O período de carnaval, marcado pelos blocos, fantasias, confetes e serpentina deixando o rastro dos foliões por onde passam, é sinônimo também de muito trabalho para quem lida na confecção de adereços, tornando este momento um boom nos negócios e nos lucros. Para o artista plástico e aderecista Carlos Sérgio Borges, tudo vai além. Para ele, este é um momento de muita satisfação pessoal e profissional. “É muito trabalho, é muita dedicação, e quando a gente faz a coisa com amor, esse trabalho se torna prazer. Então, é uma coisa que não me cansa, me descansa, porque eu sou muito dedicado ao meu trabalho, a arte em geral, e porque cada coisa também não é só colar, é um desenho, é uma combinação de cores, é o formato perfeito de colocar a pluma. Tudo isso é muito relaxante para mim. E é a minha vida, desde que eu nasci eu sou envolvido com arte”.
A paixão pelo carnaval esteja atrelada também à sua infância, aos 13 anos ele desfiou sacos de tecidos que eram de feijão para transformar em saias para brincar com os amigos na rua.
Desde outubro do ano passado, o artista se prepara para o carnaval pesquisando tendências para suas peças, comprando produtos e confeccionando os mais variados itens, como tiaras, broches, reisados, dentre outros. “Eu tenho muitas clientes fixas, que adoram o meu trabalho. Aí, no tempo de carnaval não dá para repetir, tem que ter novidade. As pessoas gostam do meu trabalho, vê que tem inovação, que tem qualidade, que é bom gosto no sentido de coisas boas, não é para você botar na cabeça, cair ou quebrar, não. Tem gente que até coleciona as peças. Ano passado, eu usei muitas flores e orquídeas e usei menos pluma. Esse ano eu estou usando rosas com bordado e lantejoula e as penas de galo, que é um sucesso no Rio e em São Paulo, eu trouxe muitas coisas de São Paulo para Natal”.
A arte pulsante do artista multifacetado
O ateliê amarelo localizado na rua Santo Antônio, n° 704, nas proximidades da Igreja do Galo, na Cidade Alta, o local charmoso é uma aquisição que, segundo ele, sempre faz parte de um sonho, realizado há 5 anos.
Durante a entrevista do Diário do RN, Carlos Sérgio a todo momento estava imerso em sua própria arte, fazendo colagens de pedrarias, relatando seus primeiros passos na arte. “Meu pai não gostava muito de quando eu pintava, dizia que não era ‘coisa de homem’. Mas quando os amigos dele começaram a gostar do meu trabalho, elogiar, ele me disse que eu podia pintar, mas bois e vacas, que era desenho de homem”, recorda e acrescenta que, em meio à sua arte pulsante, desde a infância nunca houve limites para suas cores e criatividades, desenhando na escola, fazendo as lancheiras de aniversários dos coleguinhas do bairro, desde muito cedo, a arte se fez presente em sua vida e o segue até hoje.
Carlos Sérgio também é cenógrafo, artista plástico e também enveredou pelo segmento da escrita com seu livro de pensamentos, amores e experiências únicas, lançado no ano passado ‘As Cores do Amor’, que também faz parte de sua arte, que se expande de várias formas, até mesmo em seu ateliê colorido e cheio de peças, pintadas, confeccionadas e reaproveitadas por ele, como um convite a conhecer sua criatividade, algo que o impulsiona a produzir diariamente, dentro e fora do ateliê. “A arte é a minha vida, é o que me sustenta, o que me dá alegria, tesão, paz, não sei o que seria da minha vida se não fosse a arte”.