Realizar a I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária – FENAFES, programada para o período de 15 a 19 de junho no Centro de Convenções de Natal-RN, e reunir o máximo da diversidade da região, é uma das principais metas para o ano de 2022 dos estados que compõem a Câmara Técnica da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste e o Fórum dos Gestores e Gestoras da Agricultura Familiar do Nordeste. Em reunião presencial realizada na capital paraibana nesta quarta-feira (23), o secretário Alexandre Lima, titular da Secretaria do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte, assumiu a coordenação desses importantes espaços de discussão que visam a unificação das ações em prol do fortalecimento da agricultura familiar na região.
O gestor potiguar avaliou positivamente o encontro realizado no Nord Luxxor Hotel, em João Pessoa, oportunidade em que foram apresentados todos os detalhes acerca da realização do evento que está sendo aclamado como A Grande Festa da Colheita. “Será uma excelente oportunidade para os agricultores e as agricultoras familiares de todo Nordeste apresentarem e venderem seus produtos durante quase uma semana, num espaço estratégico e muito especial, com vista para o Morro do Careca, um dos cartões postais mais famosos do Nordeste. A feira será uma grande vitrine que a agricultura familiar merece”, declarou o secretário.
Alexandre reforçou que é necessária a participação e a presença de representantes dos nove estados nordestinos, para que o evento tenha visibilidade e gere perspectivas de crescimento e valorização ao setor, responsável por produzir mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa das famílias brasileiras. “Teremos espaços para que os estados mostrem os seus produtos, suas experiências exitosas, e ainda teremos encontros, seminários, comidas típicas, forró pé de serra e vários outros atrativos, tudo com o objetivo de mostrar que a agricultura familiar é pujante e necessária”, pontuou.
O anfitrião do evento, Bivar Duda, titular da Secretaria da Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido da Paraíba (Seafds), considerou que a participação de secretários e secretárias e demais gestores (as) estaduais, além de representantes dos movimentos sociais e de órgãos parceiros que fomentam o desenvolvimento da agricultura familiar na região Nordeste, reforça a importância e a relevância em discutir a pauta da agricultura familiar diariamente. “Aqui na Paraíba estamos realizando projetos que incluem as famílias agricultoras e percebo que é o melhor caminho. Neste sentido, quero externar a alegria em estar junto a todos e todas vocês, encaminhando novos rumos para agricultura familiar da nossa região”, pontuou.
Além da representação potiguar e paraibana, marcaram presença os estados do Piauí – secretárias Patrícia Vasconcellos (SEAF), Ceará, com a secretária Ana Teresa (DAS), e Alagoas, representado por Luciano Patrício Nascimento, superintendente de Inclusão Produtiva e a chefe de gabinete Anne Liracy Canuto. Dentre as sugestões para a I FENAFES, as gestoras presentes afirmaram e o Fórum acatou que a participação de mulheres deve ser pensada como estratégia de mobilização, visto que existe um número cada vez mais expressivo de mulheres no campo.
Os nove estados nordestinos estão sintonizados no sentido de que o fortalecimento da agricultura familiar está diretamente ligado à produção de alimentos saudáveis, tendo como principal consequência o aumento do nível de qualidade de vida da população. Na abertura do Fórum, em modo virtual, o secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, foi enfático quanto à importância das políticas públicas que valorizem toda a cadeia produtiva e os modos de produção característicos da região.
“A agricultura familiar é uma atividade que atende a uma vocação de uma parte da sociedade. Lá do interior de São Paulo, de onde eu vim, tem muitas pessoas que não querem fazer outra coisa na vida, porque elas são vocacionados para isso. Não podemos admitir que essa atividade seja associada ao ‘coitadismo’. Temos que começar a reivindicar grande, a planejar grande, a pensar grande”, disparou o ex-ministro Gabas. Ele se refere ao fato de que a grande maioria das pessoas que atuam nos pomares e nas lavouras têm afinidade com a terra, e não estão no campo simplesmente por falta de opção de trabalho. “Os trabalhadores e as trabalhadoras rurais amam o que fazem e deveriam ser muito mais respeitados e valorizados por alimentarem a sociedade. Merecem qualidade de vida, merecem conforto”, pontuou.
Também em modo virtual, o professor cearense João Paulo (UFC) fez um breve histórico sobre os modos de produção camponesa e o ideal a ser conquistado para fortalecer a economia rural. “Como a gente pode sair do modelo atual, que não gera desenvolvimento, e chegar a esse modelo de agricultura familiar ideal, que é o modelo francês? Que a gente possa pensar isso com novas estruturas. Pensar grande, planejar grande, reivindicar grande, como disse Gabas, não deve ser como uma reação, mas uma criação”, opinou.
Após duas edições em modo virtual, o Fórum dos Gestores e Gestoras da Agricultura Familiar contou ainda com a presença de Maria Fernanda Coelho e Diego Pessoa (Consórcio Nordeste), Reginaldo Alves e Célia Watanabe (Câmara Temática da Agricultura Familiar), Geovanni Medeiros e Erasmo Araújo (Seafds-PB), Gabrielly Peixoto (Sedraf-RN), Nivaldo Magalhães (Asbraer e Empaer-PB), Antônio Amorim (Emater-CE), Claus Reiner e Hardi Vieira (FIDA), Maria Josana de Lima e João Santos da Silva (Contraf), Marcelo José Braga (Projeto AKSAAM), Paulo Pedro de Carvalho (ASA), Aristides Veras (Contag), Dilei Aparecida e Jaime Amorim (MST), Francisco Oliveira, Márcia Dorneles e Ubiramar Bispo de Souza (Dieese).