
Com a exoneração do pastor Milton Ribeiro do MEC (Ministério da Educação), a pasta fica sob a responsabilidade de Victor Godoy Veiga, então secretário-executivo, até que o presidente Jair Bolsonaro (PL) decida o substituto.
Ele foi nomeado interino na edição desta quarta-feira, 30, do Diário Oficial da União.
O número 2 do MEC na gestão de Ribeiro é também o principal cotado para permanecer em definitivo à frente do ministério, mas o presidente ainda não tomou sua decisão.
Milton Ribeiro deixou o cargo nessa segunda, 28, sob acusações de privilegiar pastores suspeitos de negociar liberações de verbas da pasta em troca de vantagem indevida. A queda do ministro ocorreu uma semana após a Folha revelar áudio em que o próprio Ribeiro fala em priorizar os amigos de um dos pastores e que isso seria um pedido de Bolsonaro.
Pessoa de confiança de Ribeiro, Victor Godoy já esteve com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em eventos no MEC. Isso ocorreu em 13 de janeiro de 2021, quando o ex-ministro recebeu prefeitos e os pastores em agenda classificada como “alinhamento político”.
Em fevereiro de 2021, sentou-se ao lado do ministro e de Bolsonaro em encontro com os religiosos e 23 prefeitos. Também compôs a mesa lado a lado com Arilton e Gilmar em outro evento com prefeitos e os pastores em 15 abril do ano passado.
Há relatos de negociação de liberações neste dia 15 de abril em um hotel usado pelos pastores e também um restaurante de Brasília.
Victor Godoy foi ainda o responsável por preparar e encaminhar à CGU (Controladoria-Geral da União) ofício com denúncia da atuação dos pastores que Milton Ribeiro diz ter recebido e despachado em agosto passado. Mas o ministro manteve forte interlocução com os pastores depois disso.
O MEC não apresentou detalhes sobre o teor da denúncia. A Folha questionou a pasta sobre a presença de Victor Godoy em encontros com os pastores mas não recebeu resposta.
Servidores do MEC e parlamentares envolvidos com a pasta apostam na manutenção de Godoy Veiga. Internamente, funcionários temem que mais uma troca de todo comando possa intensificar uma paralisia na pasta.
Segundo relatos, Bolsonaro estaria disposto a mantê-lo no cargo e avaliar a reação de sua base de apoio. Como o presidente deve anunciar mudanças ministeriais na quinta-feira, 31, há a expectativa de que a decisão sobre o MEC saia também neste dia.
As informações são da Folha de S. Paulo