Styvenson afirma que assumirá o comando do partido; atual presidente diz que não foi informado sobre a decisão
Por Alessandra Bernardo
O senador Styvenson Valentim assumirá a presidência do Podemos no Rio Grande do Norte nas próximas semanas. Ele afirmou que solicitou o comando da legenda no Estado à presidente nacional do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP), durante conversa nesta quarta-feira (23) e que assumirá o cargo após entendimentos burocráticos, como a questão do Fundo Partidário, por exemplo. No entanto, o atual presidente estadual do Podemos, advogado Felipe Madruga, se mostrou surpreso com a revelação e afirmou que Styvenson não o procurou para falar sobre o tema, tampouco comentou sua decisão de reaver a presidência do partido. “Não estou sabendo. Ele nem falou nada comigo”, disse.
Para Styvenson, assumir a presidência do Podemos é algo natural e previsível, após sua candidatura ao governo do Estado nas Eleições 2022, em que ficou em terceiro lugar, com 307,3 mil votos. Ele disse ainda que pretende disputar novamente as próximas eleições estaduais, mas, desta vez, “vou utilizar todas as armas que os outros usam. Terei mudanças no meu comportamento. Vou usar tempo de TV, tempo de rádio, começar a fazer divulgação parlamentar. Tenho que quebrar essa timidez, essa repulsa de usar o dinheiro público”, disse.
O Podemos, que incorporou o Partido Social Cristão (PSC) após acordo entre as executivas nacionais dos dois partidos, ampliará sua bancada no Congresso Nacional, passará a contar com 18 deputados federais e sete senadores e adotará o número 20 nas urnas eletrônicas. O motivo principal da incorporação é aumentar o acesso ao Fundo Partidário e driblar a cláusula de desempenho para o PSC, que elegeu seis deputados e um senador nas Eleições 2022.
O senador, único integrante do Podemos/RN que possui cargo público, disse que a incorporação é um processo tranquilo e que as duas bancadas são alinhadas dentro do Congresso Nacional.
“Vamos avaliar como ficará o relacionamento em cada estado, já que é uma grande mudança política. E além de aumentar a bancada federal do Podemos, há ainda a possibilidade de formar uma federação com o PSDB, o que aumentaria ainda mais nossa base. Precisamos avaliar tudo, até porque o PSDB já possui federação com o Cidadania. Fora isso, manterei minhas características e valores, minha forma de ver e de fazer política”, garantiu.
No Rio Grande do Norte, o Podemos tem como principal filiado o senador Styvenson Valentim, que disputou o governo do Estado no pleito de outubro passado e terminou em 3º lugar. Já o PSC tem como presidente Júnior Melo. A convenção nacional será realizada no próximo dia 8 de dezembro, quando será oficializada a incorporação.
Em nota oficial, os dois partidos afirmaram que a incorporação nasce comprometida “com o Estado Democrático de Direito”, “o fortalecimento do pacto federativo”, “a harmonia entre os poderes” e o “desenvolvimento econômico voltado à inclusão social. Além disso, os parlamentares terão maior protagonismo dentro do Congresso Nacional, podendo pleitear a presidência de comissões, ter mais membros titulares, participar da Mesa Diretora e suplência, ter estrutura de liderança e mais tempo de fala no plenário.
INCORPORAÇÃO X FUSÃO
Felipe Madruga disse que, na incorporação – diferente da fusão, que ocorreu quando o Democratas (Dem) e o Partido Social Liberal (PSL) se fundiram para formar o União Brasil em 2021 -, os integrantes do PSC “se mudarão” para o Podemos, extinguindo assim a sigla. E que também que esta não será a primeira vez que o Podemos incorpora outra legenda.
“O PSC deixa de existir e o Podemos permanece. Vamos conversar com as pessoas que faziam parte do PSC no RN, para encaminhamentos. Não tem disputa por comando partidário. Esta é a segunda vez que o Podemos faz uma incorporação, antes foi com o PHS (Partido Humanista da Solidariedade) em 2019”, explicou.