Desde meados da década de 1970 que o governo federal decidiu investir no município de Macau para consolidar uma unidade fabril que iria proporcionar a fabricação de barrilha, resultado da química entre o sal marinho e o calcário.
Para isso, o governo federal criou a Álcalis do Rio Grande do Norte – ALCANORTE, uma subsidiária da Companhia Nacional de Álcalis, sediada em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. A previsão era de que a Alcanorte viesse a produzir cerca de 300 mil toneladas de barrilha/ano e para isso toda uma estrutura foi montada para viabilizar essa unidade fabril, associando o sal marinho ao calcário existente no município.
Antevendo o funcionamento da unidade industrial, a Alcanorte construiu a sua chamada Vila Industrial, com mais de 220 residências que abrigaria seus funcionários, a partir do mais simples servidor ao mais graduado dos técnicos de nível superior e para isso foram construídas essas residências.
GOVERNADORA FÁTIMA MANTÊM PROMESSA E VAI DESAPROPRIAR AS CASAS DA VILA DA ALCANORTE
O tempo passou, a estatal se transformou em empresa privada e posteriormente voltou à condição de estatal, sem nunca ter produzido uma só tonelada de barrilha. Daí pra frente foi um pesadelo. Em 1984, contrariando as recomendações dos demais dirigentes da Alcanorte, o então presidente Otomar Lopes Cardoso decidiu ceder, por aluguel simbólico, as residências da Vila Industrial, até então sem qualquer serventia, à população macauense. Sob a contestação dos demais diretores, Otomar autorizou fazer um estudo social para abrigar os futuros moradores da Vila Industrial da Alcanorte. E assim foi feito.
Cada um dos inquilinos, principalmente das Vilas D e E, das casas mais simplórias, mesmo pagando com dificuldade um aluguel simbólico, aguardavam o desfecho que pudesse ser oferecido pela direção da empresa, até que a mesma foi decretada em estado de falência. Até então, vários governantes estaduais prometeram solução para os ocupantes das casas da Alcanorte, sem que nenhum tivesse efetuado algo concreto. Mais de 35 anos se passaram, até que o então Procurador do Estado, Francisco Sales mostrou a alternativa para que a governadora Fátima Bezerra oficializasse a doação daqueles imóveis aos residentes, em estado de vulnerabilidade. O procurador Sales, da mesma forma que em outra ocasião, conseguiu oficializar a doação do terreno Barro Preto a um grupo de pescadores, também teve importante papel na desapropriação das unidades residenciais das Vilas D e E da Alcanorte às famílias atualmente residentes.
VENDA DA ALCANORTE PARA GRUPO PRIVADO CRIA EXPECTATIVA EM MORADORES DA VILA INDUSTRIAL EM MACAU
Estudo feito, processo em andamento, apreciado pelo Conselho de Gestão Patrimonial do Estado, a governadora Fátima Bezerra foi até a comunidade nesta sexta-feira, 20, para oficializar que 159 famílias residentes na Vila da Alcanorte irão ter o direito de consolidar o sonho de ter o imóvel como a sua propriedade. Para isso, o governo do estado vai desembolsar o valor de R$ 3 milhões para indenizar o atual proprietário que é a Fertway. E, assim, a governadora Fátima Bezerra consolida um sonho de 35 anos vivido por esses moradores.