
Os chamados anos de chumbo da ditadura militar no Brasil é retomado em Mordaça – Histórias de Música e Censura em Tempos Autoritários, livro dos jornalistas e escritores João Pimentel e Zé McGill, que acaba de ser lançado pela editora Sonora.
Os autores pretendem fazer uma ponte entre o presente e o passado, na abordagem de fatos ligados à música, naquele período de obscurantismo, aos quais em Vai passar, clássico de sua obra, Chico Buarque de Holanda chamou de “Página infeliz de nossa história”.
Mordaça reúne em 335 páginas casos emblemáticos sobre o embate entre a música e a censura, a arte e o autoritarismo no Brasil. Recheado de histórias marcantes, surpreendentes, dramáticas e até engraçadas, mas narradas com uma linguagem leve, demonstram como os artistas foram perseguidos, mas também o que fizeram para burlar esses absurdos. “A história nos mostra que o maior inimigo de um governo autoritário é o pensamento. Por isso, os artistas, os verdadeiros artistas, são tão perseguidos conforme vemos neste livro”, observa Zé McGill. “Acredito, no entanto, como nos disse Gilberto Gil, que a seta do tempo aponta para a frente, apesar dos ‘guardas de fronteira'”, acrescenta.
Segundo os autores, foram necessários 3 anos para conseguir depoimentos dos autores das canções, pois tiveram que parar os trabalhos durante a pandemia.
Artistas como Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola tem suas canções retratadas no livro
Para ilustrar a capa do livro, foi escolhida a imagem de um cartaz empunhado por um jovem, que usava mordaça, durante manifestação em 1968, contra a censura. “Quando vimos a foto, na hora identificamos o desenho como sendo do Ziraldo, por seu traço inconfundível. O Antônio Pinto, filho do mestre, confirmou a autoria e, juntamente com as irmãs Daniela Thomas e Fabrizia Alves Pinto, cederam a imagem para a capa”, destaca João Pimentel.
Com informações do Correio Brasiliense