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BOTOX, PEELING, PREENCHIMENTO: TENDÊNCIAS EM TRATAMENTO ÍNTIMO DE MULHERES É DEBATIDO COM CAUTELA POR MÉDICOS

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FOTO: CATHARINA SULEIMAN/ REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Laser, ultrasom, peeling, preenchimento e botox são nomes bastante familiares a mulheres que frequentam consultórios dermatológicos em busca de uma pele lisa, firme e viçosa. Esses mesmos procedimentos ganharam fama para tratar a genitália feminina — e já existe até o termo harmonização íntima (fazendo um paralelo com a famosa harmonização facial), que é um conjunto de recursos usados para remodelar, diminuir a flacidez e clarear a região.

O que aparenta ser mais um aprisionamento estético — não se pode envelhecer em paz nem lá? — é debatido com cautela por médicos. “Os tratamentos possuem um caráter funcional também, resolvendo problemas como incontinência urinária, ressecamento, candidíase de repetição, atrofias e dores. É possível devolver qualidade na relação sexual e mexer com a autoestima da paciente”, explica a dermatologista Mônica Azulay, que, junto com a médica Fairuz Helena Castro, está criando um ambulatório dedicado ao tema, na Santa Casa de Misericórdia, no Centro do Rio.

O Instituto de Dermatologia Prof. Rubem David Azulay, da Santa Casa, será o primeiro do estado com uma seção voltada especialmente para a região íntima, a preços populares. Começa a funcionar no próximo dia 21, com atendimentos uma vez por mês. Mônica conta que o projeto surgiu por causa dos constantes relatos de mulheres, durante as consultas no hospital, constrangidas com incômodos em suas genitálias.

O ambulatório vai oferecer tratamentos com laser (devolve a lubrificação da vagina, além de resolver a dispareunia, dor na relação sexual), toxina botulínica (para o vaginismo, que causa contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico), peeling (clareia manchas), preenchedores (para questões nos pequenos e grandes lábios), bioestimuladores (produz colágeno), entre outros. “Os problemas atingem todas as idades, mas principalmente a faixa etária acima dos 40, com a chegada do climatério e da menopausa.”

Entre o grande leque de opções, a ginecologista Viviane Monteiro aponta ainda tratamentos internos, como o preenchimento com ácido hialurônico do ponto G e correção de clitóris, creminhos de skincare para usar em casa e até cirurgias. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil é campeão na realização de labioplastia, a redução dos pequenos lábios vaginais. “Importante ficar atenta a promessas de rejuvenescimento genital completo. Estamos falando de produtos e procedimentos médicos, que pedem diagnósticos precisos, indicações adequadas e alertas sobre contraindicações”, adverte a ginecologista.

Também dermatologista, Juliana Piquet acrescenta que costuma realizar o clareamento em pacientes com intenção de fazer depilação definitiva, já que a pele escura interfere no laser. A médica confessa se questionar sobre os exageros na busca pela aparência: “É delicado, eu procuro acolher, mas lembrando não haver um padrão de beleza a ser seguido. A referência deve ser sempre o corpo dela e todo o seu conjunto. Algumas características são próprias da região e não podem ser alteradas”.

Especialista em transtornos da imagem, a psicóloga Flávia Teixeira enxerga o lado positivo de mexer com a libido e a autoestima feminina, mas fica receosa com propagandas que reforçam um jeito certo de ser. “E não pode virar uma exigência masculina! Não aceitar nossas marcas é não valorizar o que foi vivido, como se envelhecer fosse ligado apenas a uma perda”.

A artista múltipla Catharina Suleiman comanda um perfil no Instagram que exalta o feminino (@catharinasuleiman6) e observa que toda vez que a mulher sobe um degrau em suas conquistas de liberdade, autonomia e sexualidade, sobem também as exigências dos padrões de beleza: “Parece um looping infinito que nos mantêm ocupadas e cada vez mais longe dos nossos objetivos e sonhos. Precisar é uma coisa, mas se submeter somente por estética me parece morder mais uma vez a isca da ditadura da beleza”. Com um trabalho de montagens com flores representando órgãos sexuais feminino (veja aqui ao lado), ela brinca com o trocadilho: “Vulva la revolución!”

Com informações de O Globo


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