Uma empresa sem funcionários e sediada em uma caixa postal dentro de escritório virtual foi contratada por R$ 3,6 milhões pela Secretaria Especial de Cultura do governo federal, chefiada por Mario Frias.
O acordo firmado é para conservação e manutenção do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), um edifício da União que reúne relíquias do cinema nacional em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.
A Construtora Imperial Eireli, da Paraíba, foi aberta em maio de 2019 e pertence a Danielle Nunes de Araújo que, no início do ano passado, teria se inscrito no programa de auxílio emergencial do governo para receber o benefício que ajudou pobres durante a pandemia de Covid-19. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo Metrópoles.
A contratação da Construtora Imperial foi anunciada por Mario Frias em novembro. Para fechar o acordo, o secretario da Cultura assinou uma portaria que dispensa licitação. A empresa será responsável por recuperar o CTAv, que hoje corre risco de incêndio e desabamento.
Segundo levantamento do Globo, com base em dados do Ministério da Economia, a Construtora Imperial não registrou nenhum funcionário em sua última declaração da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), entregue em 2019, ano em que foi fundada.
Ao ser questionada pelo jornal, Danielle declarou que o contrato era para “demolir e reconstruir um prédio lá no Rio”. Entretanto, o edital de contratação da Secretaria Especial de Cultura não estabelece “demolição” do prédio. O documento diz que o objetivo é contratar “serviços técnicos especializados na área de engenharia para manutenção preventiva, corretiva, conservação predial e arquitetônica”.
O Metrópoles entrou em contato com a secretaria e a construtora, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto.
Por Metrópoles