O candidato ao Governo do Estado pela oposição já está praticamente definido. Será o deputado Federal Benes Leocádio. A dúvida é saber quem será o candidato a senador pelo grupo oposicionista. Dois nomes estão disputando internamente a vaga: O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho e o ministro das Comunicações, Fábio Faria. Quem ganha essa disputa?
Na verdade, a escolha não dependerá de nenhuma liderança local. A definição virá do presidente da República, Jair Bolsonaro, chefe dos dois postulantes.
Rogério Marinho comanda um ministério que dispõe de verba generosa para distribuir com Estados e municípios em forma de obras, que dão visibilidade e retorno político. Tem amizade com o presidente e se transformou em um coringa dentro do Governo.
Já desempenhou funções e papéis que poucos teriam a coragem para fazê-lo. Sua força junto ao presidente pode ser medida pelo fato de Rogério ter enfrentado mais de uma vez o todo poderoso ministro Paulo Guedes, da Economia, e ter permanecido no cargo. Quem conhece Bolsonaro, afirma que qualquer outro teria sido exonerado sem direito a afago particular. Rogério permaneceu e se fortaleceu ainda mais. Ele dá o que o presidente precisa: Obra para visitar e inaugurar, gerando fotos e vídeos de realizações.
Fábio Faria também tem muita força junto ao presidente. Bolsonaro desenterrou um ministério para que ele pudesse ser ministro. O filho de Robinson cultivou amizade com o presidente e também com seus filhos.
Sua força vem do fato de ser casado com uma filha de Sílvio Santos, dono do SBT, que colocou sua emissora de TV à disposição do Governo.
No aspecto administrativo, comemora a chegada da tecnologia 5G ao Brasil, que agrada ao presidente e estabelece um marco nas comunicações no País. Se desgastou nas redes sociais para defender o presidente e agradar ao chefe, mesmo se submetendo a situações constrangedoras e até ridículas. Marcou seu território na família presidencial.
Cada um tem sua força junto ao presidente Bolsonaro. A medida exata do peso de cada um não é possível saber ainda. Na verdade, essa disputa não é algo que agrade ao presidente.
Mas vai chegar o momento em que ele terá que fazer uma escolha entre Fábio Faria e Rogério Marinho.
Aparentemente, ele sinaliza mais para Rogério. Mas a força da amizade de Fábio com os filhos pesa e muito na decisão final.
Caso Bolsonaro decida por apoiar a candidatura de Rogério para o Senado, Fábio Faria seria candidato a deputado Federal? Ele tem dito que não. Sua única opção é o Senado. Situação complicada.
O presidente pode buscar uma saída que não está nos planos de nenhum dos dois no momento. Ele pode exigir que Rogério seja o candidato a governador e Fábio seria o candidato a senador.
Decisão improvável. Mas não impossível.
O fato é que Bolsonaro decide e determina a posição de Rogério e de Fábio. Diferente de outras situações semelhantes de apoio de uma liderança nacional a aliados locais, que apenas sinalizam e sugerem um caminho, nesse caso é imperativo, sem muito direito a discussão.
Afinal, a vida política de Rogério Marinho e Fábio Faria não sobrevive sem o apoio e a estrutura do presidente Bolsonaro. É por isso que ele terá essa força de exigir, determinar e decidir.
Há ainda uma variável que é a aceitação popular. E pode pesar de forma fundamental na escolha.
Caso Rogério mostre, através de pesquisas confiáveis, que seu nome é mais viável eleitoralmente do que o de Fábio, a decisão poderá ficar mais fácil para o Planalto.
O contrário também se aplica. Caso Fábio Faria apresente números de aceitação mais satisfatórios, poderá conquistar o direito de ser o candidato do grupo.
É justamente por conta dessa indefinição interna, essa briga silenciosa de gigantes, que a oposição não vai apresentar sua chapa publicamente.
Por enquanto, apenas o nome de Benes Leocádio é posto e receberá, de forma ostensiva ou implícita, o apoio de líderes da oposição ao seu projeto de ser o candidato com a missão de derrotar Fátima Bezerra no pleito do próximo ano.