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O “CIGANO” E A “GENTINHA”: JORNALISTA LANÇA LIVRO SOBRE MARKETING DE ALUÍZIO

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“Como toda eleição, aquela Campanha de 60 constitui-se em um processo multifacetado, onde episódios e personagens se confrontam e se reencontram em momentos distintos do processo.

Nesse estudo, dedicamos nosso foco apenas aos aspectos inovadores daquela campanha em termos de articulação política e de uso pioneiro das técnicas, ainda pouco difundidas, do que conhecemos hoje como marketing político”. O livro “O Triunfo da Esperança: A Campanha de 60 em Natal/RN”, do jornalista Ciro Pedroza, com um dos primeiros trechos descrito acima, é um debruçar sobre uma das mais importantes experiências de marketing político de Natal e do Rio Grande do Norte. A publicação, fruto de pesquisa de mestrado, realizada por Ciro na Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, será lançada nesta quinta-feira, 1º, a partir das 16h, no Temis Clube Balcão Bar, no bairro Tirol, em Natal.

“Em verdade, o que a gente pretendeu é fazer um livro de abrangência local, apesar do campo de discussão da arena ser a campanha em Natal, ela tem reflexo no estado inteiro e também no Brasil, porque essa campanha de 1960 foi pioneira e o mais importante, a gente pode usar esse modelo para qualquer campanha dos tempos atuais, ela cai como uma luva. Aluísio desenhou todo o modelo que a gente tem hoje de campanha eleitoral. Daí a importância da campanha de 60 para a atualidade para todos nós”, referencia o autor.

A memória das passeatas com pessoas carregando bandeiras e galhos de árvores pelas ruas da cidade, dia e noite adentro, das músicas da campanha de Aluízio Alves contra Djalma Marinho pela cadeira do governador, Dinarte Mariz e de Djalma Maranhão a prefeito da capital contra o deputado Luiz de Barros são os aspectos descritos em seus bastidores ao longo das 162 páginas.

“A campanha de 60 aqui em Natal foi uma grande batalha de mídia. Uma batalha política que foi disputada na arena da mídia, que era algo novo. Até então a disputa ocorria nos palanques, nos discursos, e quando Aluízio entra com a sua propaganda moderna, o seu jeito diferente de fazer campanha, estabeleceu um marco. Depois dela, as campanhas nunca mais foram como antes”, pontua Ciro.

O livro foi feito com em base pesquisa bibliográfica, análise de documentos e jornais da época. O pesquisador aplicou em seu estudo sobre a eleição de 1960 o modelo teórico desenhado pelo teórico Gaudêncio Torquato, que estrutura uma campanha moderna em quatro pilares: articulação política, pesquisa, comunicação e mobilização.

Além disso, o jornalista ouviu o depoimento do próprio Aluízio Alves, de Eugênio Neto, Moacyr de Gois, Cassiano Arruda Câmara, da compositora Jacira Costa e de Pedro Alencar, responsável pelas pesquisas de opinião da campanha.

As ilustrações da capa são do artista plástico Flávio Freitas. “Flávio Freitas é um artista plástico consagrado. Há quem diga que ele é até o sucessor de Dorian Grey pela beleza do traço dele, pela elegância, pela simplicidade. Era isso que eu queria na capa. Uma capa que representasse aquele momento, o pessoal do lado vermelho de Dinarte, Djalma, do Luiz de Barros, todos organizados, bem-comportados no palanque, e a campanha de Aluízio, o povo no meio da rua com bandeira, com árvore, com bananeira, com coqueiro, tem tudo isso na capa”, afirma Ciro.

Gaudêncio Torquato, consultor político e professor titular da USP, que fez parte da banca examinadora de mestrado de Ciro Pedroza, prefacia o livro.

“O ‘cigano’, o ‘tuberculoso’, que reunia sua ‘gentinha’, o povo pobre, nos comícios e os lenços e galhos verdes são muito bem descritos na presente obra. Tive muita satisfação em integrar a banca que examinou e aprovou a dissertação de Ciro Pedroza. E com muita alegria faço este modesto prefácio”, observa Torquato sobre o trabalho.


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