“O comando partiu dele. O cerco está se fechando”, afirmou o deputado federal Fernando Mineiro (PT), ao confirmar acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) possui envolvimento direto na tentativa de invasão e fraude às urnas eletrônicas e ao sistema informatizado do Poder Judiciário em 2022. Para o parlamentar, a operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira (2), que resultou em mandados de busca e apreensão no apartamento e no gabinete da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e na prisão do hacker Walter Delgatti, são essenciais para se chegar ao nome de Jair Messias Bolsonaro como o mentor intelectual dos crimes.
“Acho que já se tem evidências e provas mais do que suficientes não só envolvimento do ex-presidente, mas do papel de mentor que ele exerceu nas tentativas de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. O comando partiu dele. O hacker Walter Delgatti, preso pela PF, confirmou que Bolsonaro, em reunião intermediada por Carla Zambelli, perguntou se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas”, disse.
Para Mineiro, os apoiadores e parlamentares da base de apoio do ex-presidente seguem uma espécie de roteiro, planejamento ao espalharem desinformações e notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, o sistema nacional de justiça e a democracia. Para ele, “é bem possível que os bolsonaristas do Rio Grande do Norte também estejam incluídos no trabalho de descredibilização dos poderes no país. Os bolsonaristas agem sob ‘ordem unida’. Propagam mentiras de forma articulada”, disse.
O parlamentar comemorou o resultado da operação da Polícia Federal, que investiga Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro e o hacker Delgatti, que ficou conhecido pelo acesso de mensagens da Operação Lava Jato. Ambos são suspeitos de atuarem em uma trama que mirava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes. “O cerco está se fechando”, celebrou Mineiro.
A ação resultou na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão. Delgatti já havia confessado participação no crime em 20 de junho, quando detalhou o modo de agir e indicou outros que teriam envolvimento com os fatos. Na ocasião, ele afirmou que o objetivo dos bolsonaristas era demonstrar as vulnerabilidades do sistema judiciário brasileiro, como forma de desacreditar o sistema eletrônico de votação.
As investigações da Polícia Federal descobriram ainda, conforme a Folha, que assessores de fizeram pagamentos via Pix para Delgatti, que somam R$ 13,5 mil e foram identificados nos extratos bancários do hacker, e que os repasses teriam sido feitos para que ele tentasse fraudar as urnas eletrônicas e invadisse as contas do ministro Alexandre de Moraes. Há a suspeita ainda de que possam ter sido efetuados outros pagamentos em dinheiro vivo, para despistar a polícia.