investigado ou alvo do processo de cassação de votar. Portanto, não existe base legal para afastar Brisa da sessão ou substituir sua participação.
Até mesmo o Decreto-Lei Federal revogou o artigo que tratava sobre o assunto. Ou seja, a vereadora tem o direito de votar, conforme os dois regulamentos.
Mesmo assim, a Mesa Diretora convocou a suplente, criando mais um vício no processo e reforçando a tese de que o rito está sendo conduzido de forma politicamente direcionada.
Além disso, o processo carrega desde o início outra fragilidade: o conteúdo da denúncia apresentada pelo vereador Matheus Faustino (PP). De acordo com o vereador Daniel Valença (PT), em denúncia ao Diário do RN, o texto de uma página cita um artigo do Regimento Interno, Artigo 11, inciso 12, que não corresponde à acusação feita, a alegação de que Brisa teria promovido “evento político-partidário” utilizando emendas parlamentares.
Não existe no Regimento Interno da Câmara Municipal de Natal qualquer tipificação que caracterize esse suposto ato como conduta passível de cassação. A acusação também não está enquadrada no Decreto-Lei 201/67. O artigo 7º, que aborda cassação de vereadores, não enquadra cassação “por evento político-ideológico com emenda parlamentar” em qualquer um dos incisos.
Na sessão plenária desta terça-feira (18), o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Francisco do PT, fez um pronunciamento contra o que chamou de mentiras deslavadas. Sem citar nome, ele dedicou boa parte do discurso contra o senador Rogério Marinho (PL), a quem acusou de mentir “de forma deslavada” sobre a autoria e a execução de obras hídricas no Rio Grande do Norte. O deputado disse que precisou ir novamente à tribuna para “confrontar a desinformação” e apontar o que chamou de “cara de pau” do senador, que estaria tentando atribuir a si iniciativas que não realizou.
Segundo o parlamentar, o senador tem tentado se apropriar de projetos que não executou e que, em sua maioria, foram concebidos, financiados ou concluídos por governos do PT. Francisco afirmou que o senador, “que tem uma trajetória política caracterizada como o maior perseguidor da classe trabalhadora desse país, deu uma entrevista eivada de mentiras, de desinformação e de fake news” em Caicó.
“Eu não sei como é que um senador da República se presta a um papel desses, de ter que mentir para ganhar o voto do povo deste Estado”, disse.
O deputado citou como primeiro exemplo a Barragem de Oiticica, rebatendo afirmações de que a obra seria resultado do governo Bolsonaro. “O senador da república de extrema direita agora, porque também já mudou muito né, já foi até socialista no passado, mas agora é uma verdadeira metamorfose ambulante, quis inclusive se apropriar, querer chegar lá pra dizer que barragem de Oiticica foi obra de Bolsonaro. Barragem de Oiticica foi o governo do PT! Foi Dilma que proporcionou, foi Lula que terminou. 72,95% dos recursos que propiciaram a conclusão foram do governo Lula e Dilma”, afirmou.
Ele acrescentou que Bolsonaro, mesmo tendo quatro anos de espaço entre governos, “não teve sequer competência para terminar a obra”.
Francisco também criticou a tentativa de atribuir ao ex-presidente Bolsonaro a Transposição do Rio São Francisco: “É muita cara de pau querer se apropriar da transposição do Rio São Francisco para dizer que foi o governo Bolsonaro. Outra obra que o governo Bolsonaro não teve competência sequer para concluir. Foi preciso Lula voltar”.
O parlamentar relacionou a transposição a outras duas obras estratégicas para o Estado, o Ramal do Apodi e o Projeto Seridó, que está em execução. Segundo ele, “se Lula não tivesse tirado a transposição do papel, nem tinha Oiticica, nem tinha Ramal do Apodi, e nem tinha o Projeto Seridó”.
Sobre a Barragem Passagem das Traíras, entre Jardim do Seridó e São José do Seridó: “Esta eu conheço de perto. Esse mesmo senador, quando era ministro, tomou a obra do governo do Estado dizendo que ia fazer mais barata e mais rápida. Nem fez rápida nem barata. Sequer terminou a obra”. Ele lembrou, ainda, que a recuperação da barragem só avançou porque o governo estadual retomou os trabalhos: “Foi preciso Lula voltar. Foi preciso o governo do Estado pegar a obra para que ela pudesse ser concluída”.
O deputado afirmou que o comportamento do senador não é um caso isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla da extrema direita. Ele criticou “a necessidade de mentira da extrema-direita”, dizendo que setores desse campo político perceberam que a estratégia de desinformação “dá voto”, e por isso a utilizam deliberadamente.
“É assim que essa gente agora quer fazer política. Querem dizer que o Rio Grande do Norte vive um caos. Promovem o desserviço da desinformação”, apontou.
Ele criticou especialmente a tentativa de construir a narrativa de caos.
“Caos era o que vivíamos em 2018: presídios em rebelião, cabeças decapitadas, polícia aquartelada porque não recebia salário, população com medo de ir às ruas. Agora querem reescrever a história.”
Francisco pontuou que a prática tem sido recorrente: “Todo dia a gente precisa estar aqui desmentindo mentiras que são contadas de forma deslavada, na maior cara de pau do mundo”.
Desinformação sobre energia solar No mesmo discurso, Francisco também criticou o que classificou como “corrida para culpar o PT” no debate sobre a cobrança feita pela concessionária sobre usuários de energia solar.
Segundo ele, parlamentares da oposição levantaram acusações sem checar o conteúdo: “Houve quem se apressasse em dizer que era culpa do PT, de Fátima, de Lula. Quando fomos verificar, o argumento usado pela empresa era uma lei de 2022, sancionada por Bolsonaro, e uma lei estadual de 1996. Nada a ver com o PT.”
“Imediatamente já houve quem dissesse que foi culpa do PT. Mas quando perceberam que a lei era de Bolsonaro, aí já começaram a mudar a narrativa”, observou.
A “Black Friday”, tradicional data de liquidações que marca o início das compras de Natal, acontece na última sexta-feira de novembro, mas já movimenta o comércio em Natal. O evento, que nasceu nos Estados Unidos e foi incorporado ao calendário brasileiro em 2010, tornou-se uma das datas mais importantes para o setor varejista, tanto físico quanto online. Neste período, os lojistas oferecem descontos expressivos, cupons e promoções que atraem consumidores em busca de boas oportunidades de compra e, ao mesmo tempo, impulsionam o faturamento das empresas.
Na capital potiguar, o clima é de otimismo entre os comerciantes. De acordo com Matheus Feitosa, presidente da Associação dos Empresários do Alecrim (AEBA), as expectativas são altas para este ano, e o bairro já iniciou os preparativos para a chamada “Esquenta Black Friday”. A ação está sendo realizada durante os feriados de novembro, como um aquecimento para a grande data de descontos.
“Nossas expectativas são sempre das melhores. Teremos também a grande Black Friday, uma Black Friday real e não uma ‘Black Fraude’. E já demos início ao nosso esquenta, que acontece durante os feriados de novembro. No dia 15, estivemos com o comércio aberto e diversas lojas já participando; e, agora, nos dias 20 e 21, mais estabelecimentos vão aderir à ação. Estamos fazendo essa entrega como um grande atrativo para que os clientes visitem o Alecrim durante os feriados”, afirmou Feitosa.
O dirigente destaca ainda que o comércio de rua e a tradicional feira livre do Alecrim também participam das promoções, contribuindo para o aumento no fluxo de clientes e no volume de vendas. “A feira livre do Alecrim funciona como uma grande colaboradora, atraindo consumidores e ajudando a gerar movimento. Está tudo pronto para que a Black Friday deste ano seja ainda melhor do que a do ano passado. A expectativa é de um crescimento entre 5% e 10% nas vendas em relação ao ano anterior”, afirmou.
Além do aspecto comercial, Feitosa ressalta que a data também serve como um treino para os lojistas e funcionários, em preparação para o intenso período natalino. “A Black Friday já é uma prévia das vendas de fim de ano e, por isso, uma oportunidade de treinar os comerciários. O Alecrim recebe tanto o público final quanto o cliente do atacado, que vem abastecer seus pontos de revenda. Então, junto com nossos parceiros, estamos planejando ações importantes para este período”, completou.
Consumidores devem ficar atentos para não caírem em pegadinhas, explica especialista
Jeoás Santos: “Desconfie de ofertas boas demais pra ser verdade” – Foto: Reprodução
Com o aumento das ofertas no comércio físico e virtual, no entanto, também crescem as armadilhas e práticas enganosas. O mês de novembro, segundo os órgãos de defesa do consumidor, é o período em que se registram mais reclamações nos Procons de todo o país, principalmente por conta de propagandas falsas e preços que não condizem com o prometido.
Com isso, o advogado especialista em Direito do Consumidor, Jeoás Santos, alerta para os cuidados que o público deve ter antes de efetuar uma compra. “O consumidor se deixa levar pela sensação de urgência e acaba comprando sem checar as condições reais da oferta. É nessa pressa que acontecem os maiores prejuízos”, destaca.
De acordo com especialista, entre as práticas mais comuns estão o aumento artificial de preços antes da Black Friday, a criação de sites falsos que imitam grandes redes varejistas, o uso de estoques inexistentes e anúncios com informações incompletas. Há ainda casos em que as lojas alegam “erro de preço” para cancelar vendas já concluídas.
Ainda segundo o advogado, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) diferencia a propaganda enganosa, que induz o consumidor ao erro, da propaganda abusiva, que se aproveita de situações de vulnerabilidade, como o medo ou o impulso. Ambas proibidas por lei. “O anúncio integra o contrato. Se a oferta for clara e plausível, o consumidor pode exigir o cumprimento do preço anunciado”, explica.
O especialista também lembra que, no caso das compras online, o consumidor tem direito ao arrependimento, garantido pelo artigo 49 do CDC. Isso significa que é possível desistir da compra em até sete dias corridos após o recebimento do produto, com reembolso integral, incluindo o valor do frete. Mesmo em promoções, os direitos de troca e garantia continuam válidos, sendo 30 dias para bens não duráveis e 90 dias para os duráveis.
“Nenhuma loja pode negar reparo ou devolução alegando que o produto estava em liquidação”, reforça Santos. Caso o problema não seja resolvido diretamente com o fornecedor, o consumidor deve reunir provas, como notas fiscais, ‘prints’ e protocolos de atendimento, e procurar o Procon ou o site consumidor.gov.br. Persistindo o impasse, é possível recorrer ao Juizado Especial Cível.
Jeoás conclui reforçando que para aproveitar a Black Friday com segurança, a principal recomendação é desconfiar de ofertas que pareçam boas demais para ser verdade.
“Promoção de verdade informa tudo com transparência e cumpre o que promete. Desconfie de preços milagrosos e registre sempre as condições da oferta”, orienta o advogado.
O debate sobre o Hospital Municipal de Natal voltou à tona. O atual secretário municipal de saúde, Geraldo Pinho, garante que o hospital ainda não está pronto para funcionar. Segundo ele, a primeira fase da obra, que representa cerca de 45% do projeto total, atingiu 85% de execução.
“Com mais de 200 funcionários trabalhando, a 1ª etapa chegou em quase 85% de sua realização e o bloco intermediário em 95%”.
Ele contesta fala feita na semana passada pelo ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que insiste na tese de que deixou tudo pronto para funcionar.
O ex-gestor reafirmou que a unidade de saúde estaria pronta desde o fim de sua gestão, em dezembro de 2023, e que apenas pequenos ajustes seriam necessários para a abertura: “Abrimos durante aquele período porque eu entendia que precisávamos dar uma resposta à população na questão da saúde. e veja bem, o que ficou faltando no hospital? ficou faltando no hospital um centro de esterilização e um pequeno centro cirúrgico qualquer, que instalado lá, duas salas para um centro cirúrgico, ele poderá funcionar perfeitamente”, disse Álvaro em entrevista à 98 FM.
Álvaro: “Ficou faltando um centro de esterilização e um pequeno centro cirúrgico” – Foto: Reprodução
A atual secretaria municipal de saúde (SMS), no entanto, rebateu as declarações e afirmou que a primeira etapa da obra ainda está em execução, com previsão de conclusão nos próximos meses.
Enquanto a prefeitura trabalha para concluir os 15% restantes da obra, o impasse entre as duas versões expõe a divergência política e técnica sobre uma das principais promessas da saúde pública da capital potiguar e deixa a população à espera.
De acordo com o secretário Geraldo Pinho, da gestão Paulinho Freire, as equipes trabalham na instalação de forro, acabamentos internos, fachada, redes elétrica e hidráulica, ar-condicionado, subestação, estação de tratamento de esgoto (ete), além da pavimentação e drenagem externa.
“Para o pleno funcionamento dos 100 leitos, 90 de enfermaria e 10 de UTI, são essenciais o acabamento interno, o centro de esterilização, lavanderia, cozinha, farmácia e parte administrativa, todos ainda em construção”, explicou Pinho ao Diário do RN.
Ele destacou que os blocos cirúrgicos, apontados por Álvaro como “um pequeno detalhe”, estão, na verdade, incluídos na segunda etapa da obra, a parte mais complexa e cara do hospital. “É onde o equipamento de saúde consegue realizar a alta complexidade e trazer faturamento e receita para o município. A segunda etapa é bem maior que a primeira e exigirá mais de R$ 100 milhões para sua execução”, afirmou.
O valor já foi solicitado pela Prefeitura à bancada federal potiguar, com reforço do requerimento realizado na última segunda-feira (10), pela vice-prefeita Joanna Guerra, na reunião que aconteceu com os parlamentares em Natal. o valor deverá ser incluído nas emendas de bancada 2026, de acordo com consenso.
“A gestão está empenhada 100% para entregar e inaugurar o hospital, buscando todo o apoio e parcerias possíveis para tal, como estamos fazendo com a nossa bancada federal”, complementou o secretário Pinho.
Localizado na avenida Omar O’Grady, no bairro Pitimbu, zona Sul da capital, o hospital municipal de Natal é considerado uma das obras mais aguardadas da rede de saúde pública da cidade. O prédio chegou a ser inaugurado simbolicamente em 30 de dezembro de 2023, nos últimos dias da gestão de Álvaro Dias. Na ocasião, o ex-prefeito garantiu que a primeira etapa estava “completamente concluída” e atribuiu à nova gestão a decisão de colocar ou não o hospital em funcionamento.
As obras, porém, foram retomadas em setembro deste ano, após paralisações motivadas por falta de recursos. Atualmente, mais de 200 trabalhadores atuam no canteiro, segundo a SMS.
“A gestão Paulinho Freire e a SMS são os maiores interessados na efetiva entrega dessa primeira etapa, para desafogar a rede municipal e aliviar a tensão da espera por leitos nas UPAs da cidade”, reforçou Geraldo Pinho.
Secretário de Saúde, Geraldo Pinho, aponta que ainda falta conclusão da primeira etapa – Foto: Reprodução
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) arquivou o Procedimento Preparatório nº 03.23.2027.0000119/2024-29, que investigava a estrutura funcional das Unidades Centrais de Controle Interno da Prefeitura de Mossoró. O caso teve início em junho de 2024, a partir da Notícia de Fato nº 02.23.2031.0000049/2024-33, e foi convertido em procedimento preparatório no dia 23 de outubro de 2024, sob responsabilidade da 7ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mossoró.
A apuração teve como base informações repassadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN), que, no processo nº 4525/2023, analisava a legalidade e o funcionamento do controle interno da administração municipal. O órgão de controle interno é responsável por acompanhar a execução orçamentária, fiscal e administrativa da Prefeitura, garantindo o cumprimento das normas de gestão pública.
Durante a investigação, o promotor Fábio de Weimar Thé expediu recomendações à administração municipal e requisitou documentos à Procuradoria-Geral do Município (PGM), que respondeu às solicitações ainda no final de 2024. Entre os pontos observados estavam a estruturação adequada do setor e a observância das normas de transparência previstas em lei.
Após análise das informações apresentadas, o Ministério Público concluiu que não havia indícios de irregularidade administrativa e que as medidas recomendadas foram devidamente atendidas pela Prefeitura. O promotor então promoveu o arquivamento do procedimento, decisão que foi encaminhada ao Conselho Superior do Ministério Público.
Em sessão realizada no dia 1º de abril de 2025, o Conselho homologou por unanimidade a promoção de arquivamento, validando a decisão da Promotoria. O arquivamento definitivo foi registrado em 15 de abril de 2025, encerrando oficialmente a tramitação do caso.
Com isso, o MPRN considerou sanadas as pendências apontadas e reconheceu que a Prefeitura de Mossoró regularizou a estrutura de seu controle interno, atendendo às orientações legais e às recomendações dos órgãos de fiscalização.