O almoço com amigos no restaurante O Mineiro, no centro de Natal, acabou em confusão, na última quinta (25), depois que Andrea Kátia Bezerra da Silva, professora da rede municipal de ensino, decidiu fazer a gentiliza de pagar uma refeição para um morador de rua, que passava pelo local.
“Estávamos eu e mais dois amigos professores numa mesa do lado de fora. O restaurante estava cheio. Se aproximou um morador de rua e perguntou: ‘a senhora poderia pagar um almoço pra mim?’. Achei uma coisa normal e disse ‘pago’ e falei ao garçom que o rapaz ia colocar o almoço dele”, relatou Andrea.
Porém, segundo a professora, mal entrou no restaurante para fazer o prato, já que no local cada cliente se serve no esquema de self service, e o morador de rua foi colocado para fora pelo proprietário.
“Eu fui lá e coloquei o morador de rua de volta na fila para que fizesse o próprio prato. Novamente, o dono tirou ele da fila e o proibiu de entrar. Ele estava no chão, do lado de fora, quando fui perguntar o que ouve. Ele disse que era morador de rua e que o dono não deixava ele entrar. Eu, então, fui falar com o dono do restaurante e perguntei o motivo do rapaz não poder entrar para colocar o próprio almoço, já que eu estava pagando. Questionei: qual o problema dele entrar no seu restaurante? O senhor está cometendo um crime sabia? O proprietário ainda tentou se justificar dizendo que era porque o rapaz estava sem máscara, mas eu arrumei uma pra ele”, conta Andrea que ficou na fila com o rapaz até que ele conseguisse se servir.
A professora diz que foi na hora de finalizar o prato e colocar a mistura que o dono do restaurante se exaltou, deixou o caixa e foi até o local onde o morador se servia.
“Para não ficar no restaurante, o morador fez uma quentinha bem cheia, que depois entendi que ele queria comer e levar para outra pessoa. O proprietário chegou revoltado e gritando pra humilhar o rapaz ‘tá vendo o jeito que ele bota?’. Tomou a concha do garçom e serviu o frango de um jeito que a gente não faz nem com animal”, denuncia Andrea, que pagou R$ 5 a mais do valor normalmente cobrado aos demais clientes pelo prato.
Depois da cena, o morador de rua foi embora e Andrea continuou a refeição com os amigos. Mas, depois de pagar as comandas e sair do local, o dono do restaurante gritou pedindo que o rapaz do grupo que pagou a conta voltasse porque a comanda do morador de rua não teria sido paga.
“Meu amigo disse que tinha pago e acabado de entregar a comanda. Ele ficou enlouquecido, começou a gritar e todo mundo notou o motivo. Eu disse: o senhor tá revoltado e inventando conversa porque uma pessoa de rua entrou no seu restaurante? Sua raiva todinha é essa? Que coisa feia, o senhor não é melhor do que ele em nada!”, revela Andrea.
Como o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte RN) também fica no centro da cidade, muitos professores costumam almoçar no local e a direção do Sindicato utiliza os serviços do restaurante sempre que há um evento que se estende por um maior tempo de duração. No entanto, depois do episódio, a direção do Sinte/RN anunciou que não vai mais solicitar mais refeições do local e comprar pedir almoço de outros restaurantes da região, quando necessário.
A professora denunciou o caso nas redes sociais. A Agência Saiba Mais entrou em contato com o proprietário do restaurante. O dono, que se identificou como Mineiro, negou a denúncia apresentada por Andrea e disse que o único problema foi o fato do rapaz estar sem máscara.
“Eu jamais faria isso, tenho que me defender”, comentou numa rápida conversa por telefone. Mineiro justificou que estava em horário de atendimento aos clientes e pediu que entrássemos em contato em outro horário.
Por Mirella Lopes/Saiba Mais