Enquanto oposição reage negativamente, deputados bolsonaristas preferem manter o silêncio sobre ação oficial
Por Alessandra Bernardo
A suspensão da Operação Carro-Pipa, que leva água potável ao semiárido nordestino há mais de 20 anos, pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), gerou forte comoção entre os políticos potiguares de oposição. A estimativa é que, no Rio Grande do Norte, mais de 61 mil pessoas em 45 municípios sejam diretamente prejudicadas pela ação do governo federal, conforme dados do Exército, que coordena a ação. A medida foi anunciada após o resultado do segundo turno, em que Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por falta de verbas para a continuidade, conforme o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
O vice-governador eleito, deputado federal Walter Alves (PT), se mostrou bastante preocupado com a suspensão do fornecimento de água não apenas para o Estado, mas todo o Nordeste brasileiro, prejudicando aproximadamente 1,6 milhão de nordestinos em 468 municípios. Ele disse ver o caso com profunda preocupação, já que medida afetará drasticamente o abastecimento para as residências e também áreas de irrigação e agricultura no interior do Rio Grande do Norte.
“Recebi com bastante preocupação a informação sobre o corte de verbas da Operação Carro-Pipa no Nordeste. A manutenção do programa é essencial para a vida de milhares de pessoas. Espero que o Governo Federal reavalie esse corte urgentemente. O acesso à água é uma questão proprietária e deve ser respeitada”, afirmou Walter.
A deputada federal reeleita Natália Bonavides (PT) classificou a suspensão como um ato de desumanidade da atual gestão federal. “Governo Bolsonaro corta verba da Operação Carro Pipa, programa histórico de distribuição de água no semiárido nordestino, e mais de 1,6 milhão de pessoas estão sem água para beber! Enquanto isso o presidente derrotado segue escondido e sem trabalhar”, desabafou.
Para o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Francisco do PT, a decisão do governo federal é inadmissível e representa a maneira como o presidente Bolsonaro trata o Nordeste, que “nunca foi prioridade para ele”. “A suspensão da Operação Carro Pipa, pós eleição, deixa sem água a população rural do semiárido brasileiro. Os agricultores do Rio Grande do Norte estão penalizados pela ‘falta’ de orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro. Entrei com requerimento na Assembleia”, disse.
BOLSONARISTAS CALADOS
Enquanto os parlamentares de oposição ao governo federal reagiram com preocupação ao corte das verbas públicas para a manutenção da Operação Carro- -Pipa, os deputados da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro preferiram o silêncio. A reportagem do Diário do RN procurou os deputados federais Benes Leocádio (União Brasil), Beto Rosado (PP), Carla Dickson (União Brasil), General Girão (PL) e João Maia (PL), além do senador eleito Rogério Marinho (PL) para falarem sobre o caso, mas nenhum deles respondeu.
A assessoria de imprensa de Girão informou que o deputado estava cumprindo agenda política em Brasília e não retornou o questionamento feito pelo Diário até o fechamento desta edição. Os demais, contatados pessoalmente, não retornaram o contato desde a tarde desta quarta-feira (23).